A bela flor do/no campo: por uma geografia de gênero e (r)existência em assentamentos rurais do interior de São Paulo

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Data

2020-10-02

Orientador

Hespanhol, Rosangela Aparecida de Medeiros

Coorientador

Pós-graduação

Geografia - FCT

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Tese de doutorado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Resumo (português)

A presente tese teve como principal objetivo identificar o conjunto de estratégias de reprodução socioespaciais, individuais e coletivas, exercidas pelas integrantes da Associação de Mulheres Assentadas do Assentamento Monte Alegre VI (AMA), localizada no Assentamento Monte Alegre, em Araraquara-SP e da Organização das Mulheres Unidas da Gleba XV de Novembro (OMUS), no Assentamento Gleba XV de Novembro, em Rosana-SP; demonstrando como tais atividades têm surtido efeitos no fortalecimento das associações, no processo de autonomia dessas mulheres e no enfrentamento às opressões que vivenciam. Apesar de se tratar de um estudo comparativo, não houve o estabelecimento de linhas de avanço ou retrocesso, pois ambos os espaços são resultados de distintos processos históricos e níveis de inserção econômica nas lógicas de poder. Quanto a investigação, priorizou-se uso de diferentes procedimentos metodológicos, como entrevistas (temáticas e de história oral), grupos focais (com as gerações mais jovens) e elaboração de cartografias alternativas, que possibilitaram o acesso às informações condizentes com a multidimensionalidade das participantes da pesquisa. O conceito de gênero, elaborado ao longo da história, permitiu que as mulheres construíssem seus próprios argumentos de rejeição ao determinismo biológico. As atividades desempenhadas por mulheres e homens são social e culturalmente aprendidas, tornando-se instrumentos para estabelecer graus de poder e hierarquias. No espaço rural, as desigualdades de gênero ainda são intensas, mas as oposições entre feminino e masculino não são fixas e nem permanentes, apresentam fluidez, são suscetíveis às alterações e estão em constante devir, sendo construídas, desconstruídas e reconstruídas permanentemente, e as estratégias de reprodução socioespaciais são fissuras que tensionam esse movimento, possibilitando mudanças que promovem relações de gênero mais igualitárias. Destarte, as estratégias socioespaciais desenvolvidas por estas mulheres são condicionadas, a princípio, pela situação geográfica na qual constituem-se os assentamentos rurais, porém não se limitam a elas, uma vez que as práticas espaciais das associadas reconfiguram estes espaços, gerando novas espacialidades. Assim, constata-se que há em curso o fortalecimento destas mulheres por meio da formalização de associações, e o desenvolvimento de estratégias socioespaciais diferenciadas e combinadas, que além de gerarem melhorias nas condições de vida e de trabalho para os assentamentos como um todo, possibilitam o empoderamento feminino das agricultoras, propiciando a reconfiguração da organização de trabalho das famílias, de modo a transgredir as normas de gênero vigentes no espaço rural, fragilizando as dicotomias entre ajuda/trabalho, espaço doméstico/espaço público, rompendo assim com a ideia da invisibilidade feminina.

Resumo (espanhol)

