Impacto do trabalho noturno na saúde de enfermeiros.
Carregando...
Data
Orientador
Pinato, Luciana 

Coorientador
Pós-graduação
Ciências da Saúde e Comunicação Humana - FFC
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Tese de doutorado
Direito de acesso
Acesso aberto

Resumo
Resumo (português)
O trabalho noturno impõe intensos desafios fisiológicos, emocionais e psicossociais aos profissionais de enfermagem, resultando em repercussões relevantes sobre a saúde e a qualidade de vida desses trabalhadores. Esta tese teve como objetivo analisar o impacto do trabalho noturno sobre o índice de massa corporal (IMC), a qualidade do sono, a qualidade de vida e os níveis de cortisol e da citocina inflamatória TNF em enfermeiros. Trata-se de um estudo observacional, quantitativo, realizado com 80 participantes na cidade de Marília (SP), sendo 50 enfermeiros que atuavam exclusivamente em regime noturno e 30 indivíduos de outras profissões que não trabalhavam em turnos, compondo o grupo controle. A coleta de dados incluiu questionários sociodemográficos e clínicos, avaliação do sono pelo Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI), análise da qualidade de vida pelo WHOQOL-bref e mensuração salivar dos níveis de cortisol e TNF por ELISA. Os resultados indicaram que 76% dos enfermeiros do turno noturno apresentaram escores do PSQI compatíveis com distúrbios moderados ou graves de sono, significativamente superiores aos do grupo controle. As alterações mais frequentes envolveram a qualidade subjetiva do sono, distúrbios durante o sono e disfunções diurnas. Adicionalmente, observou-se correlação negativa entre os escores de qualidade do sono e os domínios físico e psicológico da qualidade de vida. Quanto ao IMC, 74% dos enfermeiros noturnos apresentaram sobrepeso ou obesidade, em contraste com apenas 30% do grupo controle, com diferença estatisticamente significativa. O IMC apresentou correlação negativa com os domínios psicológico e com a satisfação com a saúde, além de correlação positiva com os níveis de TNF. Em relação aos biomarcadores, 58% dos enfermeiros noturnos apresentaram níveis de cortisol salivar acima dos valores de referência para o horário da coleta, sugerindo disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, com possível associação ao estresse ocupacional crônico. No entanto, não foram observadas correlações significativas entre os níveis de cortisol e TNF com os escores de sono ou de qualidade de vida. A análise dos dados sociodemográficos e ocupacionais evidenciou que os profissionais do regime noturno atuavam majoritariamente em setores de alta complexidade, com longas jornadas e múltiplos vínculos empregatícios, além de maior prevalência de uso de medicamentos, etilismo e doenças crônicas autorreferidas. A presente tese evidencia que o trabalho noturno configura-se como um fator de risco para distúrbios do sono, alterações hormonais, desequilíbrios metabólicos e redução da qualidade de vida dos enfermeiros. Ao integrar variáveis fisiológicas, imunológicas e psicossociais, o estudo amplia a compreensão dos efeitos da desregulação do ciclo sono vigília sobre o organismo e oferece subsídios para a formulação de estratégias institucionais voltadas à promoção da saúde ocupacional. Tais estratégias incluem o monitoramento de biomarcadores, a reestruturação de turnos com base em princípios cronobiológicos e a criação de espaços de escuta e acolhimento psicossocial. A pesquisa contribui, assim, para o fortalecimento de práticas assistenciais sustentáveis e seguras, fundamentadas no respeito à saúde dos trabalhadores da enfermagem.
Resumo (inglês)
Night shift work imposes intense physiological, emotional, and psychosocial challenges on nursing professionals, resulting in significant repercussions on their health and quality of life. This thesis aimed to analyze the impact of night shift work on body mass index (BMI), sleep quality, quality of life, and levels of cortisol and the inflammatory cytokine TNF in nurses. This is an observational, quantitative study conducted with 80 participants in the city of Marília, São Paulo. Fifty nurses worked exclusively night shifts and 30 individuals from other professions who did not work shifts formed the control group. Data collection included sociodemographic and clinical questionnaires, sleep assessment using the Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI), quality of life analysis using the WHOQOL-bref, and salivary measurement of cortisol and TNF levels using ELISA. The results indicated that 76% of night shift nurses had PSQI scores consistent with moderate or severe sleep disturbances, significantly higher than those of the control group. The most frequent alterations involved subjective sleep quality, sleep disturbances, and daytime dysfunction. Additionally, a negative correlation was observed between sleep quality scores and the physical and psychological domains of quality of life. Regarding BMI, 74% of night shift nurses were overweight or obese, in contrast to only 30% of the control group, a statistically significant difference. BMI correlated negatively with the psychological domains and health satisfaction, as well as positively with TNF levels. Regarding biomarkers, 58% of night shift nurses had salivary cortisol levels above the reference values for the time of collection, suggesting hypothalamic-pituitary-adrenal axis dysfunction, with a possible association with chronic occupational stress. However, no significant correlations were observed between cortisol and TNF levels and sleep or quality of life scores. Analysis of sociodemographic and occupational data revealed that night shift workers primarily worked in highly complex sectors, with long hours and multiple employment relationships, in addition to a higher prevalence of medication use, alcoholism, and self-reported chronic diseases. This thesis demonstrates that night shift work constitutes a risk factor for sleep disorders, hormonal changes, metabolic imbalances, and reduced quality of life among nurses. By integrating physiological, immunological, and psychosocial variables, the study broadens our understanding of the effects of sleep-wake cycle dysregulation on the body and provides support for the development of institutional strategies aimed at promoting occupational health. Such strategies include biomarker monitoring, shift restructuring based on chronobiological principles, and the creation of spaces for listening and psychosocial support. The research thus contributes to strengthening sustainable and safe care practices, based on respect for the health of nursing workers.
