Dinâmica de transmissão de doenças em ambientes insulares: uma revisão sistemática compreensiva

Abstract

Considerando o efeito antrópico na alteração das paisagens naturais e em suas interconectividades, ao avaliar-se as Doenças Emergentes observamos como a urbanização e o uso do espaço pelo Homo sapiens contribuíram para que a espécie se inserisse na espiral de circulação de seus agentes patógenos. Os ambientes insulares são clássicos para os estudos biogeográficos que, em uma de suas subáreas, avaliam a prevalência dos patógenos em populações hospedeiras, sendo determinantes para mitigar a transmissão de doenças de hospedeiros silvestres para humanos. Com isso, essa revisão sistemática compreensiva teve como objetivo investigar as dinâmicas de transmissão de doenças em ilhas, já que são superfícies terrestres limitadas pela água e possuem ecossistemas relativamente homogêneos. Esses espaços têm baixa riqueza de espécies e, comumente, altos níveis de endemismo, de modo que as comunidades de predadores geralmente são conhecidas, assim como a produtividade primária, o habitat, o perímetro e o relevo podem ser quantificados objetivamente para prever seus efeitos na abundância dos hospedeiros silvestres e vetores. O conhecimento sobre essas características pode permitir a compreensão a respeito das dinâmicas de transmissão de doenças, a qual mostra-se necessária tanto por conta da ocupação e utilização das ilhas pelo Homo sapiens - para fins turísticos e comerciais - quanto pelo comportamento de espécies migratórias que auxiliam na dispersão dos patógenos. Considerando o objetivo da investigação, verificamos como que as migrações humanas e o tráfego marítimo relacionado à comercialização de produtos e ao tráfico de escravos foram uns dos fatores mais proeminentes que consolidaram a disseminação de vetores capazes de causar as arboviroses que acometem, principalmente, os países tropicais. Além disso, verificamos como o aumento das temperaturas assume um caráter sistêmico no que tange as reações em cascata relacionadas à intensificação do El Niño-Southern Oscilation (ENSO), ao aumento dos níveis dos oceanos e às alterações nas dinâmicas de transmissão de diversas doenças.

Considering the anthropic effect on the alteration of natural landscapes and their interconnectivities, when evaluating Emerging Diseases, we observe how urbanization and the use of space by Homo sapiens have contributed to the species becoming involved in the circulation spiral of its pathogenic agents. Insular environments are classic for biogeographical studies that, in one of their subareas, assess the prevalence of pathogens in host populations, being crucial to mitigate the transmission of diseases from wild hosts to humans. Thus, this comprehensive systematic review aimed to investigate the dynamics of disease transmission on islands, as they are land surfaces limited by water and have relatively homogeneous ecosystems. These spaces have low species richness and commonly high levels of endemism, so that predator communities are generally known, as well as primary productivity, habitat, perimeter, and relief can be objectively quantified to predict their effects on the abundance of wild hosts and vectors. Knowledge of these characteristics can enable understanding of disease transmission dynamics, which is necessary due to both the occupation and use of islands by Homo sapiens for tourism and commerce, and the behavior of migratory species that assist in the spread of pathogens. Considering the research objective, we found that human migrations and maritime traffic related to the trade of products and slave trafficking were among the most prominent factors that consolidated the spread of vectors capable of causing arboviruses, especially in tropical countries. Furthermore, we observed how rising temperatures take on a systemic character concerning cascading reactions related to the intensification of the El Niño-Southern Oscillation (ENSO), rising ocean levels, and changes in the transmission dynamics of various diseases.