Impacto da ingestão de microplásticos na saúde de cães e gatos

Abstract

Os plásticos, compostos por polímeros sintéticos, são materiais amplamente utilizados devido a suas propriedades físicas, como durabilidade, resistência e flexibilidade. Seu uso abrangente inclui desde setores industriais até o cotidiano, incluindo embalagens e produtos de saúde. No entanto, os microplásticos, que são fragmentos derivados da degradação de plásticos maiores ou já presentes em produtos como cosméticos, surgiram como poluentes emergentes. Em 2019, cerca de 10 milhões de toneladas de resíduos plásticos foram despejados nos oceanos, com projeções indicando um aumento até 2030. Apenas 6% do plástico produzido é reciclado, enquanto a maioria é destinada a aterros ou liberada no meio ambiente. Os microplásticos afetam não apenas os ambientes aquáticos, mas também os terrestres, incluindo alimentos e animais domésticos, que podem servir como sentinelas para a exposição humana. Estudos indicam que alimentos terrestres e animais de produção estão contaminados por microplásticos, o que pode ter impactos significativos na saúde. No Brasil, onde a taxa de reciclagem de plástico é baixa, os animais de companhia podem atuar como possíveis sentinelas da saúde humana devido ao compartilhamento de ambientes e hábitos. Os microplásticos, com diferentes tamanhos e toxicidades, podem entrar no corpo animal por ingestão, inalação ou contato com a pele, resultando em inflamações, estresse oxidativo, danos celulares e outros efeitos adversos. A presença de microplásticos em tecidos humanos e animais, como observado em placentas humanas, sugere potenciais riscos à saúde. Considerando a interdependência entre a saúde humana, animal e ambiental, investigar a presença de microplásticos em animais de companhia é crucial para compreender seus impactos na saúde pública e ambiental.