Dissertações - Estudos Literários - FCLAR

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    As mulheres de Nelson Rodrigues: reflexões sobre teatro, sociedade e ensino
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-05-30) Salvático, Carolina Ubal [UNESP]; Junqueira, Renata Soares [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Nelson Rodrigues é uma figura polêmica, conhecido em grande parte por sua revelação das máscaras humanas, a partir da efetiva investigação das mazelas sociais nas relações interpessoais. Com opiniões divergentes e contraditórias em relação ao teatro e público da época, o dramaturgo constrói peças que beiram o absurdo, valendo-se de recursos revolucionários no cenário do teatro brasileiro (rompendo com a figura clássica enquanto a satiriza). Partindo da hipótese de que há uma obsessão pelo gênero feminino em suas obras, o presente trabalho propõe uma reflexão acerca de teatro, sociedade e ensino, partindo da investigação do universo rodriguiano. Pretendemos percorrer o caminho dessa dramaturgia avaliando, de um lado, a crítica da sociedade no que se refere à caracterização das personagens femininas, e, de outro lado, o potencial didático-político das peças em contexto de aprendizagem em sala de aula. Para tanto, cotejamos três obras do dramaturgo: Vestido De Noiva (1943), A Falecida (1953) e Os sete gatinhos (1958).
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    Trevas em neon: a influência do Noir no Cyberpunk
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-31) Figueiredo, Pedro Fuscaldo Barreto de; Rossi, Aparecido Donizete [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Tanto o noir quanto o cyberpunk surgiram em épocas bastante complicadas da história da humanidade. O mais antigo nasceu entre duas guerras de proporções até então inimagináveis e uma crise econômica de proporções épicas, já o mais novo surge e amadurece em meio ao pânico nuclear dos anos finais da Guerra Fria e as primeiras interações em larga-escala com a digitalização do mundo. O parto do noir acontece no começo do século XX, no centro do mundo moderno, a comunicação completamente revolucionada com a imprensa cada vez mais ágil por conta da transmissão de rádio. A velocidade inebriante das máquinas à combustão que transportam as pessoas para todos os lugares possíveis e roncam furiosas pelas cidades cada vez mais adaptadas aos carros, mas abarrotadas de gente. Já o cyberpunk virá ao mundo no final do mesmo século, no centro do mundo pós-moderno, com a comunicação completamente revolucionada com a imprensa cada vez mais ágil por conta da transmissão televisiva. A velocidade inebriante da cibernética cada vez mais presente e o crescente interesse pelos eletrônicos produz uma sociedade consumidora de universos virtuais e sedenta por mais integração com a máquina. Este trabalho visa comparar as duas estéticas e ver os pontos de diálogo que elas travam e se uma pode ser considerada influenciada pela outra por meio da análise de obras audiovisuais.
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    El Público, de García Lorca: um projeto trágico para o teatro moderno
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-29) Naldi, Hiago Araujo [UNESP]; Junqueira, Renata Soares [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O poeta e dramaturgo Federico García Lorca (1898-1936) é um dos nomes mais singulares da literatura feita em língua espanhola e uma das figuras mais notórias da cena teatral do século XX. Sua obra conta com uma extensa tradição de estudos acadêmicos; em especial no que concerne às suas peças teatrais, as quais lhe renderam grande reconhecimento e constituem um projeto inovador no seu tempo. Isso posto, quando nos deparamos com El público (1930), uma das poucas peça de Lorca que trata de forma mais explícita o tema da homossexualidade, percebemos que a crítica tem a tendência de lê-la como uma obra singular do teatro moderno, encontrando nela traços surrealistas, expressionistas e até que remetam ao teatro do absurdo. Não obstante, estudos mais recentes sobre o trágico nas produções teatrais de García Lorca tendem a classificar a peça em questão como um texto dessa natureza. Portanto, a diretriz principal desta pesquisa é recuperar a peça El Público (1930) e lê-la como uma tragédia moderna, seguindo a pista ditada por Antonio Monegal (2000). Para isso, são fundamentais as considerações do crítico de cultura Raymond Williams, a respeito das diferentes nuances que a tragédia assume na modernidade, e do húngaro Peter Szondi, sobre o trágico e suas particularidades. Também não poderemos deixar de realizar um panorama da estética surrealista, além de considerações sobre a metateatralidade, que ajudaram a compreender o tom modernizador dado ao texto. Trata-se, em suma, de desvendar a configuração trágica da peça em sintonia com o tema da homossexualidade, que interfere estruturalmente na sua tessitura textual.
