Hermenêutica do acesso desigual: um estudo sobre a interação de internautas com deficiência visual com o ciberjornalismo de viagens sob a perspectiva da cidadania

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Data

2020-12-07

Autores

Ferreira, Matheus

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Este estudo analisa o acesso de pessoas cegas e com baixa visão ao ciberjornalismo de viagens sob a perspectiva da cidadania. Pessoas com deficiência visual requerem participar da sociedade por meio do acesso às mídias digitais (ELLIS; KENT, 2010), inclusive às relativas a viagens, as quais são mediadas por barreiras tecnológicas. Essa pesquisa interpreta a produção de sentidos decorrente desse acesso e seus possíveis impactos à participação social do grupo. Como metodologia, aplicou-se a Hermenêutica de Profundidade (THOMPSOM, 2011), que tem três etapas: análise sócio-histórica, análise estrutural e reinterpretação. Na primeira etapa, por meio de pesquisa documental, revisão de literatura e um estágio de pesquisa no exterior, contextualizou-se as relações de poder na recepção e na produção do ciberjornalismo de viagens. Na segunda fase, usando 19 entrevistas semiestruturadas com pessoas com deficiência visual, mapeou-se a dieta informativa de viagens dos receptores e identificou-se a materialidade das formas com as quais eles interagem (ELLCESSOR, 2016). Na última etapa, com base nas análises anteriores, refletiu-se sobre os sentidos de opressão produzidos na interação e sobre os impactos à cidadania do grupo (JAMBEIRO, 2017). Observou-se um contexto desfavorável à acessibilidade digital, marcado pela letargia das empresas de jornalismo e do Estado frente ao direito informativo dos receptores. Apesar das formas inacessíveis, que incluem imagens sem descrição, links sem propósito e conteúdo desorganizado, pessoas com deficiência visual acessam o ciberjornalismo de viagens em busca de informação e entretenimento. Essa interação, porém, produz sentidos que afetam a cidadania do grupo por diminuir a qualidade de acesso, suas possibilidades informativas e sua motilidade, evidenciando uma situação de assimetria de poder na Sociedade em Rede (CASTELLS, 2015).
This study analyzes blind and low-vision persons' access to travel cyberjournalism from a citizenship perspective. People with vision impairments want to participate in society by accessing digital media (ELLIS; KENT, 2010), including those related to travel, mediated by barriers. This research has interpreted the meanings resulting from this access and their possible impacts on the group's social participation. The Depth Hermeneutics (THOMPSOM, 2011) is the methodology. It has three stages: sociohistorical analysis, structural analysis, and reinterpretation. In the first stage, through documentary research, literature review, and a research internship abroad, we contextualized the power relations in travel cyberjournalism's reception and production. In the second stage, by using 19 semi-structured interviews with visually impaired people, we mapped the receptors' informative travel diet and the formats' materiality (ELLCESSOR, 2016). In the last stage, based on the two previous analyses, we reflected on the meanings of oppression produced in this interaction and the impacts on the group's citizenship (JAMBEIRO, 2017). An unfavorable context for web accessibility was observed, marked by the lethargy of journalism companies and the State in the face of the receptors' right to information. Despite facing inaccessible formats, including images without description, unlabeled links, and disorganized content, people with visual impairments access travel cyberjournalism for news and entertainment. However, this interaction produces meanings that affect the group's citizenship by diminishing the quality of access, its informational possibilities, and its motility, evidencing a situation of asymmetry of power in the Networked Society (CASTELLS, 2015)

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Palavras-chave

Acessibilidade, Ciberjornalismo de viagens, Deficiência, Cidadania, Accessibility, Travel cyberjournalism, Citizenship

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