Percepção de familiares sobre o uso da comunicação aumentativa e alternativa por crianças com transtorno do espectro autista

Abstract

Este estudo teve como objetivo analisar a percepção de familiares acerca da Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA), destacando seus benefícios para o desenvolvimento comunicativo de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), bem como os desafios enfrentados na implementação dessa abordagem. Participaram da pesquisa seis familiares de crianças com TEA, com idades entre três e cinco anos e onze meses, todas usuárias de CAA e regularmente matriculadas na Educação Infantil. A investigação adotou uma abordagem qualitativa, de caráter descritivo, com coleta de dados realizada no interior do estado de São Paulo, por meio de entrevistas semiestruturadas elaboradas pela autora e conduzidas em encontros previamente agendados. Os dados foram transcritos e analisados a partir da leitura flutuante, seguida da categorização em cinco eixos temáticos: inserção da criança no contexto familiar e sua trajetória de desenvolvimento; desenvolvimento das habilidades comunicativas; Comunicação Alternativa e Aumentativa; uso da CAA no cotidiano infantil; e família. Os resultados indicaram que a percepção dos familiares sobre a CAA é predominantemente positiva, evidenciando melhorias significativas na comunicação das crianças, a redução de comportamentos inadequados com o uso adequado da CAA e o fortalecimento dos vínculos afetivos devido a expressão de sentimentos, sem causar prejuízo à fala oral. Quatro dos seis participantes relataram ausência de uso da CAA no ambiente escolar, enquanto os demais apontaram dificuldades na articulação entre família, escola e terapeutas. Todos os entrevistados destacaram a necessidade de capacitação de profissionais e docentes para o uso adequado da CAA. Para os familiares, a CAA também demonstrou impacto direto nas atividades cotidianas, promovendo maior autonomia das crianças na tomada de decisões. Como barreira para o uso, apenas um participante mencionou o custo como fator limitante. Quatro familiares receberam orientação profissional para a implementação da CAA, enquanto dois precisaram solicitar essa intervenção. Conclui-se que, a CAA é reconhecida como uma abordagem que promove a comunicação, inclusão e promoção da autonomia, cujos benefícios superam os obstáculos de sua aplicação. Recomenda-se que futuras pesquisas investiguem a eficácia da CAA em diferentes contextos educacionais e sociais, bem como estratégias de formação para profissionais e familiares, visando à utilização integrada e satisfatória.

This study aimed to analyze the perceptions of family members regarding Augmentative and Alternative Communication (AAC), highlighting its benefits for the communicative development of children with Autism Spectrum Disorder (ASD), as well as the challenges faced in implementing this approach. The research involved six family members of children with ASD, aged between three and five years and eleven months, all AAC users and regularly enrolled in early childhood education. A qualitative, descriptive approach was adopted, with data collection conducted in the interior of São Paulo state through semi-structured interviews developed by the author and carried out during previously scheduled meetings. The data were transcribed and analyzed using floating reading, followed by categorization into five thematic axes: the child's integration into the family context and developmental trajectory; development of communicative skills; Augmentative and Alternative Communication; use of AAC in the child’s daily life; and family. The results indicated that family members’ perceptions of AAC were predominantly positive, revealing significant improvements in the children’s communication, a reduction in inappropriate behaviors through proper use of AAC, and the strengthening of emotional bonds due to the expression of feelings—without impairing oral speech. Four out of six participants reported the absence of AAC use in the school environment, while the others pointed to difficulties in coordination among family, school, and therapists. All interviewees emphasized the need for professional and teacher training to ensure proper use of AAC. According to the families, AAC also had a direct impact on daily activities, promoting greater autonomy for the children in decision-making. As a barrier to its use, only one participant mentioned cost as a limiting factor. Four families received professional guidance for AAC implementation, while two had to request such intervention. In conclusion, AAC is recognized as an approach that fosters communication, inclusion, and autonomy, with benefits that outweigh the challenges of its application. Future research is recommended to investigate the effectiveness of AAC in various educational and social contexts, as well as training strategies for professionals and families to ensure integrated and satisfactory use.