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    Entre leituras e leitores: Clarice na cabeceira
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-29) Azevedo, Gabriela Herculano; Barcellos, Natalia Corrêa Porto Fadel; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Clarice Lispector produziu uma diversidade de contos, crônicas e romances, que continuam presentes na vida de todo leitor que se propõe ao enfrentamento de suas obras, as quais conduzem a lugares não imaginados. Montero (2009) ressalta que, para Lispector, o leitor é um personagem curioso e inteiramente individual. Em um processo de leitura, liga-se de maneira íntima e direta ao escritor, fundindo-se a ele. À luz da estética da recepção, o leitor é tão importante quanto o texto, sendo a leitura o resultado de uma interação. Trata-se, nesse caso, de um diálogo entre autor e leitor, conduzido pelo texto. Desse modo, o objetivo primeiro desta pesquisa foi verificar, por meio de uma leitura analítica e interpretativa, os efeitos de sentido criados pelo discurso clariciano materializado na relação autor-obra-leitor, em que se apresentam as impressões de leitura de leitores intelectualizados e selecionados, que compõem a coletânea Clarice na cabeceira. Trabalhou-se apenas o primeiro volume, Clarice na cabeceira (2009), composto por alguns dos mais belos contos da autora, bem como da Literatura Brasileira, sendo destacados quatro deles: “Amor”, “A imitação da rosa”, “O crime do professor de matemática” e “A bela e a fera ou a ferida grande demais”. O segundo objetivo alcançado por esse estudo foi apresentar os resultados obtidos por uma pesquisa de campo que demonstrasse a leitura interpretativa dos mesmos textos selecionados anteriormente, sob o olhar dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio, leitores em formação, do município de Franca, SP. Utilizou-se, portanto, as teorias da estética da recepção e do letramento literário para o desenvolvimento da oficina, cujo intuito foi o de formar leitores e, mais especificamente, leitores de Clarice Lispector.
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    Transgressão e Redenção: as faces da alteridade em Alceste e em Medeia de Eurípides
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-30) Cacchi, Maria Ester; Santos, Fernando Brandão dos [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Eurípides é conhecido como o “poeta das paixões”, moderno no sentido absoluto do termo, pois era inovador nos enredos e na performance de suas tragédias se comparado aos seus contemporâneos e predecessores, ao mesmo tempo, é ligado à contemporaneidade de diversas maneiras, inclusive em relação às questões de gênero. Em suas peças, as ações das personagens femininas convencionalmente são mais polêmicas que as protagonistas de Ésquilo ou Sófocles, justamente por isso, revelam aspectos interessantes da sociedade ateniense para além da concepção de justiça divina do primeiro e da solidão presente nos heróis e nas heroínas do segundo autor. Por isso, neste trabalho, vamos analisar como a presença de duas protagonistas de Eurípides (Alceste e Medeia) é importante para a compreensão do conceito de alteridade na construção da democracia ateniense no período anterior à Guerra do Peloponeso (431-404 a.C). Para identificar quem é o “cidadão” e caracterizá-lo como tal, é necessário também estabelecer os limites dessa cidadania, definindo o “outro” em relação a esse status quo: nascido em Atenas/estrangeiro; homem/mulher; livre/escravizado. Seja por meio da piedade de Alceste, que aceita morrer em lugar de seu marido, alcançando uma estatura de “herói trágico”, seja por meio da estrangeira transgressora, que clama por justiça por ter sido ferida em seu thymós, a visão acerca do feminino nos permite entender muito mais profundamente a composição da identidade masculina no contexto também.
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    As faces da voz lírica na obra "Escuta", de Eucanaã Ferraz
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-30) Luz, Daniel Rodrigues da; Borsato, Fabiane Renata [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Longo é o caminho traçado pelo poeta Eucanaã Ferraz até a obra Escuta (Companhia das Letras). Lançado em 2015 e ainda de pouca fortuna crítica, o volume carrega aspectos de um poeta amadurecendo principalmente a partir do legado de grandes nomes da geração de 45. A voz lírica na obra Escuta possui um olhar semelhante ao de uma câmera no cinema. As cenas cotidianas que ela observa e compõe, ora acompanhando o movimento dos indivíduos na paisagem, ora focando em um plano específico, transferem a ela cargas emotivas em diferentes tonalidades. A emoção, as tensões e inquietudes da voz lírica permitem a ela questionar sua própria existência e seu lugar no mundo. Seu olhar disperso contempla seres banais, ouve com atenção o que eles têm a dizer e dessa experiência passa a olhar o mundo de outra maneira. O ruim é inevitável quando se busca a alegria, nessas duas direções a escuta passa a ser a ação de estar atento mesmo quando o que está prestes a aparecer seja algo temível. O objetivo deste estudo é discutir o comportamento da voz lírica nessa obra do poeta, observar as faces que ela assume diante do mundo e do outro e o distanciamento emotivo que ela toma de ambos. Pretende-se analisar poemas e mapear, principalmente, as semelhanças entre essas vozes, pensando em como essas composições implicam no projeto estético do livro. A análise da estrutura dos poemas, do ritmo, dos níveis sonoro, sintático e semântico terá como aporte teórico fundamental as obras de Antonio Candido, O estudo analítico do poema e Na sala de aula, e as de Octavio Paz, O ritmo e A imagem. Os estudos de Adorno (2003), Combe (2010) e Collot (2006 e 2013) servirão de apoio para a bibliografia sobre subjetividade e lirismo.
