Interstícios: espaços do devir

Abstract

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A evolução urbana das cidades brasileiras obedece geralmente a uma dinâmica cruel e regida pelos interesses imobiliários. O crescimento se dá de forma desordenada, sem levar em conta o todo, criando disparidades no tecido urbano. Áreas que no princípio funcionavam como o coração pulsante de muitos municípios tornam-se obsoletas, em detrimento de novos centros que surgem e polarizam muitas funções. Partindo de uma área dentro da cidade de Presidente Prudente, SP - o trecho da linha férrea na convergência entre Vila Marcondes e Vila Goulart e suas áreas adjacentes -, esse trabalho busca realizar uma apreensão do espaço através da experiência da deriva - conceito que será abordado posteriormente - e da percepção sensorial na relação entre corpo e cidade. Essa área, de importante caráter histórico para o município de Presidente Prudente, está localizada numa região central e apresenta um perfil de ocupação bastante característico, por conta do seu passado relacionado à linha férrea e às origens da cidade. Ainda hoje muitos dos edifícios do início do século XX permanecem na paisagem como registros materiais da história de Presidente Prudente. Atualmente, diversos usos e atividades ocorrem nessa porção da cidade. Muitos dos espaços encontram-se abandonados e ocupados por uma população em situação de rua, principalmente aqueles situados às margens do leito ferroviário. Os trilhos, que deram origem à ocupação e viram o auge econômico dos anos 1940 e 1950, têm sido subutilizados nas últimas décadas e as duas praças situadas a leste e a oeste do eixo férreo tiveram seus usos incisivamente alterados. O objetivo deste trabalho será analisar as alterações que se deram com o passar dos anos e as formas de ocupação nesta região da cidade...