Conhecimentos e crenças sobre saúde bucal entre mães de crianças e adolescentes que frequentam uma faculdade de odontologia.

Abstract

O objetivo deste estudo foi investigar o conhecimento e crenças sobre saúde bucal entre mães de crianças e adolescentes. Trata-se de um estudo observacional, do tipo transversal, a partir da aplicação de um questionário semiestruturado, autoaplicável, às mães (n=210) de crianças e adolescentes que frequentam as clínicas de uma faculdade de odontologia de uma universidade pública. As variáveis estudadas foram socioeconômicas (etnia, idade renda familiar, escolaridade, bens e sobre o domicílio), morbidade bucal referida (dor de dente, necessidade de tratamento dentário), uso de serviços (frequência, motivo, local e qualidade de consultas odontológicas), conhecimento sobre saúde bucal (definições, escovação, prevenção, importância e orientação), autopercepção da saúde bucal (satisfação), crenças e valores pessoais. A coleta de dados foi realizada pela aplicação do questionário às mães nas salas de espera das clínicas bem como no saguão de entrada da faculdade. As variáveis respostas foram o conhecimento e as crenças em saúde bucal. Os dados foram analisados de forma descritiva, com frequências absoluta e relativa. Testes de associação e análises de regressão logística foram realizados, com estimativa de Odds Ratios e respectivos intervalos de 95% de confiança, considerando nível de significância de 5%. A idade média das mães foi de 37,8 anos. A maioria das mães se identificou como branca (44,3%) ou parda (33,8%), casada (53,3%), sem trabalho remunerado (55,2%) e com ensino médio (56,2%), relatou necessitar de tratamento dentário (77,6%) e ter sentido dor de dente nos últimos seis meses (51,9%). As médias de acertos no questionário sobre conhecimento em saúde bucal foi de 16,9 (máximo de acertos=20) e sobre crenças em saúde bucal foi de 5,3 (máximo de acertos=9). Cerca de 26,7% das mães acreditam que cuidar dos dentes de leite não é muito importante porque eles vão cair. Além disso, 18,6% afirmam que os procedimentos odontológicos sempre causam dor e 22,4% acreditam que o sangramento é uma ocorrência normal quando se escova os dentes. Observa-se ainda que 62,4% das mães acreditam que há pessoas com dentes fracos e pessoas com dentes fortes. Além disso, 56,7% acreditam que na gestação os dentes ficam mais fracos e 51,9% têm a crença de que as crianças que tomam antibióticos terão mais cáries. O escore médio de importância atribuído pelas mães à saúde bucal foi de 4,6 (score máximo=5). Os achados da regressão logística mostraram que as mães com maior escolaridade têm duas vezes mais chance de ter mais acertos nas questões de conhecimento em saúde bucal (OR=2,18; IC95%: 1,12-4,27; p<0,05) e nas questões de crença em saúde bucal (OR=2,38; IC95%: 1,20-4,72; p<0,05). Em conclusão, as mães do presente estudo demonstraram, de modo geral, conhecimento satisfatório sobre assuntos relacionados à saúde bucal e razoável sobre crenças limitantes, com associação significativa com a escolaridade. Ainda existem lacunas de aprendizado em relação às crenças e conhecimentos específicos que necessitam ser sanadas.

This study aimed to investigate knowledge and beliefs about oral health among mothers of children and adolescents. This observational, cross-sectional study is based on applying a semi-structured, self-administered questionnaire to mothers (n=210) of children and adolescents attending dental school clinics at a public university. The variables studied were socioeconomic (ethnicity, age, family income, education, assets, and household information), reported oral morbidity (toothache, need for dental treatment), use of services (frequency, reason, location, and quality of dental appointments), knowledge about oral health (definitions, brushing, prevention, importance, and guidance), self-perception of oral health (satisfaction), beliefs and personal values. The data were collected by applying the questionnaire to mothers in the clinic waiting rooms and the college entrance hall. The response variables were knowledge and beliefs in oral health. The data were analyzed descriptively, with absolute and relative frequencies. Association tests and logistic regression analyses were performed, estimating Odds Ratios and respective 95% confidence intervals, considering a significance level of 5%. The average age of mothers was 37.8 years. Most mothers identified themselves as white (44.3%) or brown color (33.8%), married (53.3%), without paid work (55.2%) and with high school education (56.2%), reported needing dental treatment (77.6%) and toothache in the last six months (51.9%). The average number of correct answers on oral health knowledge in the questionnaire was 16.9 (maximum correct answers=20), and on oral health beliefs was 5.3 (maximum correct answers=9). Around 26.7% of mothers believe caring for deciduous teeth is unimportant because they will fall out. Furthermore, 18.6% say dental procedures always cause pain, and 22.4% believe bleeding is normal when brushing teeth. It is also observed that 62.4% of mothers feel that there are people with weak teeth and people with strong teeth. Furthermore, 56.7% believe that teeth become more vulnerable during pregnancy, and 51.9% believe that children who take antibiotics will have more cavities. The average importance score attributed by mothers to oral health was 4.6 (maximum score=5). Logistic regression findings showed that mothers with higher education are twice as likely to have more correct answers on oral health knowledge questions (OR=2.18; 95%CI: 1.12-4.27; p<0. 05) and questions about belief in oral health (OR=2.38; 95% CI: 1.20-4.72; p<0.05). In conclusion, the mothers in the present study demonstrated, in general, satisfactory knowledge of issues related to oral health and reasonable knowledge of limiting beliefs, with a significant association with education. There are still learning gaps concerning specific beliefs and knowledge that must be addressed.