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    (Re) Leituras de "Bom dia, tristeza" de Françoise Sagan
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-30) Araújo, Heloísa Ferreira de; Oliveira, Andressa Cristina de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Esta pesquisa é um estudo da obra Bom dia, tristeza, da escritora francesa Françoise Sagan, a partir de ferramentas críticas da teoria da recepção de Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser e de reflexões sobre o texto literário no cenário da literatura contemporânea do século XX, a partir do conceito Bildungsroman feminino contemporâneo. Ainda, para complementar essa discussão, servirmo-nos das obras autobiográficas da autora, Minhas melhores lembranças (1990); E toda a minha melhor simpatia (1995), além da obra Françoise Sagan, de Jean-Claude Lamy (1991). Tomando como norte os pressupostos da historiografia literária, das teorias e críticas da narrativa, realizamos uma leitura histórico-literária da obra, analisamos o conceito de recepção estética com base nos preceitos de Jauss e Iser e refletimos acerca desse romance de formação. Assim, trabalhamos sua recepção histórica, dialogando com o passado e incluindo uma perspectiva atual, tanto nos campos sociais-históricos, quanto por uma perspectiva feminista, esperando auxiliar, inclusive, com a ressignificação da escritora na literatura contemporânea do século XX. Partimos da hipótese de que a recepção crítica de Bom dia, tristeza, no Brasil, é reveladora do sistema que a acolheu, afinal está configurada pelas tendências do contexto literário no qual foi inserida. Debateremos, inclusive, a importância da obra para a construção de novos modelos de pensamento sobre a literatura contemporânea. Com esta dissertação, esperamos contribuir tanto com a ampliação dos estudos sobre a obra de Françoise Sagan no Brasil, como como entendimento de sua recepção histórica articulada às Teorias e Críticas da Narrativa. Esperamos, ainda, contribuir para o debate sobre a importância da obra na literatura contemporânea e sobre a sua posição dentro da crítica feminista e da estética da recepção.
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    Sementinhas de cipreste pelo chão: a figurativização do indizível em "Sinfonia em branco"
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-19) Pestana, Raphaela; Campos, Alexandre Silveira [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A observação da ficção brasileira dos últimos anos indica a violência como uma temática recorrente, cuja representação incorpora traços violentos, apresentando linguagem e ritmo agressivos, em sentido geral, na direção do que Alfredo Bosi (1975) denominou brutalismo. Em contrapartida, o romance Sinfonia em branco, publicado inicialmente em 2001 pela brasileira Adriana Lisboa, conta, com a sutileza de uma linguagem profundamente imagética, a vida de duas irmãs cercadas por eventos brutais, instaurando uma isotopia do trauma, que se sucede em estupro, linchamento, feminicídio, tentativa de suicídio e parricídio. A fim de investigar como essa forma de representação se desenvolve, busca-se na teoria semiótica e na crítica da narrativa recursos que apontem as imagens e a linguagem em seu poder expressivo, viés também distinto dos demais estudos da obra. Em um contexto de silenciamento e opressão, o indizível cerca a família e a própria compreensão da violência, sendo construído figurativamente no discurso, elaborando com delicadeza (AZEVEDO, 2004) as perspectivas das vítimas e confidenciando ao leitor a experiência de tal violência. À vista disso, em contraposição à representação brutalista, que expõe a crueldade e almeja o choque, a obra de Lisboa compõe metaforicamente memórias que não se pode nomear, tamanho silenciamento e repressão enfrentados pelas personagens. A sugestão dos episódios violentos construída pelas estratégias de figurativização sinaliza aquilo que se sucedera, estabelecendo a expectativa do porvir; um efeito de êxtase (GREIMAS, 2002) que representa, no discurso e no leitor, a angústia vivenciada pelas vítimas. Por fim, a isotopia do trauma é arrematada pela articulação de tais recursos no afastamento do enunciador do discurso, compondo um efeito de real na narrativa, ainda que de modo particular diante da ficção contemporânea brasileira, de tendência brutalista. Confidente do trauma, o leitor é, então, conduzido à uma experiência de testemunho, pela representação no discurso em si, da dor e do silenciamento sofridos pelas personagens, conforme busca-se investigar.
