Educação ambiental no Novo Ensino Médio: uma análise dos itinerários formativos de química do currículo paulista

Abstract

Esta pesquisa aborda a inserção da Educação Ambiental (EA) nos Itinerários Formativos do Novo Ensino Médio (NEM) no Brasil, especialmente no que tange aos conteúdos direcionados ao ensino de química. O NEM, instituído pela Lei 13.415/2017, trouxe mudanças significativas ao currículo escolar, com uma proposta de currículo flexível a partir dos Itinerários Formativos, contudo, concretizado como um currículo esvaziado de conteúdos científicos. Assim, adotamos como objetivo geral apontar, à luz dos pressupostos da Educação Ambiental Crítica e da Pedagogia histórico-crítica, a concepção de EA expressa nos Itinerários Formativos de Ciências da Natureza em sua primeira fase de implementação no Estado de São Paulo. O foco central da pesquisa foi analisar como a EA está presente em uma unidade curricular (UC) do MAPPA de Ciências da Natureza. A metodologia utilizada foi a análise documental do MAPPA, com a seleção de trechos que explicitam uma compreensão sobre a relação entre natureza e sociedade e, posteriormente, classificação de acordo com a macrotendência da EA a que se relacionam (conservacionista, pragmática ou crítica). Os resultados mostraram que prevalece uma concepção pragmática de EA nos materiais, que focam em ações individuais, como consumo sustentável e empreendedorismo, sem abordar de maneira crítica o papel do capitalismo na degradação ambiental. As atividades propostas tendem a incentivar soluções individuais e comportamentais, sem discutir as estruturas socioeconômicas determinantes à crise ambiental. A pesquisa concluiu que o esvaziamento dos conteúdos científicos no NEM e a falta de uma concepção crítica na EA são obstáculos para que a educação escolar possibilite a apropriação, pelos estudantes, das causas dos problemas ambientais, para que compreendam a realidade e busquem transformá-la. Reconhecemos que esta pesquisa pode endossar o debate sobre a importância da EA crítica e da Pedagogia Histórico-Crítica na formação dos estudantes, ao mostrar as lacunas que o Novo Currículo Paulista traz.

This research looks at the inclusion of Environmental Education (EA) in the Formative Itineraries of the New High School (NEM) in Brazil, especially with regard to chemistry teaching content. The NEM, instituted by Law 13.415/2017, brought significant changes to the school curriculum, with a proposal for a flexible curriculum based on the Formative Itineraries, however, materialized as a curriculum emptied of scientific content. Thus, our general objective is to point out, in the light of the assumptions of Critical Environmental Education and Historical-Critical Pedagogy, the concept of environmental education expressed in the Formative Itineraries of Natural Sciences in their first phase of implementation in the state of São Paulo. The central focus of the research was to analyze how EA is present in a curricular unit (UC) of the MAPPA in the natural sciences. The methodology used was documentary analysis of the MAPPA, with the selection of excerpts that explain an understanding of the relationship between nature and society and, subsequently, classification according to the EA macro-trend to which they relate (conservationist, pragmatic or critical). The results showed that a pragmatic conception of environmental education prevails in the materials, which focus on individual actions such as sustainable consumption and entrepreneurship, without critically addressing the role of capitalism in environmental degradation. The proposed activities tend to encourage individual and behavioral solutions, without discussing the socio-economic structures that determine the environmental crisis. The research concluded that the emptying out of scientific content in the NEM and the lack of a critical conception of environmental education are obstacles to school education enabling students to take ownership of the causes of environmental problems, so that they can understand reality and seek to transform it. We recognize that this research can endorse the debate on the importance of critical environmental education and Historical-Critical Pedagogy in the education of students, by showing the gaps that the New São Paulo Curriculum brings.