Os diários reflexivos como meio de agência docente para professores de língua estrangeira

Abstract

No âmbito de Linguística Aplicada, especialmente na era do pós-método (KUMARAVADIVELU, 2006), o professor de língua estrangeira atua como facilitador do conhecimento (VIEIRA-ABRAHÃO, 2006, 2000), agindo de maneira reflexiva (PERRENOUD, 2002; SCHÖN, 1983) e como construtor de suas competências profissionais (UR, 2002). Estudos recentes (TENG, 2019; RIVEROS; NEWTON; BURGESS, 2012; DAY et al., 2006) apontam a necessidade do professor de língua estrangeira ser agente em seu contexto educacional, sendo peça chave para um bom desenvolvimento de competências linguísticas de aprendizes de língua estrangeira. Neste trabalho, buscamos relacionar o caráter introspectivo de diários reflexivos (SOARES, 2005) com o conceito central de agência docente (PRIESTLY; BIESTA; ROBINSON, 2015), analisando que indícios de agência docente podem ser encontrados nos diários reflexivos de professores de língua estrangeira no processo de ensino e aprendizagem em que estão inseridos. Pautadas numa perspectiva qualitativa, analisamos, primeiro, se os conceitos de profissional reflexivo (PERRENOUD, 2002) e agência docente eram conhecidos pelas participantes da pesquisa e, depois, que indícios de agência docente haviam nos diários reflexivos gerados pelas professoras. Para analisarmos se as professoras de língua estrangeira, atuando em cursos online para a comunidade interna, eram familiares com os conceitos, aplicamos um questionário inicial e elas nos entregaram autobiografias (BAILEY, 1996). Em seguida, elas produziram os diários reflexivos referentes aos cursos de língua estrangeira dos quais eram professoras responsáveis. Esses diários foram analisados em contraste com as gravações das aulas ministradas e, por fim, uma entrevista final foi conduzida de modo a confirmar ou refutar os dados obtidos por meio dos diários reflexivos. Notamos que os diários serviram como uma ferramenta para que as participantes pudessem refletir sobre suas ações em sala de aula e fazer uma autoavaliação de sua prática docente. Suas visões sobre os conceitos de profissional reflexivo e agência docente discutidas em dois momentos distintos (ao início e final desta pesquisa), nos permitem afirmar que foram, de certo modo, alteradas no nível discursivo. Esperamos que os resultados contribuam para a formação contínua das docentes, como uma alternativa para que consigam refletir sobre sua própria prática, assim como Kumaravadivelu (2006) prevê na pedagogia do pós-método.

In the field of Applied Linguistics, especially in the post-method era (KUMARAVADIVELU, 2006), the foreign language teacher acts as a knowledge facilitator (VIEIRA-ABRAHÃO, 2006, 2000), acting reflexively (PERRENOUD, 2002; SCHÖN, 1983) and as a builder of their professional skills (UR, 2002). Recent studies (TENG, 2019; RIVEROS; NEWTON; BURGESS, 2012; DAY et al., 2006) point out the need for the foreign language teacher to be an agent in his educational context, being a key piece for a good development of language skills of learners of a foreign language. In this work, we seek to relate the introspective character of reflective diaries (SOARES, 2005) with the central concept of teacher agency (PRIESTLY; BIESTA; ROBINSON, 2015), analysing what evidence of teacher agency can be found in reflective diaries of foreign language teachers in the teaching and learning process in which they are inserted. Based on a qualitative perspective, we analysed, first, if the research participants knew the concepts of reflective professional (PERRENOUD, 2002) and teacher agency, and then, what evidence of teacher agency there were in the reflective diaries produced by the teachers. To analyse whether foreign language teachers, working in online courses for the internal community, were familiar with the concepts, we applied an initial questionnaire and they handed us autobiographies (BAILEY, 1996). Then they produced the reflective diaries for the foreign language courses for which they were responsible teachers. These diaries were analysed in contrast to the recordings of the classes taught and, finally, a final interview was conducted to confirm or refute the data obtained through the reflective diaries. The diaries served as a tool for the participants to reflect upon their actions in the classroom and to engage in their teaching practice self-assessment. Their views on the concepts of reflective professional and teacher agency, before and after this research, have shown that, somehow, they changed, at least, in a discoursive level. We hope that the results will contribute to the continuous training of teachers, as an alternative for them to be able to reflect on their practice, as Kumaravadivelu (2006) predicts in post-method pedagogy.