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    Amélia: entre o pecado e a castidade em O Crime do Padre Amaro de Eça de Queiroz
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-29) Mamede, Maria Clara Pugliane; Leite, Guacira Marcondes Machado [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O presente trabalho tem como corpus o romance O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queiroz e propõe-se a tecer um estudo da profunda crítica clerical e social que Eça faz nessas “cenas da vida devota”, além de analisar as injustiças sofridas pelas personagens femininas da narrativa, no caso, mulheres brancas, proletárias e beatas, moradoras de uma pequena província portuguesa do século XIX. Tal análise, que se debruçou mais especificamente na protagonista Amélia Caminha, retratada pelo narrador como a típica representação da mulher portuguesa influenciada pela religião católica e seduzida pelo padre Amaro, realizou-se, sobretudo, à luz dos conceitos de Simone de Beauvoir (2019), em O Segundo Sexo. Analisou-se o contexto social em que a personagem está inserida e que justifica sua submissão aos dogmas católicos e às autoridades do clero de Leiria. O narrador queirosiano foi analisado à luz das teorias da narrativa, especialmente, as apresentadas por Gerard Genette (1970) em Discurso da narrativa e por Lígia Chiappini (2001), em O foco narrativo, em que procuramos demonstrar como, por meio do discurso implícito, o narrador critica uma sociedade que se apropria do discurso religioso para rebaixar as mulheres, e denuncia a falsa moral e a falsa fé nas atitudes dos padres e cônegos que figuram no enredo, mantendo, com isso, uma relação de dominação claramente injusta com as mulheres da narrativa.
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    Do devaneio à errância: as caminhadas em Rousseau, Baudelaire e Breton
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-23) Eduardo, Thaís de Carvalho; Oliveira, Andressa Cristina de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Este trabalho versa traçar um estudo comparativo sobre as caminhadas na literatura francesa, partindo do que chamamos de gênese: os devaneios do promeneur solitaire, de Jean-Jacques Rousseau, através do espaço da natureza na narrativa poética autobiográfica Les rêveries du promeneur solitaire (1776-1778), à caminhada urbana que se realiza na figura do flâneur em poemas em prosa selecionados do Spleen de Paris: Petits Poèmes en prose (1869) de Charles Baudelaire (1821-1867) e às deambulações de hasard objectif da narrativa poética surrealista, Nadja (1928) de André Breton (1896-1966). As dez caminhadas de Rousseau devem ser lidas como um apêndice de Confessions (1769). As Rêveries servem como um exame de consciência de sua situação perante a sociedade que o vilipendiou. A primeira promenade é um prelúdio, anunciando a finalidade de tais passeios: através das caminhadas meditativas o Eu almeja fixar pela escrita as reminiscências que poderão lhe devolver a alegria do passado num tempo individual situado no espaço da natureza e do Eu-caminhante. Em contrapartida, para Baudelaire, a única paisagem poética possível só poderia ser a cidade e, precisamente Paris, símbolo da modernidade. Baudelaire escreve seus poemas em prosa sob a égide da transitoriedade dos tempos, entre-tempos, e através do olhar do flâneur, aquele que, pela prática da flânerie, anuncia a subjetividade das multidões. O homem moderno do século XIX é surpreendido pelos choques produzidos pelas fantasmagorias urbanas, no caso parisiense reforçado pela reforma urbana de Georges-Eugène Haussmann (1853-1870), e, dessa forma, é espoliado da experiência total de apreensão da cidade. O flâneur é aquele que fixa liricamente, com poemas em prosa no caso de Spleen de Paris, estes choques causados pelas multidões, delineando as arestas mais subjetivas e misteriosas da vida moderna, através de um olhar ávido e obsessivo, pois a experiência, para ele, é consciente. Já a narrativa poética Nadja (1928), de Breton, coloca na psicologia da personagem Nadja e nas caminhadas do narrador, as bases da estética do inconsciente e do devaneio do movimento surrealista e propõe uma narrativa que dê conta das complexidades do psiquismo e das pulsões humanas. Essa incessante busca por uma vida permeada pelo sonho e pelo fugidio através da prática de “deambulação” por Paris no século XX, se materializará na personagem errante Nadja que ora se confunde com a cidade, ora a enxerga como espaço onírico. Os poetas analisados neste trabalho propuseram, de acordo com seus tempos históricos e estéticas, encontros com a natureza humana a partir da caminhada errante, responderam e representaram cada um à sua maneira, a questão primeva “qui suis-je?” enquanto Eu-interioridade, natureza humana aditiva e sonho. Assim, concluímos este estudo comparativo como uma forma cronológica de compreender a promenade moderna e seus desdobramentos históricos e estéticos.
