Estimativa futura da perda de solo no entorno dos cursos de águas da Bacia Hidrográfica do rio Carapiranga (SP)

Abstract

A erosão pluvial, apesar de ser considerada como um processo natural, é potencializada pela supressão de áreas naturais para agricultura e urbanização. A exposição do solo aos fatores intempéricos resulta na desagregação e carreamento de partículas, podendo causar assoreamento dos cursos d'água. O presente trabalho aborda a perda de solo na bacia hidrográfica do Rio Carapiranga, no município de Registro (SP), com o objetivo de estudar as áreas suscetíveis à erosão nos anos de 2020 e 2050, através da metodologia de Wischmeier e Smith (1978) para estimar as perdas de solo na área de estudo, usando a Universal Soil Loss Equation (USLE), além de priorizar a recomposição em áreas com risco de erosão, oferecendo soluções práticas e estratégias de manejo sustentável para garantir a integridade ambiental a longo prazo da bacia hidrográfica. A análise detalhada incorporou fatores de erosividade da chuva, erodibilidade do solo, fator topográfico e práticas conservacionistas. Para prever as perdas de solo em 2050, adotou-se a metodologia das Cadeias de Markov, analisando pares de imagens de cobertura do solo e gerando cenários futuros. O estudo também avaliou a conformidade das Áreas de Preservação Permanente (APPs) com o Código Florestal de 2012. Identificaram-se APPs sem cobertura vegetal em áreas propensas ao carreamento de sedimentos, priorizando a recomposição com base na susceptibilidade à perda de solo. Essas análises fornecem uma visão abrangente da dinâmica da perda de solo, orientando estratégias de gestão sustentável e conservação ambiental. A análise meticulosa das classes de uso da terra, combinada com os fatores da USLE, não só revelou os pontos críticos de perda de solo, mas também esclareceu as razões subjacentes a esses fenômenos. A delimitação de conflitos de uso da terra nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) ofereceu uma base estratégica para priorizar a restauração da vegetação nativa, estratégia essencial para mitigar os processos erosivos e fortalecer a integridade ambiental da bacia. Além de abordar as questões atuais, este estudo lança um olhar ao futuro, prevendo o cenário para o ano de 2050, no qual foi possível observar uma melhoria de 90,29% para 93,07% na perda de solo nula a ligeira. As Cadeias de Markov foram empregadas como metodologia preditiva, oferecendo uma visão antecipada das possíveis mudanças na ocupação e cobertura do solo. Esta abordagem proativa permite antecipar desafios ambientais, proporcionando uma base sólida para estratégias futuras. Propõe-se a implementação de iniciativas inovadoras para preservação e recuperação, como o uso do Pagamento por Serviço Ambiental (PSA) que surge como uma estratégia econômica para incentivar a conservação, enquanto programas de educação ambiental são propostos para fortalecer a conscientização comunitária. Adicionalmente, sugere-se a criação de um abrangente Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, visando não apenas deter a degradação existente, mas também promover a restauração de áreas de preservação permanente impactadas pelo desmatamento. Este estudo não apenas contribui para a compreensão da dinâmica atual da bacia, mas também estabelece um roteiro estratégico para a sustentabilidade a longo prazo, abordando desafios presentes e futuros de maneira abrangente.

Rainfall erosion, despite being considered a natural process, is exacerbated by the suppression of natural areas for agriculture and urbanization. Soil exposure to weathering factors results in particle disaggregation and transport, potentially causing watercourse siltation. This study addresses soil loss in the Carapiranga River watershed, located in the municipality of Registro (SP), aiming to assess erosion-prone areas in 2020 and 2050. The Wischmeier and Smith (1978) methodology and the Universal Soil Loss Equation (USLE) were employed to estimate soil losses, prioritizing reclamation in erosion-risk areas. The detailed analysis considered factors such as rainfall erosivity, soil erodibility, and conservation practices. To forecast 2050 soil losses, the Markov Chain methodology analyzed pairs of land cover images, providing future scenarios. The study also evaluated compliance of Permanent Preservation Areas (APPs) with the 2012 Forest Code. APPs lacking vegetation cover in sediment-prone areas were identified, prioritizing reclamation based on susceptibility to soil loss. These analyses offer a comprehensive view of soil loss dynamics, guiding sustainable management and environmental conservation strategies. The meticulous analysis of land use classes, combined with USLE factors, not only revealed critical soil loss points but also shed light on underlying reasons. Conflicts in land use within APPs provided a strategic foundation to prioritize native vegetation restoration—an essential strategy to mitigate erosive processes and strengthen environmental integrity in the watershed. In addition to addressing current issues, this study looks to the future, projecting a 90.29% to 93.07% improvement in soil loss from negligible to slight by 2050. Markov Chains served as a predictive methodology, offering an early insight into potential changes in land use and cover. This proactive approach allows anticipating environmental challenges, providing a solid foundation for future strategies. Innovative initiatives for preservation and recovery, such as Payment for Environmental Services (PES), emerge as an economic strategy to encourage conservation. Environmental education programs are proposed to enhance community awareness. Additionally, a comprehensive Plan for the Recovery of Degraded Areas is suggested, aiming not only to halt existing degradation but also to promote the restoration of APPs impacted by deforestation. This study not only contributes to understanding the current dynamics of the Carapiranga River basin but also establishes a strategic roadmap for long-term sustainability, addressing present and future challenges comprehensively.