Lugar e papel da afetividade na formação inicial de professores no Brasil e na França: análise das representações dos formadores e de suas práticas pedagógicas

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Data

2023-08-29

Orientador

Carvalho, Alonso Bezerra de
Acioly-Régnier, Nadja Maria

Coorientador

Pós-graduação

Educação - FFC

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Tese de doutorado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Resumo (português)

O presente trabalho está inserido no campo de pesquisa “cultura, cognição e afetividade” e teve como objetivo central investigar o lugar e o papel da afetividade nos cursos de formação inicial de professores, no Brasil e na França. Os aspectos contextuais nos remeteram ao crescimento da manifestação de determinados fenômenos na sala de aula como: dificuldades de mediação dos processos de ensino e de aprendizagem, violência entre alunos, bullying, assédio e violência contra professores, o que nos levou a repensar a importância atribuída à afetividade na formação inicial de professores. Partimos da hipótese de que conhecimentos e competências afetivas são pouco valorizados na formação de professores no que diz respeito aos conteúdos e competências profissionais. Para investigar nossa hipótese inicial, buscamos entender como a afetividade é compreendida e trabalhada pelos docentes formadores, atores centrais do processo formativo. Quanto aos procedimentos teórico-metodológicos, nos pautamos nas contribuições teóricas de Wallon (1968), Vygotsky (1998) e Damásio (2012) sobre o campo afetivo e as contribuições de Freire (1997) para a formação de professores. Nosso quadro metodológico se pautou na cross-fertilization (Leong et al. 2010) apoiados na junção de métodos quali-quantitativos de construção, tratamento e análise de dados. Os dados foram construídos em uma amostragem 9 professores dos INSPÉs (Institut National Supérieur du Professorat et de l’Éducation), das academias de Lyon, Marseille e Paris e, 9 professores dos campus da UNESP, das cidades de Marília, Bauru, Presidente Prudente e São José do Rio Preto. Para alcançar nossos objetivos realizamos a construção dos dados em três níveis: no nível macro, analisamos os repositórios institucionais e diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores. No nível meso analisamos os projetos pedagógicos e os conteúdos ministrados nas disciplinas Psicologia da Educação (desenvolvimento e da aprendizagem) no Brasil e nas unidades de ensino ligadas à psicologia na França. Coletamos informações por meio de questionário eletrônico via LimeSurvey, com o objetivo de construir dados mais amplos sobre as representações dos formadores sobre a presença e a importância da questão afetiva. Foi também enviado a 132 professores em formação (estudantes) um questionário via GoogleForms®, com o objetivo de compreender se a afetividade foi tema de trabalho durante a formação. A nível micro, realizamos entrevistas com os formadores e observações das aulas. Os dados foram tratados com os programas SPAD 9.2, para os dados textuais de base lexicométrica, e pelo programa CHIC 7, com base no quadro da análise estatística implicativa (ASI). Os resultados apontaram para a presença modesta dos componentes do campo afetivo nas leis, planos de ensino, unidades de ensino e maquetes de formação. Os docentes formadores, em sua maioria, apresentaram nos discursos a consciência da importância da afetividade para a formação docente, contudo reconhecem também que tais competências são secundarizadas na formação inicial em consequência da pouca carga horária e estrutura dos currículos atuais. Não foi possível perceber nas observações uma postura consciente ligada aos micro gestos de expressão profissional que favorecessem o desenvolvimento de competências afetivas. Os estudantes em formação de igual modo não se sentem preparados, do ponto de vista de competências afetivas, para desempenhar suas funções profissionais. Os dados mostraram que das poucas vezes que o tema da afetividade aparece na formação inicial, não especificam modos de ação, conhecimentos a serem construídos ou competências ligadas diretamente à afetividade a serem desenvolvidas pelos futuros profissionais. Em suma, o lugar e o papel da afetividade na formação inicial de professores precisam ser repensados.

Resumo (francês)