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    O uso didático da fábula
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-30) Lima, Jadd Santana; Dezotti, Maria Celeste Consolin [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A fábula é um gênero discursivo, cujas personagens desempenham ações alegóricas. Ela é formada por três discursos: o narrativo, o moralizante e o metalinguístico. O discurso narrativo conta por meio de imagens uma história figurativizada. Já o moralizante apresenta uma lição de moral e o discurso metalinguístico tem as funções de unir os discursos anteriores e expressar a força ilocutória do gênero. Este tipo de narrativa é oriundo da tradição oral, estando presente ao longo do tempo em diferentes culturas. Um aspecto comum entre fábulas de diferentes épocas e sociedades é o seu uso com propósito didático. Sendo assim, esta pesquisa tem o objetivo de verificar como as fábulas eram utilizadas na educação desde as sociedades antigas até o cenário brasileiro atual. Desta forma, apresentamos uma visão geral sobre o gênero, suas características e seu uso didático na Antiguidade Clássica, na Idade Média, no Renascimento e no Brasil Colônia até os nossos dias. A fim de investigar o que alguns fabulistas afirmam sobre as fábulas, analisamos alguns prólogos de coleções fabulísticas. O aporte teórico é baseado nos estudos de Adrados (1979, 1985), Dezotti (1999, 2017, 2018, 2020), Esteban (1994), Fisher (1987), Lima (1984), Marrou (1969), Nunes (1979), Provenzo Jr. (1976) entre outros. Também se incorpora à pesquisa o levantamento e comentário das dissertações do Mestrado Profissionalizante, disponibilizadas na plataforma Sucupira, sobre o trabalho com fábulas em sala de aula no Brasil. Dentre os resultados obtidos destacam-se a contribuição da finalidade didática para a propagação e formação do gênero, a importância do trabalho com fábulas no ensino e a utilização de textos de diferentes fabulistas em cenário nacional.
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    A teoria do leitor modelo, de Umberto Eco, e sua presença no romance "O nome da rosa": O percurso epistemológico de Umberto Eco e sua consolidação nas teorias da Estética da Recepção
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-06-07) Catalano, Flávio Antonio; Mauro, Claudia Fernanda de Campos [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A dissertação que ora se apresenta analisa a teoria do Leitor-Modelo de Umberto Eco, bem como sua aplicação na construção de seu primeiro romance, O nome da rosa, com o intuito de demonstrar como sua práxis teórica foi fundamental para a consolidação dos pilares iniciais de sua práxis poética, em específico durante seu primeiro movimento como escritor literário. Para tanto, este trabalho debruçou-se analiticamente sobre o percurso epistemológico do autor, partindo dos seus estudos em sua tese de doutorado sobre o filósofo Tomás de Aquino, passando por sua definição sobre a abertura de uma obra de arte, identificando como tais ferramentas foram fundamentais para que o autor desenvolvesse seu estudo acadêmico sobre os limites da interpretação, até culminar na elaboração do conceito de Leitor-Modelo, presente na obra Lector in Fabula, seu último olhar teórico, antes de tornar-se um escritor de obras literárias. Ainda neste percurso epistemológico do referido autor, este trabalho lançou luz analítica sobre como seus estudos em estética medieval foram fundamentais para o seu olhar teórico e poético. O último movimento analítico deste trabalho foi identificar como o Leitor-Modelo é formado no romance O nome da rosa, em específico no primeiro capítulo da obra, bem como os desdobramentos dessa formação nas lições presentes no romance a partir do seu segundo capítulo.
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    As mil faces da tragédia: Túrin Turambar e o legado trágico na fantasia tolkieniana
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-10) Sant'Ana, Samuel Renato Siqueira; Rossi, Aparecido Donizete [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O trágico e a tragédia são elementos que se fazem presentes nas narrativas desde os tempos mitológicos, e por isso legam uma tradição que extrapola o campo dos estudos literários, pois se encontra presente em diversas outras formas de manifestações culturais de determinados povos. Visando compreender a tragédia enquanto chave para a apreensão de um grupo de arquétipos literários, empreende-se um estudo a respeito das origens gregas para a tragédia, bem como análises pontuais de peças pertencentes aos três dramaturgos clássicos cujas obras sobreviveram até o presente. Em seguida, em ordem de estabelecer a literatura enquanto fenômeno artístico que comporta peculiaridades de diferentes perspectivas do trágico, analisa-se também o contexto de criação e obras relevantes das tragédias britânica e alemã para que se possa apreender como o método de criação literária do escritor britânico J. R. R. Tolkien é pautado na criação de uma mitologia que nunca existiu, e para tal, o autor se vale de mitos e de outras fontes medievais para seu fazer ficcional. Para ilustrar o processo de criação trágico de Tolkien, recupera-se o herói trágico finlandês Kullervo para somente então adentrar em uma análise aprofundada sobre a criação de Túrin Turambar, o protagonista e herói trágico de Os Filhos de Húrin, uma manifestação do arquétipo do herói trágico, que conta com um legado desde Édipo.
