Efeito da Bauhinia forficata sistêmica e de biomoléculas aplicadas à superfície de implantes de titânio sobre a dinâmica óssea peri-implantar de ratos diabéticos tipo 2: um estudo translacional

Abstract

Este trabalho tem o objetivo de avaliar o efeito de terapias sistêmicas e locais sobre o processo de reparo peri-implantar, buscando controlar efeitos negativos do diabetes tipo 2, promovendo diminuição da resposta inflamatória assim como os demais fatores que interferem o processo de formação e mineralização do tecido ósseo reparacional. Foram utilizados 128 ratos, divididos em: NG (normoglicêmicos; n=32); NGBf (normoglicêmicos + chá; n=32); T2D (diabéticos tipo 2; n=32) e T2DBf (diabéticos tipo 2 + chá; n=32). Cada grupo experimental foi dividido em dois subgrupos de acordo com o tratamento da superfície dos implantes (n = 16 por subgrupo): Ti – implantes convencionais de titânio grau IV com duplo ataque ácido e vD – implantes de titânio grau IV funcionalizados com vitamina D3. O T2D foi induzido pela associação da dieta de cafeteria e aplicação de estreptozotocina (35mg/kg). Após confirmação do T2D (198mg/dL), foi dado início ao tratamento com infusão de Bauhinia forficata (50g/L). A cirurgia de instalação dos implantes em tíbia foi realizada 15 dias após o início do tratamento, e passados 7, 14 e 28 dias da cirurgia foi realizada a eutanásia dos animais. Foram realizadas análise biomecânica, microtomográfica, histológica, de morfologia das fibras colágenas e RT-qPCR. Os dados foram submetidos ao teste de normalidade com nível de significância de 5%. Os resultados apontam que a Bauhinia forficata foi capaz de promover, ainda que parcialmente, uma melhora significativa na condição sistêmica dos animais T2DBf. Na análise de biomecânica peri-implantar, é possível observar piores valores de torque de remoção em T2D:Ti e o uso do fitoterápico em T2DBf:Ti promoveu um aumento da força de remoção dos implantes de forma discreta, em contra partida, o uso de implantes funcionalizados em T2D:vD promoveu um aumento na força de remoção dos implantes, semelhante ao grupo NG:Ti. Na análise microtomográfica, o uso de Bauhinia forficata não promoveu diferenças na microarquitetura óssea peri-implantar, entretanto, o uso de implantes vD melhorou os parâmetros avaliados em todos os grupos experimentais. Na análise histológica da região peri-implantar, é possível observar menor formação óssea em T2D:Ti, com reversão dessa característica tanto com o tratamento de Bauhinia forficata, como com o uso de implantes vD, o que impactou positivamente na morfologia das fibras colágenas. Ainda, a análise molecular apresentou aumento dos genes relacionados ao processo de mineralização com o uso de implantes funcionalizados em NG:vD e T2D:vD. Assim, pode-se concluir que a Bauhinia forficata atua de maneira positiva na etiopatogenia do diabetes tipo 2, além de melhorar as respostas celulares e teciduais, mesmo que de forma não suficiente para restabelecer as características da biomecânica óssea peri-implantar. Ainda, o sistema de administração baseado em drug-delivery com implantes funcionalizados com vitamina D3 foi capaz de reverter, mesmo que localmente, os eventos celulares envolvidos no reparo ósseo do modelo de diabetes tipo 2, restabelecendo a microestrutura e a biomecânica óssea peri-implantar.