Avaliação dos níveis de estresse e dores físicas em alunos de pós-graduação: estudo observacional transversal

Abstract

A transição da graduação para a pós-graduação é um período desafiador, marcado por exigências acadêmicas elevadas, como disciplinas avançadas, produção científica e participação em defesas. Esses fatores podem gerar impactos negativos na saúde mental e física dos estudantes, levando ao desenvolvimento de estresse, ansiedade, depressão e dores musculoesqueléticas. O presente estudo teve como objetivo avaliar os níveis de estresse e dores físicas em alunos de pós-graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA-UNESP). A amostra incluiu 50 alunos de mestrado, doutorado e pós-doutorado com, no mínimo, seis meses de vínculo institucional. A coleta de dados ocorreu entre março e outubro de 2023, com risco mínimo aos participantes. Para avaliação do estresse, foram utilizados instrumentos validados, incluindo anamnese clínica e psicológica, além das escalas DASS-21, ISSL, MAAS, PANAS, Teste de Resiliência, EBESE, MBI-SS e SF-12. A mensuração da dor envolveu a avaliação dos músculos mastigatórios, cervicais e escapulares, testes de sensibilidade mecânica (algometria e palpometria), triagem para disfunção temporomandibular (DTM) e aplicação do Neck Disability Index (NDI). Os dados foram organizados no Microsoft Excel e analisados com o software Jamovi 2.1, utilizando correlações de Spearman. Os resultados destacaram correlações significativas entre os níveis de estresse e a presença de dor, bem como entre fatores psicológicos e a percepção de bem-estar. O ISSL e o DASS-21 apresentaram correlações positivas (r = 0,54 a 0,65; p < 0,01), enquanto a atenção plena (MAAS) se correlacionou negativamente com os indicadores de estresse (r = -0,51 a -0,63; p < 0,01), sugerindo um efeito protetor. O burnout acadêmico (MBI-SS) também esteve fortemente relacionado ao estresse (r = 0,58 a 0,64; p < 0,01), enquanto a qualidade de vida (SF-12) apresentou correlações negativas com o estresse e a dor. Os achados indicam que níveis elevados de estresse, ansiedade e depressão contribuem para o esgotamento acadêmico e dores musculoesqueléticas. Fatores como atenção plena e resiliência emergem como potenciais protetores, reforçando a importância de estratégias de suporte psicológico e promoção da saúde mental. O estudo destaca a necessidade de intervenções para minimizar os impactos do estresse na trajetória acadêmica dos pós-graduandos, favorecendo melhor qualidade de vida e desempenho profissional.

The transition from undergraduate to graduate studies is a challenging period, marked by high academic demands such as advanced coursework, scientific production, and participation in thesis defenses. These factors can negatively impact students' mental and physical health, leading to the development of stress, anxiety, depression, and musculoskeletal pain. This study aimed to assess stress levels and physical pain in graduate students from the School of Dentistry at Araçatuba (FOA-UNESP). The sample included 50 master's, doctoral, and postdoctoral students with at least six months of institutional affiliation. Data collection took place between March and October 2023, with minimal risk to participants. Stress assessment was conducted using validated instruments, including clinical and psychological anamnesis, as well as the following scales: Depression, Anxiety and Stress Scale – Short Form (DASS-21), Lipp’s Inventory of Stress Symptoms for Adults (ISSL), Mindfulness Attention Awareness Scale (MAAS), Positive and Negative Affect Schedule (PANAS), Resilience Test, Adapted School Subjective Well-Being Scale (EBESE), Maslach Burnout Inventory – Student Survey (MBI-SS), and 12-Item Short-Form Health Survey (SF-12). Pain assessment involved evaluating spontaneous pain in the masticatory, cervical, and scapular muscles, measuring mechanical sensitivity through algometry and palpometry, screening for temporomandibular disorder (TMD)-associated pain, and applying the Neck Disability Index (NDI). Data were organized in Microsoft Excel and analyzed using Jamovi 2.1 software, employing Spearman correlations. The results highlighted significant correlations between stress levels and pain, as well as between psychological factors and well-being perception. The ISSL and DASS-21 scales showed positive correlations (r = 0.54 to 0.65; p < 0.01), while mindfulness (MAAS) negatively correlated with stress indicators (r = -0.51 to -0.63; p < 0.01), suggesting a protective effect. Academic burnout (MBI-SS) was also strongly related to stress (r = 0.58 to 0.64; p < 0.01), while quality of life (SF-12) showed negative correlations with stress and pain. Findings indicate that high levels of stress, anxiety, and depression contribute to academic burnout and musculoskeletal pain. Factors such as mindfulness and resilience emerge as potential protective elements, reinforcing the importance of psychological support strategies and mental health promotion programs. The study highlights the need for interventions to minimize the impact of stress on graduate students' academic trajectories, promoting better quality of life and professional performance.