A toponímia rural física de Araraquara/SP: um estudo sócio-linguístico-histórico

Abstract

O ato de nomear permite ao homem identificar, categorizar, singularizar e se apropriar do mundo que o cerca. Nessa perspectiva, inserida no campo de estudo da Onomástica, situa-se a Toponímia, disciplina que se dedica à análise dos nomes próprios de lugares. A presente tese tem como objetivo investigar a toponímia rural física, com foco nos nomes de rios, córregos e ribeirões mencionados em escrituras de propriedades rurais do século XIX no município de Araraquara-SP. A análise das fontes documentais busca compreender as motivações semânticas que influenciaram a atribuição desses hidrônimos, considerando aspectos linguísticos, culturais, históricos e geográficos. A metodologia envolveu a i) transcrição de 638 Registros de Propriedades Rurais do Município de Araraquara (1855-1858) em Edição Semidiplomática (Cambraia, 2005); ii) análise dos topônimos inventariados nas escrituras à luz da Toponímia (Backheuser, 1952); (Stewart, 1954) e (Dick, 1992); iii) observação e comparação dos rios presentes em mapas cartográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Instituto Geográfico e Cartográfico. Os resultados indicam que dos 134 hidrônimos identificados no corpus, para fins de análise, as taxionomias mais produtivas foram, em ordem decrescente, zootopônimos (34), hidrotopônimos (22), fitotopônimos (18), hagiotopônimos (11), litotopônimos (08), animotopônimos (12), sociotopônimos (4). Além disso, no que diz respeito à motivação semântica, observou-se que elementos de natureza circundante, como a água, fauna e flora, foram os aspectos motivadores predominantes de maior ocorrência. Em relação aos designativos geográficos conservados, mencionados nos registros de propriedades rurais, constatou-se que 47 se mantiveram ativos. Por fim, também foi constatada a influência dos hidrônimos na denominação dos nomes de alguns municípios, sendo eles: Córrego Bebedor, Ribeirão Bonito, Ribeirão do Dourado, Rio Boa Esperança, Rio Mogi-Guaçu, Rio Paraná e Rio Preto.

The act of naming allows humans to identify, categorize, singularize, and appropriate the world around them. From this perspective, within the field of Onomastics, Toponymy is positioned as a discipline dedicated to the analysis of place names. This dissertation aims to investigate rural physical toponymy, focusing on the names of rivers, streams, and rivulets mentioned in 19th-century rural property deeds from the municipality of Araraquara, São Paulo. The analysis of documentary sources seeks to understand the semantic motivations that influenced the attribution of these hydronyms, considering linguistic, cultural, historical, and geographical aspects. The methodology involved: i) the transcription of 638 Rural Property Records from the Municipality of Araraquara (1855–1858) in a Semidiplomatic Edition (Cambraia, 2005); ii) the analysis of the toponyms inventoried in the deeds in light of Toponymy (Backheuser, 1952; Stewart, 1954; Dick, 1992); iii) the observation and comparison of rivers present in cartographic maps from the Brazilian Institute of Geography and Statistics and the Geographic and Cartographic Institute. The results indicate that, among the 134 hydronyms identified in the corpus for analytical purposes, the most productive taxonomies, in descending order, were: zoonyms (34), hydronyms (22), phytonyms (18), hagiotoponyms (11), lithonyms (08), animonyms (12), and sociotoponyms (4). Furthermore, regarding semantic motivation, it was observed that elements of the surrounding environment, such as water, fauna, and flora, were the predominant motivating aspects with the highest occurrence. Concerning the preserved geographical designations mentioned in the rural property records, 47 were found to remain active. Finally, the study also identified the influence of hydronyms in the naming of certain municipalities, namely: Córrego Bebedor, Ribeirão Bonito, Ribeirão do Dourado, Rio Boa Esperança, Rio Mogi-Guaçu, Rio Paraná, and Rio Preto.