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    Estratégias de persuasão no Castelo Interior, de Teresa d'Ávila
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-24) Sertori, Sara Maria; Campos, Alexandre Silveira [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Os livros de cunho religioso, além de possuírem um determinado público-alvo, apresentam, em sua estrutura, estratégias persuasivas responsáveis por alcançar esse público e também produzir nele os sentimentos esperados pelo autor quando da construção do seu argumento. Esta pesquisa visa, sendo assim, analisar quais são as estratégias persuasivas utilizadas por Teresa d’Ávila, em sua obra Castelo Interior, que quer persuadir seus leitores à condição, no texto, chamada de Sétimas Moradas. Para isso, a metodologia que guiou a pesquisa foi o levantamento bibliográfico de textos da semiótica de vertente francesa, dando maior ênfase à semiótica que trata da produção do discurso; a leitura e fichamento de textos que versam sobre o uso de figuras de linguagem e figuras de retórica; a leitura e fichamento de textos que tratam da retórica literária e da persuasão, principalmente através de José Luiz Fiorin e Roland Barthes; e a literatura mística espanhola, especialmente a partir de Juan Luis Alborg, além da leitura e releitura crítica da obra em análise. Com finalidade de apoiar-se a um viés mais específico, nos propomos a analisar e a investigar através da semiótica discursiva, isto é, com base na Semiótica Greimasiana e nos estudos de Diana Luz Pessoa de Barros e de José Luiz Fiorin, os aspectos da persuasão do discurso; o modo como a autora utiliza as figuras de retórica e o espaço da narrativa, a partir dos estudos de Gastón Bachelard, e a simbologia dos números três e sete, a partir de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, como elementos discursivos no contrato entre enunciador e enunciatário e o modo como tais elementos se desenvolvem nos processos de significação na construção do enunciado. Por fim, analisamos da brevidade, enquanto componente da estética literária, empregada como estratégia persuasiva.
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    Paradox Havoc: time travel in Gothic Science Fiction
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-02-05) Rocatelli, Vinícius Bril; Rossi, Aparecido Donizete [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    This research aims to analyze the paradoxes of time travel in Gothic Science Fiction in order to question our hypothesis: the Bootstrap Paradox is present in determinist tales of a more pessimistic vein, because the past cannot be changed, only perpetuated; the Grandfather Paradox, present in indeterminist tales of a more optimistic vein, because the past can be changed, therefore tragedies, for example, can be avoided or fixed. We will be looking at a myriad of different fictional texts from different mediums — short stories, novels, films, television, and video games. In particular: Hajime Isayama’s manga series Attack on Titan (2009-2021), Connie Willis’ novel To Say Nothing of the Dog (1998), two episodes of BBC’s Doctor Who (1963-1989; 2005-) — “The Day of the Doctor” (2013), and “Heaven Sent” (2015), Ken Levine’s Bioshock Infinite (2013), Tatsuya Matsubara’s Steins;Gate (2009), and James P. Blaylock’s Lord Kelvin’s Machine (1992). Therefore, the present research indulges in the practice of comparative literature. Likewise, we are going to be drawing from the critical writings of scholars such as Fred Botting, David Wittenberg, Brian Aldiss, Adam Roberts, James Gleick, and the like — specialists from the fields we are studying (time travel fiction, Science Fiction, and Gothic literature).
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    Na senda da poesia religiosa de Ruy Belo: comentário introdutório ao livro "Aquele grande rio Eufrates" à luz da "Bíblia sagrada"
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-05-11) Cardeal, Adriano Tarra Betassa Tovani; Fernandes, Maria Lúcia Outeiro [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Nesta Dissertação de Mestrado que ora apresentamos, seu pesquisador está às voltas com um "corpus" de poemas do autor português Ruy de Moura Ribeiro Belo (1933-1978), publicados no livro "Aquele grande rio Eufrates" (1961). Sendo esse um dos mais comentados volumes da obra beliana, seria quase “natural” que, transcorridos exatos 60 anos de sua primeira edição, já tivesse sido de todo explicada aquela que julgamos ser uma de suas mais importantes linhas de força: a religiosidade judaico-cristã. Mas, à medida que líamos os escritos da fortuna crítica, víamos a ausência de uma teia terminológica a que pudéssemos recorrer sem incertezas, mormente no que toca à caracterização temática daquele poemário. Além disso, já que uma parte considerável dos críticos de Ruy Belo não escrutinaram os meandros da chamada “poesia religiosa” de maneira a levar em conta, mais de perto, o que está nas páginas da Sagrada Escritura, esse é o principal motivo pelo qual nos vimos compelidos a investigar, com mais detalhamento, a configuração dessa espécie poética, tomando como base a leitura de dois poemas daquele livro de Ruy Belo («Cor lapideum – cor carneum» e «Fundação de roma»), a fim de dali verificarmos quais as relações que eles mantêm com vários textos da "Bíblia Sagrada", além de em que medida isso acontece. E, para fazê-lo, tendo em vista a desencontrada multiplicidade de nomes que os especialistas em Ruy Belo têm dado aos poemas atinentes ao Judaísmo e Cristianismo, decidimos propor uma nova nomenclatura mediante a qual fosse possível tanto entender quanto explicar esses poemas de Ruy Belo, os quais denominamos "poesia religiosa de religação", "poesia religiosa de releitura" e "poesia religiosa de reeleição".