Esta tesis tuvo como objetivo principal identificar el conjunto de estrategias de reproducción socioespacial, individual y colectiva, ejercidas por las integrantes de la Asociación de Mujeres Asentadas del Asentamiento Monte Alegre VI (AMA), ubicada en el Asentamiento Monte Alegre, en Araraquara- SP y de la Organización Mujeres Unidas de Gleba XV de Novembro (OMUS), en el Asentamiento Gleba XV de Novembro, en Rosana-SP; demostrando cómo estas actividades han tenido efectos en el fortalecimiento de las asociaciones, en el proceso de autonomía de estas mujeres y en el afrontamiento de las opresiones que viven. A pesar de ser un estudio comparativo, no se establecieron líneas hacia adelante o hacia atrás, ya que ambos espacios son el resultado de diferentes procesos históricos y niveles de inserción económica en las lógicas del poder. En cuanto a la investigación, se priorizó el uso de diferentes procedimientos metodológicos, como entrevistas (temáticas y de historia oral), grupos focales (con las generaciones más jóvenes) y la elaboración de cartografías alternativas, que permitieron el acceso a información acorde con los participantes. 'multidimensionalidad. de la investigación. El concepto de género, elaborado a lo largo de la historia, ha permitido a las mujeres construir sus propios argumentos para el rechazo del determinismo biológico. Las actividades que realizan mujeres y hombres son aprendidas social y culturalmente, convirtiéndose en instrumentos para establecer grados de poder y jerarquías. En el medio rural, las desigualdades de género aún son intensas, pero las oposiciones entre mujeres y hombres no son fijas ni permanentes, presentan fluidez, son susceptibles a cambios y están en constante devenir, construirse, deconstruirse y reconstruirse permanentemente, y estrategias de desarrollo socioespacial. La reproducción son fisuras que tensan este movimiento, posibilitando cambios que promuevan relaciones de género más igualitarias. Así, las estrategias socioespaciales desarrolladas por estas mujeres están condicionadas, en un primer momento, por la situación geográfica en la que se constituyen los asentamientos rurales, pero no se limitan a ellos, ya que las prácticas espaciales de las asociadas reconfiguran estos espacios, generando nuevas espacialidades. Así, parece que existe un fortalecimiento continuo de estas mujeres a través de la formalización de asociaciones, y el desarrollo de estrategias socioespaciales diferenciadas y combinadas, que además de generar mejoras en las condiciones de vida y de trabajo del conjunto de los asentamientos, posibilitan el empoderamiento femenino de las agricultoras, posibilitando la reconfiguración de la organización del trabajo de las familias, con el fin de transgredir las normas de género vigentes en el medio rural, debilitando las dicotomías entre ayuda / trabajo, espacio doméstico / espacio público, rompiendo así con la idea de Invisibilidad femenina.

Resumo (inglês)

This thesis has as the main objective to identify and cluster the set of sociospatial reproduction strategies, individual and collective, exercised by the members of the Association of Settled Women from the Monte Alegre VI Settlement (AMA), located in the Monte Alegre settlement, Araraqura-SP and from the Organization of United Women from Sector II from Gleba XV of November (OMUS), in the settlement Gleba XV of November, in Rosana-SP; demonstrating how such activities have affected the reinforcement of the associations in the process of autonomy of those women in the fight against the oppression that they live. Besides being a comparative study, our intent does not constitute drawing lines between advances or setbacks since we consider both spaces the results of distinct historical processes and economic insertion levels in logics of power. Concerning the investigation, we prioritize using different methodological procedures, such as interviews (thematic or oral story), focal groups (with younger generations), and elaboration of alternative cartography, which enable us to access information according to the multidimensionality of the research's participants. The gender concept, conceived throughout history, allowed women to build their arguments for rejecting biological determinism. The activities performed by those women and men are social and culturally learned, becoming instruments to establish power and hierarchy. In the rural space, gender inequality is intense, but the feminine and masculine oppositions are not fixed or permanent; they present fluidity, being permanently constructed, deconstructed, and reconstructed, and the sociospatial reproduction strategies are cracks that tension this movement, enabling changes to promote more egalitarian gender relations. For that reason, the sociospatial strategies developed by these women are conditioned, at first, by the geographical situation in which the rural settlements are inserted, but they do not limit the women since the associated women's spatial practices reconfigure these spaces, generating new spatialities. In this way, it is detected the strengthening of those women through the formalization of associations and the development of differentiated and combined sociospatial strategies, not only improving life and work quality for the settlements as a whole but enabling the empowerment of women farmers, providing the reconfiguration of the families' work organization, in order to transgress the gender norms in force in rural areas, weakening the dichotomy between favor/work, domestic space/public space, breaking with the idea of feminine invisibility.

Descrição

Idioma

Português

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