Pedagogia do cinema: autoetnografia de uma professora de ciências

Abstract

Esta tese tem como objetivo desenvolver uma autoetnografia sobre o uso da linguagem cinematográfica no ensino de ciências, propondo diretrizes para a integração do cinema em todas as etapas de sua produção — desde a concepção do roteiro até a edição final do filme — como possibilidade pedagógica no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A pesquisa nasce da prática de uma professora de Biologia em uma escola pública paulista, atravessada por vivências pessoais e profissionais com o cinema, e se sustenta na escrita de um caderno de campo mantido durante seis meses de aulas. Esses registros foram posteriormente transformados em roteiros cinematográficos, acionando memórias e afetos que, articulados à revisão bibliográfica e à análise de teses e dissertações sobre o tema, compõem a base empírica e teórica da investigação. A tese reconhece os atravessamentos da colonialidade nas formas hegemônicas de ensinar, produzir e consumir cinema, e propõe a valorização da linguagem audiovisual como campo legítimo de conhecimento, expressão e formação docente. Ao assumir o cinema como linguagem viva — estética, política e sensível —, a pesquisa defende que o processo de formação docente pode (e deve) acontecer também na prática, no improviso, na escuta e na criação compartilhada.

This dissertation aims to develop an autoethnography on the use of cinematographic language in science education, proposing guidelines for integrating cinema into all stages of its production — from script conception to final film editing — as a pedagogical possibility within the context of Youth and Adult Education (EJA). The research emerges from the practice of a Biology teacher in a public school in São Paulo, shaped by personal and professional experiences with cinema, and is grounded in the writing of a field journal kept over six months of classes. These records were later transformed into film scripts, activating memories and affections that, when articulated with the literature review and the analysis of theses and dissertations on the subject, compose the empirical and theoretical foundation of the investigation. The dissertation acknowledges the influences of coloniality in the hegemonic ways of teaching, producing, and consuming cinema, and advocates for the appreciation of audiovisual language as a legitimate field of knowledge, expression, and teacher education. By embracing cinema as a living language — aesthetic, political, and sensitive — the research argues that teacher education can (and should) also take place through practice, improvisation, listening, and shared creation.