Tratamento cirúrgico de doença do disco intervertebral cervical em um cão spitz: relato de caso

Abstract

A doença do disco intervertebral (DDIV) é a afecção medular mais comum em cães, tendo causa degenerativa. A degeneração do disco é classificada em Hansen tipo I e II, sendo que Hansen tipo I costuma ocorrer em cães de raças pequenas, geralmente condrodistróficas, com mais de 2 anos, com pico entre 3 a 6 anos nessas raças e início agudo. Por outro lado, Hansen tipo II apresenta-se de forma crônica, afetando principalmente raças grandes e não condrodistróficas com 5 anos ou mais. Apesar do tipo II ocorrer mais em cães não condrodistróficos, as extrusões tipo I são mais frequentes em todos os grupos de cães. Em cães de raças pequenas, a coluna cervical cranial é o local mais acometido por extrusões discais, gerando quadro com sinais de gravidade variável, podendo incluir dor, tetraparesia ou plegia, ataxia, perda de propriocepção, alterações dos reflexos espinhais, entre outros. O diagnóstico é baseado no histórico, sinais clínicos, e exames de imagem da coluna, sendo o raio-x um exame de triagem que pode descartar outras doenças e apresentar indícios de hérnia discal, porém a ressonância magnética é o exame mais sensível para detectar esse tipo de alteração. O tratamento conservativo com anti-inflamatórios, analgésicos, repouso e técnicas complementares, como acupuntura e fisioterapia é possível, porém em alguns casos é necessária cirurgia para remoção do material discal e descompressão medular. O slot ventral é a principal técnica de acesso à medula cervical ventral podendo ser 5 associado à fenestração de outros discos para prevenção ou tratamento desta afecção, porém existe risco de complicações como hemorragia, instabilidade intervertebral, hipotensão e apneia, independente da associação. Embora o tratamento cirúrgico tenha altas taxas de sucesso, sua indicação deve ser cuidadosa, levando em consideração fatores como a severidade do quadro, grau de compressão e resposta ao tratamento clínico, sendo que o prognóstico nos casos de DDIV depende de fatores como a gravidade dos sinais clínicos e presença de dor profunda. O presente estudo objetiva relatar o caso clínico de um cão, de raça spitz, com 8 anos, apresentando quadro de DDIV cervical, com crises intensas de dor, destacando o manejo clínico e cirúrgico, diagnóstico e recuperação.

Intervertebral disc disease (IVDD) is the most common spinal condition in dogs, having a degenerative cause. Disc degeneration is classified as Hansen type I, II. Hansen type I typically occurs in small breeds, especially chondrodystrophic dogs over 2 years old, peaking between 3 and 6 years, with an acute onset. On the other hand, Hansen type II presents gradually and chronically, mainly affecting large, non-chondrodystrophic breeds aged 5 years or older. Although type II occurs more often in non-chondrodystrophic dogs, type I extrusions are the most frequent across all groups. In small breeds, the cranial cervical spine is the most commonly affected region, leading to clinical signs of varying severity, including pain, tetraparesis or tetraplegia, ataxia, proprioceptive deficits, altered spinal reflexes, among others. Diagnosis is based on history, clinical signs, and spinal imaging. Radiography can serve as a screening tool to rule out other conditions and suggest disc herniation, however, 6 magnetic resonance imaging (MRI) is the most sensitive exam for detecting such changes. Conservative treatment with anti-inflammatory drugs, analgesics, rest, and complementary techniques such as acupuncture and physiotherapy is possible, however, in some cases, surgery to remove disc material and decompress the spinal cord is required. Ventral slot is the main technique for accessing the ventral cervical spine and can be combined with fenestration of other discs for prevention or treatment. However, complications such as hemorrhage, intervertebral instability, hypotension, and apnea may occur regardless of the combination. Although surgical treatment has high success rates, its indication must be carefully evaluated, considering factors such as disease severity, degree of compression, and response to clinical treatment. Prognosis in IVDD cases depends on the severity of clinical signs and the presence of deep pain perception. This study aims to report the clinical case of an 8-year-old Spitz dog presenting cervical IVDD with intense pain episodes, highlighting clinical and surgical management, diagnosis, and recovery.