A Teoria Materialista do Estado: contribuições teórico-metodológicas a partir da obra de Joachim Hirsch e do debate derivacionista.

Abstract

A partir da emergência em se discutir o Estado na Geografia de uma forma que preze à realidade, logo, a materialidade das discussões, esta dissertação tem por objetivo desenvolver reflexões teórico-metodológicas acerca da obra do cientista político alemão Joachim Hirsch e teoria materialista do Estado. Tomando suas contribuições como bases para se propor uma análise do aparato estatal a partir do materialismo histórico-dialético, busca-se uma sistematização do pensamento de Hirsch para justificar a compreensão do Estado enquanto um complexo relacional de poder que se estrutura em diferentes esferas. Neste sentido, à luz de reflexões acerca do desenvolvimento da Geografia, especificamente da geografia política, e de suas aproximações e afastamentos do estudo do Estado, busca-se ilustrar como inquietações vividas ao final do século XX, especificamente a partir dos anos 1970, suscitam em uma nova possibilidade de se observar o Estado diante de um modo de produção capitalista que se transforma e se perpetua a partir de crises. Será a partir desse recorte sócio-histórico que se desenvolverá o debate da derivação, debate esse fundamental para a compreensão do Estado enquanto um aparato amalgamado ao próprio capitalismo, logo, essencial à sua perpetuação. As contribuições aqui propostas residem no campo teórico-metodológico com vistas a revelar a necessidade de a Geografia se apoderar do estudo do Estado como forma de compreender as complexidades materializadas em um espaço geográfico inerente ao modo de produção capitalista.

From the emergence of discussing the State in Geography in a way that values reality, therefore, the materiality of the discussions, this dissertation aims to develop theoretical-methodological reflections about the work of the German political scientist Joachim Hirsch and materialist theory of the State. Taking his contributions as a basis for proposing an analysis of the state apparatus based on historical-dialectical materialism, a systematization of Hirsch’s thought is sought to justify the understanding of the state as a relational complex of power that is structured in different spheres. In this sense, in the light of reflections about the development of Geography, specifically political geography, and its approximations and departures from the study of the State, we seek to illustrate how concerns experienced at the end of the 20th century, specifically from the 1970s, give rise to in a new possibility of observing the State in the face of a capitalist mode of production that transforms and perpetuates itself from crises. It will be from this socio-historical perspective that the derivation debate will be developed, a debate that is fundamental for the understanding of the State as an apparatus amalgamated to capitalism itself, therefore, essential to its perpetuation. The contributions proposed here reside in the theoretical-methodological field to reveal the need for Geography to seize the study of the State as a way of understanding the complexities materialized in a geographic space inherent to the capitalist mode of production.