O alto consumo de etanol parental pós-púbere e o desenvolvimento e a inflamação mamária e ovariana na prole feminina não exposta
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Data
2024-08-29
Autores
Orientador
Martinez, Francisco Eduardo
Coorientador
Zapaterini, Joyve Regina
Pós-graduação
Biologia Geral e Aplicada - IBB
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Tese de doutorado
Direito de acesso
Acesso restrito
Resumo
Resumo (português)
Introdução: A influência parental sobre os descendentes se inicia antes da concepção, portanto, a mãe e o pai são decisivos no desenvolvimento, nas alterações fenotípicas e na gênese de doenças na prole. Estudos prévios relataram que exposição alcoólica parental no período púbere prejudica o desenvolvimento da prole feminina e masculina, sendo os mecanismos envolvidos menos evidentes nas fêmeas. Assim, com o crescente uso do etanol entre os jovens, são necessários estudos que verifiquem seu prejuízo às futuras gerações. Dessa forma, avaliamos se o consumo de alta quantidade de etanol parental na pós-puberdade interfere no desenvolvimento, no estresse oxidativo, na inflamação e na fisiologia do ovário e da mama em diferentes idades, e a contribuição materna, paterna ou de ambos para os efeitos observados. Material e métodos: 40 casais de ratos da variedade UChB, consumidores voluntários de alta quantidade de etanol (> 2g / kg / dia), foram distribuídos em quatro grupos (n = 10 casais / grupo): controle (C), alimentados com ração e água; etanol (E), alimentados com ração, água e acesso livre ao etanol por machos e fêmeas; mães expostas ao etanol (ME), alimentados com ração e água, sendo o acesso ao etanol exclusivo das fêmeas, e pais expostos ao etanol (PE), alimentados com ração e água, sendo o acesso ao etanol exclusivo dos machos. Os animais com acesso ao etanol receberam uma garrafa de etanol a 10% do dia pós-natal (DPN) 65 ao 80, com retirada após esse período. O acasalamento ocorreu no DPN 100. No nascimento da prole, as fêmeas foram monitoradas, sendo divididas em quatro fases: juvenil (DPN 30), púbere (DPN 50), adulta (DPN 150) e adulta tardia (DPN 300). Os ovários e as mamas foram coletados, pesados e armazenados. Uma parte da glândula mamária foi destinada para contabilizar o número de brotos terminais (TEB) e os parâmetros de crescimento. ER-α, PR, TGF- β1 e NF-kB foram analisados por Western blot. A apoptose e os folículos ovarianos foram avaliados por HE, enquanto a proliferação celular por imuno-histoquímica. Os mediadores pró-inflamatórios, hormônios reprodutivos e o estresse oxidativo também foram dosados. Resultados: A prole E apresentou atraso no desenvolvimento físico, na instalação da puberdade e aumento da distância anogenital, enquanto os grupos tratados apresentaram baixo peso corpóreo pré-desmame e alteração no consumo alimentar. Na glândula mamária, observamos aumento na expressão de TGF- β1 em E, de PR em ME e ER-α em PE. Menor perímetro mamário, em E e PE, e contagem de TEBs, em PE, foi observado. Em relação ao ovário, observamos, em todos os grupos, menor expressão de ER-α e PR e aumento de citocinas pró-inflamatória. Menor porcentagem de proliferação da granulosa em PE e ME no DPN 300, e nos níveis de estradiol, em E no DPN 30, também foram observados. Menor expressão de TGF-β1 e aumento da enzima antioxidante e do NF-kB foram constatados apenas em E. Conclusões: O uso alcoólico parental pós-púbere interfere no desenvolvimento físico e nos parâmetros reprodutivos da prole feminina não exposta, com resultados modulados segundo o uso materno, paterno ou por ambos os pais. O consumo alcoólico por ambos os pais acentua seus efeitos, principalmente, sobre as características de desenvolvimento físico, níveis hormonais e puberdade. Em relação aos tecidos hormônios-dependentes, o ovário mostrou-se mais suscetível comparado à glândula mamária, sendo o consumo por ambos os pais capaz de aumentar os níveis da enzima antioxidante devido a possível inflamação na idade adulta tardia. A glândula mamária alterou a expressão de receptores em idades pontuais, mas não o seu desenvolvimento geral. O consumo por ambos os pais e exclusivamente paterno alteraram maior quantidade de parâmetros. Segundo nossas análises, o consumo por ambos os pais influência significativamente a prole feminina, seguido pelo consumo exclusivamente paterno e, posteriormente, o materno. Nossos resultados contribuem na conscientização do uso do etanol precoce e pré-concepcional para as futuras gerações.