Resumo (espanhol)
El trabajo nocturno impone intensos desafíos fisiológicos, emocionales y psicosociales a los profesionales de enfermería, lo que resulta en repercusiones significativas en su salud y calidad de vida. Esta tesis tuvo como objetivo analizar el impacto del trabajo nocturno en el índice de masa corporal (IMC), la calidad del sueño, la calidad de vida y los niveles de cortisol y la citocina inflamatoria TNF en enfermeras. Este es un estudio observacional, cuantitativo realizado con 80 participantes en la ciudad de Marília, São Paulo. Cincuenta enfermeras trabajaron exclusivamente en turnos nocturnos y 30 personas de otras profesiones que no trabajaban en turnos formaron el grupo control. La recopilación de datos incluyó cuestionarios sociodemográficos y clínicos, evaluación del sueño mediante el Índice de Calidad del Sueño de Pittsburgh (PSQI), análisis de la calidad de vida mediante el WHOQOL-bref y medición salival de los niveles de cortisol y TNF mediante ELISA. Los resultados indicaron que el 76% de las enfermeras del turno nocturno tuvieron puntuaciones PSQI consistentes con trastornos del sueño moderados o graves, significativamente más altas que las del grupo control. Las alteraciones más frecuentes se relacionaron con la calidad subjetiva del sueño, las alteraciones del sueño y la disfunción diurna. Además, se observó una correlación negativa entre las puntuaciones de calidad del sueño y las dimensiones física y psicológica de la calidad de vida. En cuanto al IMC, el 74% del personal de enfermería del turno de noche presentó sobrepeso u obesidad, en contraste con solo el 30% del grupo control, una diferencia estadísticamente significativa. El IMC se correlacionó negativamente con las dimensiones psicológicas y la satisfacción con la salud, así como positivamente con los niveles de TNF. En cuanto a los biomarcadores, el 58% del personal de enfermería del turno de noche presentó niveles de cortisol salival superiores a los valores de referencia para el momento de la recolección, lo que sugiere una disfunción del eje hipotálamo-hipofisario-adrenal, con una posible asociación con el estrés laboral crónico. Sin embargo, no se observaron correlaciones significativas entre los niveles de cortisol y TNF y las puntuaciones de sueño o calidad de vida. El análisis de los datos sociodemográficos y ocupacionales reveló que el personal de turno de noche trabajaba principalmente en sectores de alta complejidad, con largas jornadas laborales y múltiples relaciones laborales, además de una mayor prevalencia de consumo de medicamentos, alcoholismo y enfermedades crónicas autodeclaradas. Esta tesis demuestra que el trabajo nocturno constituye un factor de riesgo para trastornos del sueño, cambios hormonales, desequilibrios metabólicos y una menor calidad de vida en el personal de enfermería. Al integrar variables fisiológicas, inmunológicas y psicosociales, el estudio amplía nuestra comprensión de los efectos de la desregulación del ciclo sueño-vigilia en el organismo y respalda el desarrollo de estrategias institucionales para promover la salud ocupacional. Dichas estrategias incluyen la monitorización de biomarcadores, la reestructuración de turnos basada en principios cronobiológicos y la creación de espacios de escucha y apoyo psicosocial. De esta forma, la investigación contribuye al fortalecimiento de prácticas de atención sostenibles y seguras, basadas en el respeto por la salud del personal de enfermería.
Descrição
Palavras-chave
Enfermagem, Trabalho noturno, Sono, Qualidade de vida, Cortisol, Nursing, Night work, Sleep, Quality of life
Idioma
Português
Citação
ARAÚJO, Viviane Canhizares Evangelista de. Impacto do trabalho noturno na saúde de enfermeiros. 2025. 57 f. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde e Comunicação Humana) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Marília, 2025.

