À beira do abismo: população em situação de rua como expressão da barbárie capitalista contemporânea.

Abstract

O presente estudo teve como objetivo analisar a população em situação de rua como manifestação estrutural da desigualdade e do pauperismo do capitalismo, compreendendo essa realidade como uma das expressões mais perversas da barbárie social produzida pelo modo de produção capitalista. A importância do tema se evidencia diante do crescimento constante dessa população e da invisibilização sistemática de suas demandas pelas políticas públicas. Mais do que uma questão assistencial ou moral, a situação de rua é entendida aqui como fenômeno social complexo, atravessado por determinações históricas, econômicas e políticas, especialmente no contexto do neoliberalismo e da necropolítica. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, com base em revisão bibliográfica e documental, ancorada no método histórico-dialético. A análise foi estruturada em duas dimensões: a primeira, voltada à compreensão das raízes estruturais do capitalismo e seu agravamento sob a lógica neoliberal; e a segunda, voltada à análise da atuação do Serviço Social frente à população em situação de rua, destacando os limites institucionais e as possibilidades de uma prática profissional crítica, comprometida com os princípios ético-políticos da profissão. Como resultado, constatou-se que a população em situação de rua é tratada historicamente como excedente social, alvo de políticas fragmentadas e insuficientes, marcadas por uma gestão da pobreza. Conclui-se que a superação dessa realidade exige a ruptura com uma lógica excludente e a construção de respostas coletivas pautadas na universalização dos direitos, na crítica radical ao sistema e no fortalecimento da ação profissional.

The present study aimed to analyze the homeless population as a structural manifestation of inequality and pauperism under capitalism, understanding this reality as one of the most perverse expressions of social barbarism produced by the capitalist mode of production. The importance of the topic is evidenced by the constant growth of this population and the systematic invisibilization of their demands by public policies. More than a matter of assistance or morality, homelessness is understood here as a complex social phenomenon, shaped by historical, economic, and political determinations, especially within the context of neoliberalism and necropolitics. The research adopted a qualitative approach, based on bibliographic and documentary review, and grounded in the historical-dialectical method. The analysis was structured in two dimensions: the first focused on understanding the structural roots of capitalism and its intensification under the neoliberal logic; the second examined the role of Social Work in relation to the homeless population, highlighting institutional limitations and the possibilities of a critical professional practice committed to the ethical-political principles of the profession. The results showed that the homeless population has historically been treated as a social surplus, targeted by fragmented and insufficient public policies marked by poverty management. It is concluded that overcoming this reality requires breaking with an exclusionary logic and building collective responses based on the universalization of rights, a radical critique of the system, and the strengthening of professional action.