A idade do edifício: diálogos entre o patrimônio arquitetônico e as teorias de temporalidade e conservação de John Ruskin

Abstract

Após a perda da função social do edifício há o abandono, sua degradação e “morte” por sua ruína. A carta de Veneza (1964) ressalta que a conservação do patrimônio arquitetônico visa à salvaguarda do seu caráter de testemunho da história e do meio em que se situa, ao mesmo tempo em que a Carta de Amsterdã (1974), com base na ciência, fundamenta a conservação como modelo ideal de intervenção no patrimônio arquitetônico e em sua ambiência. Nesse contexto, esta pesquisa tem por objetivo testar se a conservação de edifícios de interesse patrimonial é a melhor prática para manter a sua autenticidade e seu valor de uso, para a preservação da memória coletiva e da identidade de um povo. Levamos em consideração as teorias de John Ruskin e sua intervenção sobre a obra de restauração da Catedral de São Marcos (Veneza, Itália), realizada em 1877, o que promoveu sua conservação. O método aplicado é da arquitetura dialógica, que tem bases na fundamentação teórica de Bakhtin, Ricoeur e Muntañola, relacionando o texto com seu contexto, segundo as dimensões de prefiguração, configuração e refiguração. O contexto é a Inglaterra do século XIX, a vida e formação de John Ruskin. A prefiguração é a atuação profissional de John Ruskin e as influências do contexto para a formulação de suas teorias de conservação. A configuração é o estudo das teorias de conservação de John Ruskin. A refiguração é a conservação da memória coletiva e do uso social da Basílica de São Marcos em Veneza (Itália). Resultados: a intervenção de Ruskin na conservação da Basílica de São Marcos foi significativa para a preservação da autenticidade, da identidade social, do valor de uso social e da memória coletiva veneziana, portanto, a conservação é um método de intervenção que deveria ser a principal política para a salvaguarda do patrimônio arquitetônico. A autenticidade e o uso social do patrimônio são fatores de impacto imediato à preservação da memória coletiva, pois o patrimônio é a chave de rememoração das formas de fazer arquitetura e das formas de interação social da arquitetura com seu povo.

After the loss of the social function of the building there is abandonment, its degradation and "death" by its ruin. The Venice Charter (1964) emphasizes that the preservation of architectural patrimony is aimed at safeguarding its character as a testimony of history and the environment in which the Amsterdam Charter (1974), based on Science, is based Conservation as an ideal model for intervention in the architectural patrimony and its ambience. In this context, this research aims to test whether the conservation of buildings of heritage interest is the best practice to maintain its authenticity and its use value, for the preservation of collective memory and the identity of a people. We take account of the theories of John Ruskin and his intervention on the restoration work of the Cathedral of St. Mark (Venice, Italy), held in 1877, which promoted its conservation. The method applied is a dialogic architecture, based on the theoretical foundation of Bakhtin, Ricoeur and Muntañola, which relates the text to its context, according to the dimensions of prefiguration, configuration and refiguration. The context is nineteenth-century England and life and formation of John Ruskin. The prefiguration is the professional performance of John Ruskin, the influences of the context for the formulation of his theories. The configuration is the study of the theories of conservation of Ruskin. The refiguration is the preservation of the collective memory and social use of the Basilica of St. Mark. Results: Ruskin's intervention in the conservation of St. Mark's Basilica in Venice was significant for the preservation of authenticity, collective memory and history, therefore, conservation is a method of intervention that should be the main policy for safeguarding the architectural heritage. The authenticity and social use of heritage are factors of immediate impact to the preservation of collective memory, since heritage is a key to remember the ways of making architecture and the forms of social interaction of architecture with its people