Publicação: O ácido docosahexaenóico interfere na resposta das células tumorais prostáticas à enzalutamida e ao olaparibe?
Data
2024-11-27
Autores
Orientador
Goés, Rejane Maira
Coorientador
Silva, Alana Della Torre da
Pós-graduação
Curso de graduação
São José do Rio Preto - IBILCE - Ciências Biológicas
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
Direito de acesso
Acesso restrito
Resumo
Resumo (português)
O câncer de próstata (CaP) é um grande problema de saúde pública, em especial o resistente à castração (CPRC), cujo tratamento ainda é desafiador. Evidências experimentais indicam que o consumo do ácido graxo polinsaturado tipo ômega-3 (ω-3) – ácido docosahexaenóico (DHA) - reduz o risco de CaP, mas essa questão ainda é controversa em estudos epidemiológicos. A ação antitumoral do DHA no CaP ocorre por múltiplos mecanismos, incluindo a modulação de vias de sinalização que estão desreguladas no CPRC, sugerindo seu possível uso como quimioprotetor. Contudo, sua ação combinada com os fármacos usados no tratamento do CPRC ainda é desconhecida. No presente estudo foi avaliado se o DHA interfere na resposta das células prostáticas tumorais resistentes à castração (22Rv1), aos antineoplásicos enzalutamida (ENZ) e olaparibe, (OLP), com ênfase na viabilidade, vias proliferativas e processos de morte celular regulada. Após 48h de tratamento, a sobrevivência das células 22Rv1 reduziu ~36% com a ENZ (30μM) e ~18% com o OLP (20μM), pelo método do MTS. Já pelo método de exclusão por Trypan Blue, o número de células viáveis reduziu ~58% com a ENZ, 59% com o OLP e ~30% com o DHA. Os experimentos de incubação conjunta indicaram que o DHA não afeta os efeitos citotóxicos causados pelo OLP, mas potencializa os causados pela ENZ. Análises de Western blotting mostraram que ambos os fármacos e o DHA reduziram a expressão da PI3K e da AKT fosforilada, indicando bloqueio dessa via de sinalização, sem variações nos grupos com exposição conjunta com DHA e aqueles com o fármaco isolado. Com relação aos indicadores de apoptose, a expressão de cPARP aumentou ~55% com o DHA, ~151% com a ENZ e ~92% com o OLP. De modo semelhante, o DHA e, em maior grau os fármacos, também aumentaram os níveis caspase-3 ativada, em relação ao controle. Nos experimentos de incubação conjunta, o DHA não afetou os níveis dos indicadores de apoptose induzidos pela ENZ, mas aumentou os níveis de cPARP, quando associado ao OLP. O Western blotting para os marcadores de morte celular tipo inflamatória e autofagia (piroptose - Gasdermina D- clivada; necroptose – pMLKL e autofagia - LC3B) indicou aumento da autofagia (DHA ~24%; ENZ ~55% e OLP ~47%) e diminuição na piroptose (DHA ~48%; ENZ ~80% e OLP ~80%) em todos os tratamentos isolados e da necroptose apenas com a ENZ. O DHA não afetou esses processos na incubação conjunta com o OLP, mas reduziu a necroptose e autofagia causados pela ENZ. Conclui-se que o DHA, nas condições aqui utilizadas, não afetou os efeitos citóxicos do OLP, mas potencializou os causados pela ENZ. Tal ação não foi devida a interferências na expressão do AR, ativação da via PI3K/AKT e indução de apoptose e, portanto, deve envolver outros mecanismos.
Resumo (inglês)
Prostate cancer (CaP) is a major public health problem, especially castration-resistant cancer (CRPC), whose treatment is still challenging. Experimental evidence indicates that consumption of the omega-3 (ω-3) polyunsaturated fatty acid - docosahexaenoic acid (DHA) - reduces the risk of PCa, but this issue is still controversial in epidemiological studies. The antitumor action of DHA in PCa occurs through multiple mechanisms, including the modulation of signaling pathways that are deregulated in CRPC, suggesting its possible use as a chemoprotector. However, its combined action with the drugs used to treat CRPC is still unknown. In the present study, we evaluated whether DHA interferes with the response of castration-resistant prostate tumor cells (22Rv1) to the antineoplastic drugs enzalutamide (ENZ) and olaparib (OLP), with an emphasis on viability, proliferative pathways and regulated cell death processes. After 48h of treatment, the survival of 22Rv1 cells reduced ~36% with ENZ (30μM) and ~18% with OLP (20μM), using the MTS method. Using the Trypan Blue exclusion method, the number of viable cells reduced ~58% with ENZ, 59% with OLP and ~30% with DHA. Joint incubation experiments indicated that DHA does not affect the cytotoxic effects caused by OLP, but potentiates those caused by ENZ. Western blotting analyzes showed that both drugs and DHA reduced the expression of PI3K and phosphorylated AKT, indicating blockage of this signaling pathway, with no variations in the groups with joint exposure to DHA and those with the drug alone. Regarding apoptosis indicators, cPARP expression increased ~55% with DHA, ~151% with ENZ and ~92% with OLP. Similarly, DHA and, to a greater extent, drugs, also increased activated caspase-3 levels, in relation to the control. In joint incubation experiments, DHA did not affect the levels of apoptosis indicators induced by ENZ, but increased cPARP levels when associated with OLP. Western blotting for markers of inflammatory cell death and autophagy (pyroptosis - Gasdermin D- cleaved; necroptosis - pMLKL and autophagy - LC3B) indicated increased autophagy (DHA ~24%; ENZ ~55% and OLP ~47%) and decrease in pyroptosis (DHA ~48%; ENZ ~80% and OLP ~80%) in all isolated treatments and in necroptosis only with to ENZ. DHA did not affect these processes in joint incubation with OLP, but reduced necroptosis and autophagy caused by ENZ. It is concluded that DHA, under the conditions used here, did not affect the citoxic effects of OLP, but potentiated those caused by ENZ. Such action was not due to interference with AR expression, activation of the PI3K/AKT pathway and induction of apoptosis and, therefore, must involve other mechanisms.
Descrição
Idioma
Português
Como citar
FERREIRA, Laurielle do Prado. O ácido docosahexaenóico interfere na resposta das células tumorais prostáticas à enzalutamida e ao olaparibe?. Trabalho de conclusão de curso do bacharelado em Ciências Biológicas - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), São José do Rio Preto, 2024.