Infâncias Rurais: um estudo sobre o trabalho infantil, questão agrária e serviço social, com foco para o trabalho profissional do Serviço Social no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).

Abstract

O trabalho infantil e a exploração do trabalho adolescentes é, ainda hoje, segunda década do século XXI, uma das expressões da Questão Social, com raízes históricas no meio agrário. A partir da pandemia da COVID-19, quando ocorre o aumento do desemprego, da insegurança social e alimentar e das inúmeras expressões da questão social, crianças e adolescentes em áreas urbanas ou em estabelecimentos agrícolas são empurrados para a esteira do trabalho precoce. O objetivo deste estudo é lançar luz sobre a problemática do trabalho infantil em meio rural, de modo a situá-lo historicamente considerando as relações étnico-raciais e de gênero. Trata-se de uma pesquisa com base em estudos bibliográficos e coleta de dados empíricos, a partir de uma entrevista com uma assistente social coordenadora de um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), com experiência em atuação no meio rural. A análise dos dados segue a abordagem qualitativa. Este estudo permite compreender as tensões, origens, riscos e possíveis efeitos dessa expressão da questão social – trabalho precoce – especialmente, no caso de crianças e adolescentes assentadas, oriundas, ou imigradas para territórios situados ou sitiados em meio agrário. Em síntese objetivamos o presente estudo possa contribuir para a formação e trabalho profissional de assistentes sociais e demais trabalhadores(as) das políticas sociais públicas e de proteção à infância e juventude, com vistas a instrumentalizar as mediações operacionalizadas pela política de assistência social local e regional, bem como os demais sistemas de proteção à infância e adolescência, de modo a visibilizar essa demanda, que nos últimos anos, junto as demais áreas de prevenção e combate ao Trabalho Infantil, sofreram ataques sistemáticos

Child labor and the exploitation of adolescent labor is, even today, in the second decade of the 21st century, one of the expressions of the Social Question, with historical roots in the agrarian environment. Since the COVID-19 pandemic, when there is an increase in unemployment, social and food insecurity and countless expressions of social issues, children and adolescents in urban areas or on agricultural establishments are pushed onto the treadmill of early work. The objective of this study is to shed light on the issue of child labor in rural areas, in order to situate it historically considering ethnic-racial and gender relations. This is research based on bibliographical studies and empirical data collection, based on an interview with a social worker, coordinator of a Social Assistance Reference Center (CRAS), with experience working in rural areas. Data analysis follows a qualitative approach. This study allows us to understand the tensions, origins, risks and possible effects of this expression of the social issue – early work – especially in the case of children and adolescents settled, originating, or immigrating to territories located or besieged in an agrarian environment. In summary, we aim that this study can contribute to the training and professional work of social workers and other workers in public social policies and the protection of children and youth, with a view to instrumentalizing the mediations operationalized by the local and regional social assistance policy. , as well as other child and adolescent protection systems, in order to make this demand visible, which in recent years, along with other areas of preventing and combating Child Labor, have suffered systematic attacks.