Le présent travail s'inscrit dans le domaine de recherche "culture, cognition et affectivité" et son objectif principal était d'étudier la place et le rôle de l'affectivité dans les cours de formation initiale des enseignants au Brésil et en France. Les aspects contextuels nous ont amenés à constater la croissance de certains phénomènes dans les classes, tels que les difficultés de médiation des processus d'enseignement et d'apprentissage, la violence entre les élèves, le harcèlement et la violence contre les enseignants, ce qui nous a amenés à repenser l'importance attribuée à l'affectivité dans la formation initiale des enseignants. Nous sommes partis de l'hypothèse que les savoirs et savoir-faire affectifs sont dévalorisés dans la formation des enseignants au regard des contenus et des savoir-faire professionnels. Pour étudier notre hypothèse initiale, nous cherchons à comprendre comment l'affectivité est comprise et travaillée par les formateurs d'enseignants, acteurs centraux du processus de formation. En ce qui concerne les procédures théoriques et méthodologiques, nous nous basons sur les contributions théoriques de Wallon (1968), Vygotsky (1998) et Damasio (2012) concernant le champ affectif et les contributions de Freire (1997) pour la formation des enseignants. Notre cadre méthodologique était basé sur une cross-fertilization (Leong et al. 2010) appuyée sur la jonction des méthodes quali-quantitatives de construction, de traitement et d'analyse des données. Les données proviennent d’un échantillon de 9 enseignants d'INSPÉ (Institut National Supérieur du Professorat et de l'Éducation), dans les académies de Lyon, Marseille et Paris, et de 9 enseignants des campus de l'UNESP, dans les villes de Marília, Bauru et Presidente Prudente et São José do Rio Preto. Pour atteindre nos objectifs, nous avons construit les données à trois niveaux : au niveau macro, nous avons analysé les référentiels institutionnels et les lignes directrices des programmes nationaux pour la formation des enseignants. Au niveau méso, nous avons analysé les projets pédagogiques et les contenus enseignés dans les matières de psychologie de l'éducation (développement et apprentissage) au Brésil et dans les unités d'enseignement liées à la psychologie en France. Nous avons collecté des informations au moyen d'un questionnaire électronique via LimeSurvey, dans le but de construire des données plus larges sur les représentations des formateurs de la présence et de l'importance de la question affective. Un questionnaire a également été envoyé à 132 enseignants en formation (étudiants) via GoogleForms®, dans le but de comprendre si l'affectivité était un thème de travail durant leur formation. Au niveau micro, nous avons réalisé des entretiens avec les formateurs et des observations de classes. Les données ont été traitées avec les programmes SPAD 9.2, pour les données textuelles basées sur la lexicométrie, et par le programme CHIC 7, basé sur le cadre de l'analyse statistique implicative (ASI). Les résultats ont mis en évidence la présence modeste des composantes du champ affectif dans les lois, les plans d'enseignement et les maquettes de formation. Les formateurs d'enseignants, dans leur majorité, ont présenté dans leurs discours conscience de l'importance de l'affectivité pour la formation des enseignants, mais ils ont également reconnu que ces compétences ne sont pas prioritaires dans la formation initiale en raison de la faible charge de travail et de la structure des programmes d'études actuels. Il n'a pas été possible de percevoir dans les observations une attitude consciente liée à la micro-gestion de l'expression professionnelle qui favoriserait le développement des compétences affectives. De même, les étudiants en formation ne se sentent pas préparés, du point de vue des compétences affectives, à exercer leurs fonctions professionnelles. Les données ont montré que les quelques fois où le thème de l'affectivité apparaît dans les formations initiales, celles-ci ne précisent pas les modes d'action, les savoirs à construire ou les compétences directement liées à l'affectivité à développer par les futurs professionnels. En résumé, la place et le rôle de l'affectivité dans la formation initiale des enseignants doivent être repensés.

Resumo (inglês)

The present work is inserted in the research field "culture, cognition and affectivity" and its main goal was to investigate the place and the role of affectivity in initial teacher education courses, in Brazil and France. The contextual aspects brought us to the growth of certain phenomena in the classroom, such as difficulties in mediating teaching and learning processes, violence among students, bullying, harassment and violence against teachers, which led us to rethink the importance given to affectivity in initial teacher education. We hypothesise that affective knowledge and skills are under-valued in teacher education in relation to professional content and skills. To investigate our initial hypothesis, we seek to understand how affectivity is understood and worked by teacher educators, central actors of the formative process. As for the theoretical and methodological procedures, we based ourselves on the theoretical contributions of Wallon (1968), Vygotsky (1998) and Damasio (2012) about the affective field and Freire's (1997) contributions to teacher education. Our methodological framework was based on cross-fertilization (Leong et al. 2010) supported by the junction of quali-quantitative methods of data construction, treatment, and analysis. The data was collected in a sample of 9 professors from the INSPÉs (Institut National Supérieur du Professorat et de l'Éducation) from the academies of Lyon, Marseille and Paris, and 9 professors from the UNESP campuses in the cities of Marília, Bauru and Presidente Prudente and São José do Rio Preto. To achieve our goals we collected data at three levels: at the macro level, we analyzed institutional repositories and national curricular guidelines for teacher education. At the meso level we analyzed the pedagogical projects and the contents taught in the disciplines Educational Psychology (developmental and learning) in Brazil and in the teaching units linked to psychology in France. We collected information by means of an electronic questionnaire via LimeSurvey®, with the aim of building up broader data about the trainers' representations of the presence and importance of the affective issue. A questionnaire was also sent to 132 teachers-in-training (students) via GoogleForms®, with the aim of understanding whether affectivity was a topic of work during their training. At the micro level, we conducted interviews with the trainers and class observations. Data were processed with the programs SPAD 9.2, for lexicometrically based textual data, and by the program CHIC 7, based on the framework of implicative statistical analysis (ASI). The results pointed to the modest presence of the affective field components in the laws, teaching plans and training models. Most teacher educators, in their speeches, were aware of the importance of affectivity for teacher education, however, they also recognized that such competencies are relegated to second place in initial training due to the small workload and structure of current curricula. It was not possible to notice in the observations a conscious posture linked to the micro-managements of professional expression that favored the development of affective competencies. The students in formation also do not feel prepared, from the point of view of affective competences, to perform their professional functions. The data showed that the few times the theme of affectivity appears in initial training, they do not specify modes of action, knowledge to be built or competences directly linked to affectivity to be developed by future professionals. In short, the place and role of affectivity in initial teacher education need to be rethought.

Descrição

Idioma

Português

Como citar

FRANCELINO, Ricardo. Lugar e papel da afetividade na formação inicial de professores no Brasil e na França: análise das representações dos formadores e de suas práticas pedagógicas. 2023. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Marília, 2023.

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