Avaliação da Soro Amilóide A (SAA) em felinos com alterações leucocitárias

Abstract

As proteínas de fase aguda (APPs) são produzidas no fígado em resposta a citocinas pró-inflamatórias. O uso dessas proteínas para fins diagnósticos em animais aumentou na última década. Quando ocorre lesão tecidual, uma resposta inflamatória de fase aguda é gerada, resultando em alterações nas concentrações de proteínas totais e APPs. Algumas dessas proteínas diminuem, como as proteínas APP-negativas (albumina e transferrina), e outras aumentam, como as proteínas APP-positivas (SAA, PCR, haptoglobina, AGP, ceruloplasmina e fibrinogênio). A SAA aumenta entre 24 e 48 horas após a estimulação e permanece elevada durante a inflamação, sendo um importante marcador prognóstico. O estudo, aprovado pela CEUA da UNESP, envolveu 79 gatos atendidos no Hospital Veterinário da mesma universidade. Os animais foram divididos em quatro grupos: G1 (controle), com 30 gatos sem sinais clínicos de doença ou inflamação; G2 (leucocitose de estresse), com 9 gatos com leucocitose sem evidência de doença; G3 (leucocitose inflamatória), com 15 gatos com leucocitose e sinais clínicos de inflamação; e G4 (leucopenia), com 26 gatos com leucopenia e sem sinais clínicos de doença. A SAA foi capaz de diferenciar leucocitose por estresse de leucocitoses inflamatórias, sendo que os pacientes do G3 apresentaram SAA média elevada. Alguns animais do G1 apresentaram SAA elevada, indicando o início de um processo inflamatório ainda não identificado no hemograma. Além do aumento da SAA, os pacientes do G3 apresentaram menores níveis de hemácias, hemoglobina e hematócrito, provavelmente devido à inflamação, que afeta o metabolismo do ferro e a produção de hemácias. A avaliação da SAA revelou diferenças nas globulinas, tanto no geral quanto entre os grupos. A SAA se mostrou eficaz para identificar processos inflamatórios em curso e provavelmente início de inflamação em animais sem alterações leucocitárias significativas, destacando sua especificidade e precocidade no diagnóstico de distúrbios inflamatórios em gatos.

Acute phase proteins (APPs) are produced in the liver in response to proinflammatory cytokines. The use of these proteins for diagnostic purposes in animals has increased in the last decade. When tissue injury occurs, an acute phase inflammatory response is generated, what results in changes in the concentrations of total proteins and APPs. Some of these proteins decrease, such as APP-negative proteins (albumin and transferrin), and others increase, such as APP-positive proteins (SAA, CRP, haptoglobin, AGP, ceruloplasmin and fibrinogen). SAA increases between 24 and 48 hours after stimulation and remains elevated during inflammation, being an important prognostic marker. The study, approved by the CEUA of UNESP, involved 79 cats treated at the Veterinary Hospital of the same university. The animals were divided into four groups: G1 (control), with 30 cats without clinical signs of disease or inflammation; G2 (stress leukocytosis), with 9 cats with leukocytosis without evidence of disease; G3 (inflammatory leukocytosis), with 15 cats with leukocytosis and clinical signs of severe inflammation; and G4 (leukopenia), with 26 cats with leukopenia and no clinical signs of disease. SAA was able to differentiate stress leukocytosis from inflammatory leukocytosis, with patients in G3 having a high mean SAA. Some animals in G1 had high SAA, below the onset of an inflammatory process not yet identified in the blood count. In addition to the increase in AAG, patients in G3 had lower levels of red blood cells, hemoglobin and hematocrit, probably due to inflammation, which affects iron metabolism and red blood cell production. The SAA assessment revealed differences in globulins, both overall and between groups. SAA exposed evidence to identify ongoing inflammatory processes and probably the onset of inflammation in animals without severe leukocyte alterations, highlighting its specificity and precocity in the diagnosis of inflammatory disorders in cats.