Análise de planejamentos com configurações de 4, 5, 6 e 7 campos com 6MV e 10MV na radioterapia hipofracionada 3D-CRT para câncer de próstata: Uma análise baseada no protocolo CHHiP Trial

Abstract

O câncer de próstata é uma das neoplasias mais prevalentes entre os homens, sendo a radioterapia uma modalidade de tratamento amplamente adotada devido à sua eficácia na redução e controle tumoral. No Brasil, a técnica de planejamento tridimensional conformacional (3D-CRT) é a mais utilizada, tendo seu predomínio nos hospitais públicos do país. O hipofracionamento, que envolve a administração de maiores doses por fração em um menor número de sessões, conforme estabelecido pelo estudo CHHiP trial, surge como uma alternativa promissora para otimizar o tratamento, reduzindo a duração total sem comprometer os resultados clínicos. Com isso, este trabalho buscou explorar a viabilidade do hipofracionamento para reduzir o número de frações em relação ao fracionamento convencional, baseando-se nas diretrizes do protocolo CHHiP trial, além de analisar os impactos dessa modificação na qualidade do tratamento e na proteção dos órgãos de risco, como a bexiga, o reto e o fêmur. Para isso, foram analisados os parâmetros do planejamento 3D-CRT para o tratamento do câncer de próstata, utilizando diferentes quantidades de campos de radiação (4, 5, 6 e 7 campos), ambos com energia de 6MV e 10MV. A metodologia envolveu a realização dos planejamentos no sistema Eclipse versão 13.6, com a seleção de 14 pacientes que apresentavam preparo ideal de reto e bexiga, garantindo condições homogêneas para a avaliação. Utilizou-se um Acelerador Linear Clinac 2100, aplicando a técnica 3D-CRT com variação no número de campos de radiação. Os dados foram coletados a partir dos histogramas dose-volume (DVH) gerados, permitindo uma análise detalhada dos parâmetros dos planos. Os resultados mostraram que, para os órgãos de risco, não houve diferenças significativas (p > 0,05) nos volumes do reto e da bexiga entre os diferentes planejamentos, indicando que o número de campos e a energia não afetaram a dose nos volumes estabelecidos pelo CHHiP. No entanto, para os fêmures, foram observadas diferenças estatisticamente significativas (p < 0,05) nos planos de 6 campos apresentando maior dose máxima, sugerindo um impacto negativo na dose recebida por esses órgãos. As análises de conformidade, utilizando os índices RTOG e Paddick, confirmaram que o número de campos e a energia têm impacto significativo na qualidade do planejamento, com a energia de 10MV oferecendo melhores resultados de conformidade, especialmente em planos com 7 campos. A homogeneidade da dose no PTV foi mais sensível ao número de campos com a energia de 6MV. Além disso planos com maior número de campos resultaram em melhores índices de homogeneidade e gradiente de dose. A análise estatística revelou que, ambos os feixes de energia atendam satisfatoriamente aos critérios volumétricos. Diante disso, conclui-se que a implementação do estudo CHHiP trial é viável e vantajosa, permitindo a redução do número de frações de tratamento, o que potencialmente diminuirá a fila de espera dos pacientes e otimizará o uso dos recursos clínicos. Assim, a adoção do protocolo hipofracionado para tratamentos 3D-CRT de câncer de próstata pode ser considerada uma prática clinicamente benéfica, proporcionando uma alternativa eficiente que melhora a qualidade do tratamento sem comprometer a segurança e eficácia, além de oferecer um melhor custo-benefício para os centros de radioterapia.