Avaliação do potencial de sequestro e estoque de carbono em diferentes cenários de gerenciamento de uso e ocupação do solo em manguezais na Baixada Santista

Abstract

Os manguezais, habitats costeiros que apresentam diversos serviços ecossistêmicos, são importantes sequestradores de dióxido de carbono (CO2), sequestrando até 40 vezes mais carbono que outros ecossistemas terrestres. Entretanto, por meio de vários vetores de pressão, principalmente de natureza antrópica, são fortemente impactados e degradados. O presente estudo visa modelar e compreender a variação espaço-temporal de emissão, estoque e sequestro de carbono nos 9 municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista sob três diferentes cenários de manejo (conservação, restauração e alteração). Para isso, realizou-se os cálculos a partir do modelo InVEST Coastal Blue Carbon, utilizando como dados de entrada mapas de uso e ocupação do solo adquiridos na plataforma MapBiomas e processados no software Qgis. Como resultado, temos que o período com as maiores taxas de emissões foi entre 2001 e 2011, devido à conversão por área urbana, um ano antes da inserção dos manguezais como Áreas de Preservação Permanente (APP) no território brasileiro. Como esperado, os municípios que mais apresentam áreas de mangue são também os que mais sequestraram carbono, sendo eles Santos, São Vicente e Cubatão. Com base nos nossos resultados, foi demonstrado que a restauração dos manguezais em áreas que atualmente são ocupadas por palafitas, pode contribuir substancialmente com o aumento do sequestro de carbono. Em contrapartida, caso a expansão urbana de áreas de palafitas avance, é esperado que as taxas de emissão de carbono aumentem com a destruição dos manguezais na região. Os resultados deste estudo podem subsidiar políticas que permitirão conservar e recuperar a biodiversidade, as funções biogeoquímicas e o valor econômico dos manguezais, concomitantemente contribuindo para atingir metas relacionadas à Década do Oceano e ao Acordo de Paris, assim como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Mangroves are coastal habitats that provide several ecosystem services. These ecosystems are important carbon sinks, which can capture up to 40 times more carbon than other terrestrial ecosystems. However, they have been heavily impacted and degraded through different factors, including by anthropogenic factors, such as uncontrolled urban expansion. This study aims to model and evaluate the potential spatiotemporal variation in carbon emission, storage, and sequestration in the nine councils of the Baixada Santista Metropolitan Region under three different management scenarios (conservation, restoration and alteration). The calculations were performed using the InVEST Coastal Blue Carbon model, with LULC maps obtained from the MapBiomas platform as input data and processed in the QGIS software. We found that the period with the highest emission rates was between 2001 and 2011, due to urban area conversion. This also aligns with the fact that in 2010 mangroves were designated as "Permanent Preservation Areas" (APP) in Brazil. As expected, the councils with the largest mangrove areas (i.e., Santos, São Vicente, and Cubatão) are also the councils with highest blue carbon sequestration potential. Based on our results, it has been demonstrated that restoring mangroves in areas currently occupied by irregular occupation can significantly contribute to increased carbon sequestration. In contrast, if the irregular occupation of coastal areas increases its distribution, we expect that blue carbon emissions increase with the further degradation of mangroves in the region. Overall, our results can inform local policies that are likely to help conserve and restore the biodiversity, biogeochemical functions, and economic value of mangroves, while also contributing to achieving goals related to the UN Ocean Decade, the Paris Agreement, and the Sustainable Development Goals.