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    A hýbris em Níobe
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-06-02) Queiroz, Izis Cavalcanti Albuquerque de Souza; Santos, Fernando Brandão dos [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A presente dissertação tem por objetivo investigar o mito de Níobe. A revisão bibliográfica investiga suas diferentes versões, analisando Homero, Ésquilo e Ovídio, e aponta o mito como símbolo de luto e de hýbris, buscando compreender quais motivos e quais contextos históricos podem estar presentes na sua recepção e transmissão. Para isso duas etapas foram adotadas: num primeiro momento, a leitura e transmissão das fontes literárias, investigando os trechos específicos do mito de Níobe assim como seus desdobramentos a partir da hýbris, da ate, da culpa hereditária e do ciúme divino, inseridos no contexto discursivo de seus autores. Na segunda parte, o estudo se concentra na pesquisa simbólica dos deuses, procurando compreender o sentido que eles adquirem na sociedade partindo do aporte teórico proposto por Mircea Eliade no livro Tratado das religiões, cujo panorama histórico nos permite mergulhar nas religiões primitivas, compreendendo a importância da religião pela sua perspectiva sagrada e não pelo posterior viés analítico que mitigou a experiência simbólica e sublime. A conjunção dessas duas etapas possibilitou a compreensão da hýbris tanto por uma perspectiva abrangente literária e histórica, como também por uma análise profunda de seu sentido teológico e religioso.
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    O onirismo bandeiriano: representações míticas do feminino
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-08-29) Silva, Gustavo Fiacadori; Pires, Antônio Donizeti [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Longa e múltipla foi a atuação de Manuel Bandeira (1886-1968) na poesia brasileira – além de outros campos, como arte, cultura e ensino –, abordando temas que transitam entre extremos, de que são alguns exemplos: da vida à morte; do amor inocente/sublime ao erótico/terreno; da observação/admiração da realidade junto à subversão/deformação da mesma; das brincadeiras infantis à maturidade reflexiva; das cantigas populares às tradições. Sua obra poética, assim, reflete sua riqueza de leituras – desde os clássicos aos seus contemporâneos – e de vivências – países, cidades, bairros e ruas por que passou – que o faz ser enorme, embora autoproclamado “menor”, como se discutirá aqui. A respeito dessa enormidade, a primeira proposta (base) do trabalho é uma leitura dos extremos da poesia bandeiriana tendo como exemplo de verificação o transitar entre: o penumbrismo (GOLDSTEIN, 1983) marcante nos primeiros livros, de atenuação e contemplação como traços distintivos, em textos de uma atmosfera penumbrista, sombria e melancólica; e a atitude humilde (ARRIGUCCI JR., 2001) motivada, em grande parte, pelas influências modernistas, construindo versos que refletem a aceitação e o convívio frente ao mundo cotidiano e às adversidades. A partir disso, passa a ser objetivo (edificação) do trabalho o estudo de dois eixos temáticos: a construção de um onirismo poético pelos versos selecionados, demonstrando como se cria ou se nega a imaginação onírica; e, posteriormente, observar as representações femininas, descobrindo o que de mítico há nas imagens criadas, descritas ou evocadas pelo eu lírico. O corpus da pesquisa é constituído pela re-leitura (sustentação e acabamento) de nove poemas de Manuel Bandeira, organizados aqui em três momentos (MOURA, 2001), para fins de melhor estruturação do texto – não como segmentação rigorosa que limite/reduza a poesia bandeiriana a três títulos apenas –, convém saber: momento inicial, ainda preso à herança parnaso-simbolista, com os poemas “Cantilena” (A cinza das horas, 1917), “Baladilha arcaica” (Carnaval, 1919) e “O menino doente” (O ritmo dissoluto, 1924); momento intermediário, de abertura e adesão plena ao modernismo, com a leitura de “O anjo da guarda”, “Irene no céu” (ambos de Libertinagem, 1930) e “D. Janaína” (Estrela da manhã, 1936); e o momento final, de equilíbrio entre a tradição literária, as experiências modernistas e até diálogos com as vanguardas de 50, de que são exemplos “Velha chácara” (Lira dos cinquent’anos, 1940), “Visita noturna” (Belo, belo, 1948) e “Sonho branco” (Estrela da tarde, 1960). Com o apoio crítico-teórico já assinalado além de outros – como Baudelaire, Bosi, Candido, Freud, etc. – a verificação exemplifica o caminhar entre penumbra e humildade ao longo da obra poética de Bandeira, em que também se discute a presença dos temas da pesquisa, uma vez que onirismo e representação mítica se preservam, mas sob diferentes máscaras, ou seja, são recorrentes, mas motivados/resultados por diferentes palavras (carregadas de sentido) a depender da imaginação que: poeticamente recria o mundo real, transformando o cotidiano em imaginário (sonhos, disfarces, devaneios, etc.); e, miticamente, figura o feminino, enquanto imagem descrita (por comparações, projeções, metáforas, etc.) em encontro com o eu lírico, imersos em um ambiente ora mais, ora menos onírico.
