Saúde mental e pandemia de covid-19: um estudo de caso em unidade de saúde de um município paulista

Abstract

Entre março de 2020 e maio de 2023, o mundo atravessou a pandemia de covid-19, resultando em milhões de mortes e perdas em diversos níveis. O impacto a nível de sofrimento psíquico repercutiu em todo o sistema de saúde brasileiro, incluindo os cuidados primários. Diante disto, se pretendeu compreender quanti e qualitativamente como este cenário afetou a saúde mental no nível de Atenção Primária do Sistema Único de Saúde, interrogando quais as demandas encontradas e as formas de cuidados prestadas. No contexto de um centro de saúde escola, se utilizaram como métodos um grupo focal com trabalhadores, bem como estudo de caso com dados coletados em prontuários. Se pode compreender que houve um aumento significativo no sofrimento psíquico, com destaque para a ansiedade, o luto e as sensações de isolamento e incerteza, afetando tanto usuários quanto trabalhadores. A impossibilidade de grupalização das demandas dificultou o trabalho, levando a adoção de intervenções individuais e teleatendimentos. Além disso, o movimento negacionista, fortalecido por lideranças políticas teve repercussões no dia a dia do serviço de saúde. Aponta-se como desafios a retomada do senso de coletividade e de crença na ciência.

Between March 2020 and May 2023, the world experienced the covid-19 pandemic, resulting in millions of deaths and losses on multiple levels. The impact on mental health was felt throughout the Brazilian healthcare system, including primary care. In light of this, the study aimed to quantitatively and qualitatively understand how this scenario affected mental health within the Primary Care level of the Unified Health System, investigating the demands encountered and the forms of care provided. Within the context of a School Health Center, the methods used included a focus group with workers and a case study with data collected from medical records. It was observed that there was a significant increase in mental suffering, particularly regarding anxiety, grief, and feelings of isolation and uncertainty, affecting both users and healthcare workers. The inability to address these demands collectively hindered the work, leading to the adoption of individual interventions and teleconsultations. Moreover, the denialist movement, strengthened by political leadership, had repercussions on the daily operations of the health service. The study highlights the challenges of restoring a sense of collectivity and trust in science.