Por epistemologias feministas no ensino de ciências: ser professora e ser cientista

Abstract

Esta pesquisa de natureza qualitativa tem o objetivo de analisar como as relações de gênero configuraram os espaços acadêmicos e podem influenciar trajetórias de mulheres que vivem sua profissão como docentes e cientistas. Nos apoiamos nos estudos das Epistemologias Feministas no sentido de entendermos como as ciências foram influenciadas e, ao mesmo tempo, influenciaram períodos históricos, políticos e sociais. Discutimos como certas conceituações foram preponderantes para a exclusão das mulheres e outras minorias dos ambientes científicos, como a neutralidade e a objetividade. Com o propósito de entendermos as relações de séculos de exclusão e apagamentos das mulheres nas ciências com as conquistas e percalços que envolvem, atualmente, as carreiras e trajetórias das mulheres cientistas e docentes, realizamos entrevistas, com o uso da História Oral, com professoras de um programa de pós-graduação de uma universidade pública, no intuito de identificar e analisar suas trajetórias conforme a ótica do feminismo interseccional, relacionando-as aos aspectos de gênero, raça, classe, sexualidade, etc. que constroem o ambiente universitário. O ingresso de mulheres e pessoas negras nas Universidades não as tornam, necessariamente, lugares diversos e equitativos. É preciso que essas discussões se ampliem nos mais diferentes aspectos que regem a vida acadêmica.

This qualitative research aims to analyze how gender relations have configured academic spaces and can influence the trajectories of women who live their profession as professors and scientists. We rely on studies of Feminist Epistemologies in order to understand how the sciences were influenced and, at the same time, influenced historical, political and social periods. We discuss how certain concepts were preponderant for the exclusion of women and other minorities from scientific environments, such as neutrality and objectivity. With the purpose of understanding the relations of centuries of exclusion and erasure of women in the sciences with the achievements and mishaps that currently involve the careers and trajectories of women scientists and professors, we conducted interviews, using Oral History, with professors of a graduate program of a public university, in order to identify and analyze their trajectories according to the perspective of intersectional feminism, relating them to aspects of gender, race, class, sexuality, etc. that build the university environment. The entry of women and black people into universities does not necessarily make them diverse and equitable places. It is necessary that these discussions expand in the most different aspects that govern academic life.