Análises moleculares para identificação de espécies de pepinos-do-mar (Equinodermata, Holothuroidea) exploradas e comercializadas ilegalmente no Brasil

Abstract

O comércio ilegal de pepinos-do-mar é generalizado, impulsionado pela alta demanda internacional, particularmente na Ásia, onde são valorizados como iguarias culinárias e para uso na medicina tradicional. Embora o consumo no Brasil seja limitado, a captura ilegal para exportação é uma preocupação crescente, com pescarias não regulamentadas representando uma ameaça às populações locais. Em 2023, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) apreendeu espécimes secos de pepinos-do-mar no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Usando o DNA barcoding com o gene Citocromo C Oxidase I (COI), foram identificados 40 espécimes e dentre elas estão Holothuria grisea e Isostichopus badionotus. Embora ambas as espécies estejam atualmente listadas como “Menos Preocupantes” pela IUCN, a natureza não regulamentada desse comércio levanta preocupações sobre a potencial superexploração, especialmente considerando que os ecossistemas que habitam estão cada vez mais vulneráveis à degradação do habitat e práticas insustentáveis. Além disso, a ausência de sequências de H. grisea em bancos de dados genéticos públicos exigiu que fossem coletados espécimes frescos para concluir a análise, ressaltando a necessidade de repositórios moleculares mais abrangentes. Essas descobertas destacam a eficácia das ferramentas moleculares na identificação de espécies comercializadas ilegalmente, mesmo em formas degradadas, e enfatizam a importância de um monitoramento mais rigoroso para proteger a biodiversidade.

The illegal trade of sea cucumbers is widespread, driven by high international demand, particularly in Asia, where they are valued as culinary delicacies and for use in traditional medicine. Although consumption in Brazil is limited, illegal harvesting for export is a growing concern, with unregulated fisheries posing a threat to local populations. In 2023, the Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources (IBAMA) seized dried sea cucumber specimens at Guarulhos International Airport. Using DNA barcoding with the Cytochrome C Oxidase I (COI) gene, 40 specimens were identified and among them are Holothuria grisea and Isostichopus badionotus. Although both species are currently listed as “Least Concern” by the IUCN, the unregulated nature of this trade raises concerns about potential overexploitation, especially given the ecosystems they inhabit are increasingly vulnerable to habitat degradation and unsustainable practices. Additionally, the absence of H. grisea sequences in public genetic databases required that fresh specimens be collected to complete the analysis, highlighting the need for more comprehensive molecular repositories. These findings highlight the effectiveness of molecular tools in identifying illegally traded species, even in degraded forms, and emphasize the importance of stricter monitoring to protect biodiversity.