Publicação:
Aventuras antropológicas no campo da saúde

dc.contributor.authorPuttini, Rodolfo Franco [UNESP]
dc.contributor.authorAlbuquerque, Leila Marrach Basto de [UNESP]
dc.contributor.institutionUniversidade Estadual Paulista (UNESP)
dc.contributor.institutionUniversidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.date.accessioned2025-01-13T19:10:24Z
dc.date.available2025-01-13T19:10:24Z
dc.date.issued2024-12-10
dc.description.abstractA relevante contribuição dessas Aventuras sociológicas no campo da saúde marca o encontro de temas e análises, que repercutem como a situação de sofrimento humano, bem como suas formas de controle e cura possuem na história humana formas diversas, compartilhando espaços de conhecimento, de poder e, por extensão, da própria manutenção do mundo. O corpo, essa estrutura vinculada às esferas que constituem a socialidade e historicidade de sua existência e expressão, será igualmente tratado, ora em suas maiores expressões, ora a ser calado, silenciado como forma da garantia do “saudável”, do “modo de andar a vida”, sendo convertido naquele “presente-ausente” da cena social, como bem lembrou o antropólogo David Le Breton. Basta olharmos os primeiros movimentos da institucionalização dos “doentes mentais” no Brasil para encontrarmos logo nas primeiras descrições de documentos ou imagens, corpos a serem disciplinados pelas terapias psiquiátricas, ou pela releitura delas, indo das técnicas do uso da violência para a contenção física e as técnicas da laborterapia, chegando às terapias biológicas, com o eletrochoque, a introdução do cardiasol e da malarioterapia. Entre tantas táticas e técnicas, ainda será possível encontrar corpos nus, abandonados até a morte e depois fartamente vendidos para que determinadas faculdades de medicina pudessem realizar os seus “estudos anatômicos”. Produção, digamos, de uma “patologia da pobreza lucrativa”, deixando marcas na visibilidade dos registros oficiais, mas igualmente nas suas entrelinhas, sendo os prontuários médicos um tipo documental extremamente rico para essa constatação. Constatação de que entre aquele que sofre e aquele que promete a cura existe, na verdade, uma circularidade cultural de (re)conhecimentos e desconhecimentos, identidades e singularidades, desfazendo e refazendo caminhos traçados. A medicina popular ou as chamadas “artes de curar” nos dão uma clara noção histórica de como os sincretismos, as interpretações e a legitimidade da cura se encontram em planos que exigem outras racionalidades, outras formas de existência perante essas práticas. Mais que isso, sinaliza para uma circularidade da cultura dita erudita e popular, de longa duração que no caso brasileiro se configuram, ainda nos tempos jesuíticos, mas que podem ser encontrados seus rastros pelo ideário de cura popular em todo o território, como nas mãos ágeis e reza forte das benzedeiras. Contraposição de uma sociedade, que foi sendo marcada no século XIX pela célebre expressão de Karl Marx, de que “tudo que é sólido se esfumaçaria”, deixando o homem enevoado pelas fantasmagóricas incertezas da aceleração constante dos tempos, na diluição dos espaços e na impaciência frente a qualquer estabilidade, como se ela fosse responsável pela perda de algo, impedindo a própria felicidade humana, redundando num cidadão atrelado, de fato, à efemeridade do consumo e da mercadoria. Símbolos inequívocos de um ponto de cristalização de suas esperanças, já que 9 há uma promessa de felicidade em suas instâncias normativas, reaparecendo o corpo como substrato importante ao creditar nessa experiência, justamente, uma volta ao mito de Narciso pelas mãos do eterno rejuvenescimento, numa recaptura de um Cyborg-repaginado em contraposição ao Frankstein, o meio monstro meio homem do qual poderíamos nos transformar, último suspiro que o longo século XIX, como disse Eric Hobsbawm, ainda havia deixado. Nesse momento atual de incertezas, como bem se pontua aqui, em que o indivíduo adoece e a sua cura pela biomedicina ainda está reduzida à imagens, números e marcações genéticas como se o corpo, enquanto lócus de afetividade e singularidade, fosse um elemento dispensável, a reflexão sobre os tempos e os homens por esse conjunto de ideias nos leva a pensar em outras formas alternativas do cuidado e do acolhimento, ou seja, na retomada dos sujeitos, no compartilhamento e reconhecimento, inclusive, de outras terapias, que ainda oscilam pelos meandros de sua institucionalidade. Um “acontecimento”, que como todos os outros, só ganhará a força histórica pelo reconhecimento de sua existência e necessidade. Restará a nós a constatação, mesmo com a aceleração dos tempos, se é cedo ou tarde para identificarmos sua potência de mudança.pt
dc.format.extent120
dc.identifier.citationPUTTINI, Rodolfo Franco; ALBUQUERQUE, Leila Marrach Basto de. Aventuras antropológicas no campo da saúde. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2014. E-book (120 p.). ISBN 978-65-5067-063-4.
dc.identifier.isbn9786550670634
dc.identifier.lattes1019846359374592
dc.identifier.lattes6838745624818217
dc.identifier.orcid0000-0003-3611-458X
dc.identifier.orcid0000-0003-4806-2334
dc.identifier.urihttps://hdl.handle.net/11449/259653
dc.language.isopor
dc.publisherFapesp
dc.publisherAnna Blume
dc.publisherUniversidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.rights.accessRightsAcesso abertopt
dc.subjectSaúde Públicapt
dc.subjectSaúde Coletivapt
dc.subjectAntropologiapt
dc.subjectSociologiapt
dc.subjectConhecimentospt
dc.subjectCiências da saúdept
dc.titleAventuras antropológicas no campo da saúdept
dc.typeLivropt
dspace.entity.typePublication
unesp.campusUniversidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Medicina, Botucatupt
unesp.departmentSaúde Pública - FMBpt
unesp.embargoOnlinept

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