Resumo (inglês)
Background: Parental influence on offspring begins before conception; therefore, both mother and father are crucial in the development, phenotypic changes, and genesis of diseases in their progeny. Previous studies have reported that parental alcohol exposure during puberty impairs the development of both male and female offspring, with the mechanisms involved being less evident in females. Thus, with the high use of ethanol among young people, studies are needed to verify its impact on future generations. In this context, we evaluated whether high parental ethanol consumption in post-puberty interferes with development, oxidative stress, inflammation, and the physiology of the ovary and mammary gland at different ages, as well as the maternal, paternal, or combined contributions to the observed effects. Our results contribute to raising awareness of the impact of early and pre-conceptional ethanol use on future generations. Material and Methods: Forty pairs of UChB rats, voluntary consumers of high amounts of ethanol (> 2g/kg/day), were distributed into four groups (n = 10 pairs/group): Control (C), fed with standard chow and water; Ethanol (E), fed with standard chow, water, and free access to ethanol by males and females; Ethanol-exposed Mothers (ME), fed with standard chow and water, with ethanol access restricted to females; and Ethanol-exposed Fathers (PE), fed with standard chow and water, with ethanol access restricted to males. The animals with ethanol access received a 10% ethanol bottle from postnatal day (PND) 65 to 80, with removal after this period. Mating occurred on PND 100. Upon offspring birth, the females were monitored and divided into four phases: juvenile (PND 30), pubertal (PND 50), adult (PND 150), and late adult (PND 300). The ovaries and mammary glands were collected, weighed, and stored. A portion of the mammary gland was used to count terminal end buds (TEB) and growth parameters. ER-α, PR, TGF-β1, and NF-kB were analyzed by Western blot. HE evaluated apoptosis and ovarian follicles, while cell proliferation was assessed by immunohistochemistry. Pro-inflammatory mediators, reproductive hormones, and oxidative stress were also measured. Results: The E offspring showed delayed physical development, delayed puberty onset, and increased anogenital distance, while all groups exhibited low pre-weaning body weight and altered food intake. In the mammary gland, we observed increased TGF-β1 expression in E, PR in ME, and ER-α in PE. Reduced mammary perimeter in E and PE, and TEB counts in PE were observed. All groups showed reduced ER-α and PR expression and increased pro-inflammatory cytokines regarding the ovary. Lower granulosa cell proliferation in PE and ME on PND 300 and reduced estradiol levels in E on PND 30 were also observed. Lower TGF-β1 expression and increased antioxidant enzyme and NF-kB levels were found only in E. Conclusions: Post-pubertal parental alcohol use interferes with physical development and reproductive parameters in ethanol-naive offspring, with results modulated by maternal, paternal, or combined parental use. Alcohol consumption by both parents exacerbates its effects, particularly on physical development, hormonal levels, and puberty onset. Regarding hormone-dependent tissues, the ovary was more susceptible compared to the mammary gland, with consumption by both parents capable of increasing antioxidant enzyme levels due to possible inflammation in late adulthood. The mammary gland altered receptor expression at specific ages but did not affect overall development. Consumption by both parents and exclusively by the father altered the most parameters. According to our analyses, consumption by both parents significantly influences female offspring, followed by exclusively paternal and then maternal consumption.
Descrição
Palavras-chave
Idioma
Português