Trabalhadores docentes de Ciências da educação básica e o contexto de sofrimento-adoecimento

Abstract

Esta pesquisa tem como temática central a análise do fenômeno de sofrimento-adoecimento dos trabalhadores docentes de Ciências na educação básica, à luz do Materialismo Histórico Dialético e a partir dos pressupostos da Pedagogia Histórico Crítica e da Psicologia Histórico Cultural. Partindo da consideração da concepção marxista de trabalho, enquanto categoria fundamental, empreendemos um caminho investigativo na tentativa de desvelar as particularidades do trabalho docente, tendo em vista os princípios dialéticos e, portanto, compreendendo o fenômeno constituído e permeado por múltiplas determinações. Para tanto, esclarecemos, a partir da literatura, o que é o fenômeno do sofrimento-adoecimento docente, compreendendo-o a partir da determinação social do processo de saúde-doença. Abordamos o processo de proletarização e esvaziamento do trabalho docente determinado e estruturado, atualmente, pelas políticas neoliberais. Com o objetivo de compreender como se produz e reproduz o sofrimento-adoecimento e analisar a manifestação do fenômeno na categoria dos trabalhadores docentes de Ciências, a coleta de dados foi efetuada, por meio de questionários e entrevistas com trabalhadores docentes de Ciências da rede de ensino básico. No processo de análise, elencamos unidades de análise, buscando a compreensão dos dados a partir do referencial teórico-metodológico aqui apropriado. A discussão das unidades nos revelou a necessidade de defender a formação inicial e continuada de trabalhadores docentes no sentido de promover sua aproximação com referenciais pedagógicos críticos. Destacamos também a importância da coletividade enquanto resistência ativa à condição estudada, estruturada e inter-relacionada com a autonomia docente e as condições concretas de trabalho. Além da compreensão que o esvaziamento do trabalho docente é a expressão de um projeto político elaborado intencionalmente. Por fim, entendemos que o trabalho sob os moldes do modo de produção é gerador de contradições, determinando a alienação, promovendo a desumanização e o adoecimento dos trabalhadores.

This research has as its central theme the analysis of the suffering-illness phenomenon of Science teachers in basic education, in the light of Dialectical Historical Materialism and from the assumptions of Historical-Critical Pedagogy and Historical-Cultural Psychology. Starting from the consideration of the Marxist conception of work, as a fundamental category, we undertake an investigative path in an attempt to reveal the particularities of teaching work, in view of dialectical principles and, therefore, understanding the phenomenon constituted and permeated by multiple determinations. In order to do so, we clarify, from the literature, what the phenomenon of teacher suffering-illness is, understanding it from the social determination of the health-disease process. We approach the process of proletarianization and emptying of teaching work determined and structured, currently, by neoliberal policies. In order to understand how the suffering-illness category of teaching workers is produced and reproduced and to analyze the manifestation of the phenomenon in the category of Science teachers, data collection was carried out through questionnaires and interviews with Science teachers from the network of basic education. In the analysis process, we listed units of analysis, seeking to understand the data from the theoretical-methodological framework appropriate here. The discussion of the units revealed to us the need to defend the initial and continuing education of teachers in order to promote their approximation with critical pedagogical references. We also emphasize the importance of the collectivity as an active resistance to the studied condition, structured and interrelated with the teaching autonomy and the concrete working conditions. In addition to understanding that, the emptying of teaching work is the expression of an intentionally designed political project. Finally, we understand that work under the molds of the mode of production generates contradictions, determining alienation, promoting the dehumanization and illness of workers.