Logotipo do repositório
 

Publicação:
Fala, canto e música: limites e interseções

Carregando...
Imagem de Miniatura

Orientador

Massini-Cagliari, Gladis

Coorientador

Pós-graduação

Linguística e Língua Portuguesa - FCLAR

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Tese de doutorado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Resumo (português)

Os limites e as interseções entre fala, canto e música – em especial no que se refere à expressão das emoções – são objeto deste trabalho. Pensando especificamente no canto, a literatura da área começa a questionar se cantar e falar são fazeres distintos que se utilizam da mesma materialidade, ou então polos opostos em um contínuo. Nesse sentido, o que faz com que o rap ou o recitativo de uma ópera sejam interpretados como “não-canto”, enquanto alguns sotaques, por exemplos, são considerados “mais cantados” do que outros? De um ponto de vista teórico, a discussão e a busca por parâmetros objetivos que nos permitam demarcar os limites entre música, canto e fala nos levam, a princípio, a pensar na estabilidade das frequências sequenciais e na regularidade rítmica do enunciado, bem como nas próprias definições de língua, linguagem e significado. Com base em experimentos já realizados com falantes de inglês americano, holandês e japonês (que verificaram coincidências acústicas na expressão de emoções tanto na fala quanto na música), amostras bissilábicas de atores e músicos expressando quatro emoções básicas (raiva, alegria, tristeza e simpatia) foram analisadas através dos programas Praat e Melodyne, de modo a se obter estilizações das curvas melódicas, as quais correspondem a intervalos musicais. Assim, pode-se verificar se os intervalos musicais também podem ser considerados parâmetros acústicos confiáveis na expressão de carga emocional nos enunciados, e se a ocorrência desses intervalos na fala também corresponde ao uso desses intervalos na música. Em outro experimento, através da aplicação de um questionário online, informantes foram expostos a duas versões da mesma gravação de um enunciado cantado, sendo uma delas alterada digitalmente de modo a mudar os intervalos da melodia. Ao pedir que os informantes associassem o estímulo sonoro a uma dentre quatro imagens de expressões faciais médias das emoções da coleção Averaged Karolinska Directed Emotional Faces – AKDFE, buscamos verificar se a manipulação dos intervalos cantados acarretaria associações distintas. Por fim, também através de questionário online e da exposição a amostras de fala em diferentes idiomas, tentamos lançar luz à percepção de alguns idiomas como mais melodiosos do que outros. Os resultados obtidos neste trabalho podem ser resumidos em três pontos: 1) a expressão das emoções por parte dos falantes de português brasileiro não apresentou correspondências ao uso de intervalos musicais; 2) a percepção da carga emocional de um enunciado melódico não foi correlacionada com a presença de intervalos específicos, mas com a percepção de tonalidade expressa pela melodia; 3) um menor número de consoantes e, principalmente, maior variação da altura melódica, são fatores que parecem estar ligados à percepção de uma língua como mais musical e melodiosa. Para além destes resultados, argumentamos que vários trabalhos anteriores comparando a expressão na música e na fala não apresentam a clareza necessária na definição de conceitos, e apontamos a investigação da percepção estética das características fonéticas e fonológicas dos idiomas como um campo potencialmente contencioso, mas promissor.

Resumo (inglês)

The limits and intersections between speech, singing and music – especially with regard to the expression of emotions – are the object of this work. Specifically, as far as singing is concerned, the literature in the area begins to question whether singing and speaking are distinct activities that use the same materiality, or rather two opposite poles in a continuum. In this sense, what makes rap or opera recitative interpreted as “non-singing”, while some accents, for example, are considered to sound “more like singing” than others? From a theoretical point of view, the discussion and the search for objective parameters that allow us to demarcate the boundaries between music, singing and speech lead us, at first, to think about the stability of a sequence of frequencies and the rhythmic regularity of the utterance, as well as the definitions of language and meaning themselves. Based on experiments already carried out with speakers of American English, Dutch and Japanese (which verified acoustic coincidences in the expression of emotions in both speech and music), bisyllabic samples of actors and musicians expressing four basic emotions (anger, joy, sadness and sympathy) were analysed using the programs Praat and Melodyne, in order to obtain stylisations of the melodic curves corresponding to musical intervals. Thus, we can verify whether musical intervals can also be considered reliable acoustic parameters in the expression of emotional charge in utterances, and whether the occurrence of these intervals in speech corresponds to the use of these intervals in music. In another experiment, via an online questionnaire, informants were exposed to two versions of the same recording of a sung utterance, one of them digitally altered in order to change the melody intervals. By asking the informants to associate the sound stimuli to one of four images of average facial expressions of emotions from the Averaged Karolinska Directed Emotional Faces – AKDFE collection, we sought to verify whether the manipulation of the sung intervals would lead to distinct associations. Finally, also via an online questionnaire and exposure to speech samples in different languages, we tried to shed some light on the perception of some languages as more melodious than others. The results reached in this enterprise can be summarised as follows: 1) the emotional expression in the speech of Brazilian Portuguese speakers showed no correspondence to the use of musical intervals; 2) the perception of the emotional content of a melodic utterance had no correlation with the presence of specific musical intervals, rather, it correlated with the perception of tonality expressed by the melody; 3) a lower number of consonants and, more remarkably, greater pitch variation seem to lead a given language to be perceived as more musical and melodious. These results aside, we also argument that many works comparing emotional expression in music and speech do not present the necessary clarity in the definition of concepts, and we put forward the investigation of the aesthetic perception of languages' phonetic and phonological features as a potentially contentious, yet promising, field.

Descrição

Palavras-chave

Fonética, Música, Emoções, Percepção, Phonetics, Music, Emotions, Perception

Idioma

Português

Como citar

Itens relacionados

Unidades

Departamentos

Cursos de graduação

Programas de pós-graduação