As críticas (ou talvez contribuições) da economia comportamental : um mapeamento da (estranha) relação entre comportamentalismo e neoclassicismo

Abstract

É possível dizer que, dada exceções, todo conhecimento se altera ao longo do tempo, é ressignificado e encontra outras expressões de si mesmo. A economia comportamental, um dos campos mais recentes e mais fecundos da grande área de ciências econômicas não é uma exceção. O caso da economia comportamental chama a atenção exatamente pelo motivo contrário: suas mudanças foram tão radicais que pode até mesmo ser confuso como elas puderam acontecer em tão pouco tempo. Essencialmente, a disciplina comportamentalista nasce como uma crítica ao establishment, uma proposta crítica, abrasiva e combativa. A força de tal crítica, todavia, pareceu desaparecer na mesma proporção em que a disciplina ganhou fama fora dos limitados nichos de pesquisa nos quais nasceu. Hoje em dia, a economia comportamental encontrou inúmeras aplicações, muitas delas com um elemento em comum: um notável desinteresse em manter sua crítica original viva e relevante. Neste texto explora-se esses dois momentos da disciplina (chamados de “velha” e “nova” economia comportamental), e o estranho trajeto que o programa de pesquisa fez para ir de um a outro.

It is possible to say that, given the exceptions, all knowledge alters through time, it is resignified and finds other expressions of itself. Behavioral economics, one of the most recent fields in the area of economics is not and exception. The case of behavioral economics is notable exactly for the contrary reason: it’s changes were so radical in such short time that it can be confusing how they even ocorrued in such short notice. Essentially, the behavioral discipline is born as a critic to the establishment, a critical proposal, abrasive and combative. The strength of that criticism, however, seems to disappear in the same proportion that the discipline got fame outside of the limited research niches were it was born. Nowadays, behavioral economics has found numerous applications, most of which have one element in common: the notable lack of interest in maintaing its original criticism alive and relevant. In this text, it is explored how these two moments of the discipline (namely, “old” and “new” behavioral economics), and the strange course that the research program did to go from one to another.