  • ItemDissertação de mestrado
    Da análise, a teoria: Antonio Candido e suas concepções de poesia e prosa
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-07-29) Nunes, Lívia Fernandes; Pires, Antônio Donizeti [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Esta dissertação tem como objetivo investigar as concepções de poesia e prosa de Antonio Candido apreendidas no ato da análise literária. Os pressupostos teóricos verificados no livro O estudo analítico do poema (1987) e no ensaio “A personagem do romance” (1968) amparam o exame da recepção crítica de dois poemas – “Versos à boca da noite”, de A rosa do povo (1945) de Carlos Drummond de Andrade, e “O pastor pianista”, de As metamorfoses (1944), de Murilo Mendes – e dois romances – O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo, e Caetés (1933), de Graciliano Ramos. O corpus da pesquisa é composto pelos dois textos de caráter teórico e pelos quatro ensaios em que são analisados aqueles textos literários, isto é, “Inquietudes na poesia de Drummond”, “Pastor pianista/pianista pastor”, “De cortiço a cortiço” e “Ficção e confissão”. O crítico estuda os poemas em três etapas – comentário, análise propriamente dita e interpretação – e verifica de que maneira fatores extrínsecos, que se relacionam ao contexto de produção, podem ter condicionado a estrutura dos romances. Ele procede à análise dos dois gêneros de maneira semelhante, embora utilize termos que condizem com as especificidades de cada um. Antonio Candido considera o poema e o romance modos de expressão literária que se diferem em relação ao grau de tensão, mas se aproximam pelo fato de ambos serem pensados sob a perspectiva de uma ideia mais ampla: a sua concepção de literatura.
  • ItemDissertação de mestrado
    Pirandello entre o dramático e o épico
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-07-29) Fonseca, Nayara Carla da; Junqueira, Renata Soares [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    No final do século XIX os homens já mal se relacionavam entre si porque as condições impostas pelo implacável mundo do trabalho, engendrado pelo sistema capitalista de produção, não lhes permitiam. Em tal contexto, era preciso buscar novas formas artísticas de expressão, pois o tempo era outro, a atividade humana havia se modificado e necessitava-se dizer coisas novas a partir de novas revelações e experimentações. Transitando esse cenário para a dramaturgia - arte visivelmente ligada às relações humanas -, observa-se que os elementos do drama clássico foram se perdendo, como a ação, os diálogos, o tempo e o espaço bem definidos, e as inter-relações entre os personagens, o que se caracterizou como um cenário de “crise do drama”, segundo o crítico Peter Szondi. Diante desse quadro, alguns conceitos clássicos deixavam de ser pertinentes, o que acabou refletindo nas denominações que caracterizavam a forma dramática, como a mimesis e a verossimilhança. Alguns autores propõem soluções para superar esse contexto de “crise do drama”. No entanto, Luigi Pirandello, um grande dramaturgo italiano, notou que a arte necessitava de novos modelos de representação, fazendo uma releitura do modelo dramático e, consequentemente, da mimesis clássica. Com sua peça “Seis personagens à procura de um autor” (1921), o dramaturgo modernizará o teatro, sugerindo que a plateia deve aceitar que o drama clássico estava sofrendo transformações, antes mesmo de Bertolt Brecht propor a quebra da quarta parede com o seu teatro épico. Visto isso, com este trabalho objetivamos apontar os elementos que compõem o novo laboratório teatral de Pirandello, a partir das compreensões de épico e dramático.