Aparelhos da inteligência e da linguagem: uma investigação sobre a relação humano-máquina

Abstract

A relação entre humanos e máquinas gera inúmeras problemáticas. Este trabalho, ao resgatar uma ontologia da máquina na história, busca explorar a interface linguística humano-máquina por meio da semiótica e dos estudos de Flusser sobre os aparelhos, definidos como caixas-pretas que simulam o pensamento humano. Por meio de uma incursão nos métodos de operação das tecnologias digitais, com enfoque especial na Inteligência Artificial, objetivamos debater o mito da liberação humana do trabalho por meio das máquinas, e como os desenvolvimentos dos aparelhos digitais promovem uma nova etapa na evolução da inteligência humana. Isso implica que com grandes poderes vêm grandes responsabilidades: um debate deontológico e escatológico se faz necessário não somente sobre os desenvolvimentos tecnológicos da atualidade, mas sobre os potenciais que os aparelhos carregam em seu programa, a partir dos quais modificam o mundo para realizar um futuro imaginado. Por fim, propõe-se um exercício de especulação escatológica como um rascunho de metodologia de projeto para o desenvolvimento de nossa inteligência.

The relationship between humans and machines generates numerous problems. This work, by seeking an ontology of the machine in history, aims to explore the human-machine linguistic interface through semiotics and Flusser’s studies on devices, defined as black boxes that simulate human thought. Through an incursion into the operating methods of digital technologies, with a special focus on Artificial Intelligence, we aim to debate the myth of human liberation from work through machines, and how the developments of digital devices promote a new stage in the evolution of human intelligence. This implies that with great powers come great responsibilities: a deontological and eschatological debate is necessary not only about current technological developments, but about the potentials that devices carry in their program, from which they modify the world to realize an imagined future. Finally, an exercise in eschatological speculation is proposed as a draft of a project methodology for the development of our intelligence.