Dualismos filosóficos e a noção de corpo em Donna Haraway

Abstract

A presente pesquisa investiga a noção de corpo que perpassa os trabalhos de Donna Haraway a partir do seu conceito de ciborgue e suas implicações no campo dos estudos feministas e de gênero. Ao explorar a lógica do mito do ciborgue, Haraway propõe a superação das aporias relacionadas às dicotomias do pensamento ocidental. Donna Haraway apresenta novas faces das tecnologias do corpo que estão sendo substituídas por arranjos completamente diferentes e que provocam profundos impactos, por exemplo, na cisão tradicional entre corpo e mente. O ciborgue, na qualidade de organismo híbrido entre máquina e humano, confunde as fronteiras do orgânico e inorgânico, situando o corpo como estrutura pós-gênero. Nessa relação corpo-máquina de Haraway, é indiscernível o papel do agente e do receptor: não está claro o que é mente e o que é corpo. A tecnocultura vem transformando corpos, na mesma medida em que estes modificam os artefatos da tecnologia. É nessa dinâmica que Haraway propõe a necessidade de compreender a complexidade do ciborgue.

The present research investigates the notion of body that pervades the works of Donna Haraway from its concept of cyborg and its implications in the field of feminist and gender studies. In exploring the logic of the cyborg myth, Haraway proposes to overcome the aporias related to the dichotomies of Western thought. Donna Haraway introduces new aspecs of body technologies that are being replaced by completely different arrangements which cause profound impacts, for example, in the traditional division between body and mind. The cyborg, as a hybrid organism of machine and human, confounds the boundaries of organic and inorganic, placing the body as a post-gender structure. In Haraway’s body-machine relationship, the role of agent and receiver is indiscernible: it is unclear what is mind and what is body.Technoculture has been transforming bodies to the extent that they modify the artifacts of technology. It is in this dynamic that Haraway proposes the necessity in understanding the complexity of the cyborg.