Aspectos metabólicos, histopatológicos e parasitários de Oreochromis niloticus silvestres e cultivados em sistemas de piscicultura em tanques-rede
Carregando...
Data
2024-03-01
Autores
Orientador
Ramos, Igor Paiva
Coorientador
Silveira, Rosicleire Veríssimo
Pós-graduação
Ciências Biológicas (Zoologia) - IBB 33004064012P8
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Tese de doutorado
Direito de acesso
Acesso restrito
Resumo
Resumo (português)
Pisciculturas em tanques-rede são sistemas produtivos em que os peixes cultivados são alimentados exclusivamente com ração, um alimento rico energeticamente. Contudo, parte dessa ração é liberada no ecossistema aquático adjacente, aumentando a disponibilidade de recursos alimentares e, consequentemente, atraindo organismos silvestres e aumentando suas chances de contato com os peixes cultivados, facilitando trocas de parasitos. O presente estudo objetivou comparar possíveis alterações fisiológicas, histopatológicas e parasitárias entre Oreochromis niloticus silvestres e cultivados em sistema de piscicultura em tanques-rede no reservatório de Ilha Solteira, rio Grande, SP. Foram coletados 50 exemplares silvestres e 50 cultivados, que foram eutanasiados e necropsiados para retirada de todos os órgãos. Para as análises fisiológicas e histopatológicas, foram utilizadas amostras do hepatopâncreas de 20 exemplares silvestres e 20 cultivados, enquanto para as análises parasitológicas todos os exemplares foram utilizados. Para as análises fisiológicas (proteína, lipídeo, glicogênio e ácidos graxos), as amostras foram mantidas em ultrafreezer -80 °C. Para as análises histopatológicas, as amostras foram fixadas em ALFAC, desidratadas, incluídas em Paraplast, e os cortes semi-seriados foram corados para montagem de lâminas. Para análises parasitológicas, todos os órgãos foram analisados e os parasitos quantificados e identificados até o menor nível taxonômico possível. Os ácidos graxos saturados neutros (maiores concentrações nos cultivados) e poli-insaturados ômega-3 neutros (maiores concentrações nos silvestres) diferiram entre os grupos de peixes. Exemplares silvestres e cultivados apresentaram alterações histopatológicas, com maior frequência e grau de severidade nos cultivados, sendo que necrose ocorreu apenas nesse grupo. Os cultivados apresentaram danos moderados para severos quanto ao funcionamento do órgão. Assim, infere-se que o consumo intenso e constante da ração por exemplares de O. niloticus cultivados, causou maior acúmulo de ácidos graxos saturados na fração neutra do hepatopâncreas, desencadeando alterações histopatológicas mais graves. Enquanto os silvestres, mesmo consumindo ração, tiveram maior concentração de ácidos graxos ômega-3, resultando em danos leves e funcionamento normal do órgão, podendo estar relacionado a ampla riqueza de alimentos naturais consumidos, e uma possível regeneração dos tecidos. A riqueza parasitária total foi de 19 táxons de parasitos, sendo que a comunidade parasitária diferiu entre silvestres e cultivados, com uma dissimilaridade de 61.7%. Exemplares silvestres estão mais propensos a se infectarem por endoparasitos, devido à exploração de zonas de sedimentação e bordas do reservatório, possibilitando o contato direto com ovos e larvas de parasitos, transmitidos via cadeia trófica ou por penetração ativa de cercarias nos tecidos dos peixes. As maiores abundâncias, foram observadas para ectoparasitos, em ambos os grupos de peixes. Observou-se também a associação epibiôntica entre Dolops carvalhoi e Epistylis sp., ambos parasitando O. niloticus silvestres e cultivados. Além disso, foi observado o primeiro relato de metacestoides da ordem Cyclophyllidea parasitando O. niloticus silvestres e cultivados no Brasil. Dessa forma, avaliar as formulações, quantidades e frequências alimentares, são fundamentais para sustentabilidade dos empreendimentos e meio ambiente, pois manejos incorretos resultam em distúrbios alimentares que comprometam a saúde dos peixes deixando-os mais suscetíveis a doenças, podendo atingir a biota silvestre.
Resumo (inglês)
Cage fish farms are production systems in which the farmed fish are fed exclusively with feed, an energy-rich food. However, part of this feed is released into the adjacent aquatic ecosystem, increasing the availability of food resources and, consequently, attracting wild organisms and increasing their chances of contact with farmed fish, facilitating parasite exchanges. The present study compares possible physiological, histopathological, and parasitic changes between wild and farmed Oreochromis niloticus in a cage fish farm in the Ilha Solteira reservoir, Grande River, SP. Fifty wild and 50 farmed specimens were collected, euthanized, and necropsied to remove all organs. Hepatopancreas samples from 20 wild and 20 farmed specimens were used for physiological and histopathological analyses, while all specimens were utilized for parasitological analyses. For physiological analyses (protein, lipid, glycogen, and fatty acids), the samples were kept in an ultrafreezer at -80 °C. For histopathological analyses, the samples were fixed in ALFAC, dehydrated, embedded in Paraplast, and the semi-serial sections stained for mounting slides. All organs were analyzed for parasitological analyses, and the parasites were quantified and identified to the lowest taxonomic level possible. Neutral saturated fatty acids (higher concentrations in farmed specimens) and neutral polyunsaturated omega-3 fatty acids (higher concentrations in the wild) differed between groups of fish. Wild and farmed specimens showed histopathological changes, with greater frequency and degree of severity in farmed ones, with necrosis occurring only in this group. Those farmed specimens showed moderate to severe damage to the functioning of the organ. Thus, it is inferred that the intense and constant feed consumption by farmed O. niloticus caused a more significant accumulation of saturated fatty acids in the neutral fraction of the hepatopancreas, triggering more severe histopathological changes. Wild specimens, even consuming feed, had a higher concentration of omega-3 fatty acids, resulting in mild damage and normal functioning of the organ, which may be related to the wide variety of natural foods consumed and possible tissue regeneration. The total parasite richness was 19 taxa, with the parasite community differing between wild and farmed, with a dissimilarity of 61.7%. Wild specimens are more likely to become infected by endoparasites due to exploring sedimentation zones and the reservoir's edges, enabling direct contact with parasite eggs and larvae transmitted via the trophic chain or by active penetration of cercariae into fish tissues. The highest abundances of ectoparasites were observed in both groups of fish. An epibiotic association was also observed between Dolops carvalhoi and Epistylis sp., parasitizing wild and farmed O. niloticus. Furthermore, the first report of metacestodes of the order Cyclophyllidea parasitizing wild and farmed O. niloticus in Brazil was observed. Therefore, evaluating feed formulations, quantities, and frequencies is essential for the sustainability of enterprises and the environment. Then, inadequate management results in eating disorders that compromise fish health leaving them more susceptible to diseases that can affect wild biota.
Descrição
Palavras-chave
Idioma
Português