Efeito da paisagem urbana sobre o sucesso reprodutivo de Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos (Bignoniaceae)

Abstract

A urbanização é um processo complexo que transforma profundamente os ambientes naturais, substituindo áreas verdes por superfícies impermeáveis como asfalto e prédios. Essas alterações da paisagem natural comprometem grupos ecológicos cruciais, especialmente os polinizadores. Dentre estes, as abelhas são responsáveis pela polinização de 87% das angiospermas, desempenhando um papel fundamental na manutenção da biodiversidade e na produção de alimentos. A perda e fragmentação de habitats causadas pela urbanização reduzem significativamente os recursos disponíveis para esses polinizadores, gerando potencial impacto negativos na reprodução de plantas pela diminuição da presença de polinizadores na paisagem urbana. Pensando nisso, utilizamos Handroanthus impetiginosus (Bignoniaceae), como espécie modelo, para compreender como a intensificação urbana e o anúncio floral influenciam a interação plantas-polinizador, analisando o sucesso reprodutivo, a assembleia de abelhas e a frequência de visitas. A metodologia do estudo envolveu a estimativa de Kernel para avaliar a densidade de indivíduos florescendo e o desenvolvimento do Índice de Adequabilidade para Biodiversidade Urbana (IABU), que integra variáveis urbanas como temperatura, densidade populacional e uso do solo. Contrariando nossas expectativas iniciais, não foram observadas diferenças significativas na frutificação ou na frequência de visitas às flores por abelhas entre áreas mais ou menos urbanizadas e entre áreas com maior ou menor densidade de indivíduos florescendo. Isso sugere que as interações planta-polinizador em H. impetiginosus são mantidas de forma homogênea ao longo da paisagem urbana e periurbana. A floração massiva dessa espécie pode ter atuado como um fator de equilíbrio, criando "oásis" de recursos que atraem polinizadores de maneira uniforme, independentemente do nível de urbanização ou da densidade de árvores em floração. O manejo urbano surge como elemento crucial para a conservação das interações planta-polinizador. Estratégias que promovam a diversidade de espécies nativas com períodos complementares de floração podem garantir recursos contínuos, criar corredores ecológicos e sustentar as comunidades de polinizadores ao longo do tempo. Essas práticas são especialmente relevantes em cidades menores, que, embora não tenham se destacado como refúgios em nosso estudo, podem desempenhar um papel importante na manutenção da biodiversidade urbana.

Urbanization is a complex process that profoundly transforms natural environments, replacing green areas with impermeable surfaces such as asphalt and buildings. These alterations to the natural landscape compromise crucial ecological groups, particularly pollinators. Among these, bees are responsible for pollinating 87% of angiosperms, playing a fundamental role in maintaining biodiversity and food production. The loss and fragmentation of habitats caused by urbanization significantly reduce the resources available to these pollinators, potentially generating negative impacts on plant reproduction due to the decreased presence of pollinators in urban landscapes. With this in mind, we used Handroanthus impetiginosus (Bignoniaceae) as a model species to understand how urban intensification and floral display influence plant-pollinator interactions, analyzing reproductive success, bee assemblages, and visitation frequency. The study methodology involved Kernel estimation to assess the density of flowering individuals and the development of the Urban Biodiversity Suitability Index (UBSI), which integrates urban variables such as temperature, population density, and land use. Contrary to our initial expectations, no significant differences were observed in fruiting or the frequency of bee visits to flowers between more or less urbanized areas and between areas with higher or lower densities of flowering individuals. This suggests that plant-pollinator interactions in H. impetiginosus are maintained homogeneously across urban and peri-urban landscapes. The massive flowering of this species may have acted as a balancing factor, creating "oases" of resources that attract pollinators uniformly, regardless of the level of urbanization or the density of flowering trees. Urban management emerges as a crucial element for the conservation of plant-pollinator interactions. Strategies that promote the diversity of native species with complementary flowering periods can ensure continuous resources, create ecological corridors, and sustain pollinator communities over time. These practices are especially relevant in smaller cities, which, although they did not stand out as refuges in our study, may play an important role in maintaining urban biodiversity.