Proposta de inclusão de nova tecnologia ao Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para tratamento do carcinoma hepatocelular no Brasil
Carregando...
Data
Autores
Supervisor
Romeiro, Fernando Gomes 

Coorientador
Pós-graduação
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Relatório de pós-doc
Direito de acesso
Acesso restrito
Resumo
Resumo (português)
Introdução: O carcinoma hepatocelular (CHC) está entre as neoplasias mais letais e é classificado pelo modelo Barcelona Clinic Liver Cancer Staging Classification (BCLC) em estadiamento precoce (A), intermediário (B), avançado (C) e terminal (D). Casos BCLC-B devem receber quimioembolização transarterial (TACE), porém a TACE não pode ser realizada em pacientes com trombose de veia porta (TVP), que é uma complicação comum nessa população. Nesses casos, a terapia local alternativa é a radioembolização transarterial (TARE), que até o momento utilizava radiofármacos não produzidos no Brasil, e que por isso ainda não está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo assim, pacientes com TVP tratados pelo SUS têm como única opção a terapia sistêmica com sorafenibe. Uma forma de reduzir os custos da TARE é usar radiofármacos mais acessíveis, como o iodo-131-lipiodol (131I-lipiodol), que já é produzido no Brasil. Estudos prévios mostraram que a TARE com 131I-lipiodol é eficaz e economicamente viável como tratamento locorregional do CHC em pacientes com TVP. Portanto o objetivo deste estudo foi comparar a custo-efetividade da TARE com 131I-lipiodol com a terapia sistêmica com sorafenibe, que é o tratamento atualmente disponibilizado pelo SUS para os casos que não podem receber TACE. Métodos: A comparação foi feita em casos de CHC em estadiamento intermediário e avançado, com o objetivo de elaborar uma proposta de incorporação dessa tecnologia no SUS e enviá-la ao Ministério da Saúde. O estudo foi realizado de forma retrospectiva, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, único hospital público do país onde os dois tratamentos já foram realizados através de protocolos de pesquisa. Dados dos pacientes e custos dos tratamentos foram coletados de prontuários eletrônicos, considerando também dados de estudos semelhantes. A análise de custo-efetividade foi realizada com base na sobrevida global e nos custos de cada tratamento, e também por modelo de Markov. Resultados: Os pacientes tratados com TARE e com sorafenibe não tiveram diferença estatisticamente significante quanto ao gênero, idade, gravidade da cirrose, tamanho do tumor e estadiamento BCLC. A sobrevida global dos pacientes tratados com TARE e com sorafenibe foi de 11,3 e 10,4 meses, respectivamente. Para os casos tratados com TARE com 131I-lipiodol o custo do tratamento foi de R$10.444,43 por paciente. Para os que foram tratados com sorafenibe o custo médio tratamento foi de R$ 90.225,17 por paciente. A razão de custo-efetividade foi de R$924,29/mês de vida para os pacientes tratados com TARE e de R$8.675,50 /mês de vida para os pacientes tratados com sorafenibe. A análise pelo Modelo de Markov mostrou que a TARE com ¹³¹I-lipiodol apresentou custo total acumulado de R$27.095,19, inferior ao do sorafenibe, mesmo quando considerada a aplicação de duas TAREs por paciente seguida do uso complementar de sorafenibe. O custo acumulado para o tratamento com sorafenibe isolado foi de R$164.502,32 - um custo aproximadamente seis vezes maior que a TARE com ¹³¹I-lipiodol. Conclusões: a TARE com 131I-lipiodol mostrou ser uma alternativa custo-efetiva quando comparada ao sorafenibe para o tratamento de pacientes com CHC nos estadiamentos BCLC B e C, mesmo quando associada ao uso complementar de sorafenibe após um ano. Além de reduzir significativamente os custos acumulados para o SUS, a TARE amplia as opções terapêuticas disponíveis, sendo uma estratégia promissora para otimizar o cuidado oncológico para uma parcela significativa da população acometida por CHC no Brasil.
Resumo (inglês)
Hepatocellular carcinoma (HCC) is among the most lethal neoplasms and is currently staged by the Barcelona Clinic Liver Cancer (BCLC) classification system into early (A), intermediate (B), advanced (C), and terminal (D) stages. Patients in stage B are recommended to receive transarterial chemoembolization (TACE); however, TACE is contraindicated in patients with portal vein thrombosis (PVT), a common complication in this population. In such cases, the alternative local therapy is transarterial radioembolization (TARE), which until now has relied on radioisotopes not produced in Brazil, and therefore, is not yet available through the Brazilian Unified Health System (SUS). As a result, patients with PVT treated in the SUS currently have only one option: systemic therapy with sorafenib. One way to reduce the cost of TARE is by using more affordable radioisotopes, such as iodine-131-lipiodol (¹³¹I-lipiodol), which is already produced in Brazil. Previous studies have shown that TARE with ¹³¹I-lipiodol is both effective and economically viable as a locoregional treatment for HCC in patients with PVT. This study aimed to compare the cost-effectiveness of TARE with ¹³¹I-lipiodol versus systemic therapy with sorafenib, which is the only option currently available in the SUS for patients ineligible for TACE. Methods: The comparison focused on intermediate and advanced HCC cases, with the goal of preparing a proposal for the incorporation of this technology into the SUS and submitting it to the Ministry of Health. This was a retrospective study conducted at the Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, the only public hospital in Brazil where both treatments have been performed under research protocols. Patient data and treatment costs were extracted from electronic medical records and supported by data from similar studies. Cost-effectiveness analysis was based on overall survival and treatment costs and was also modeled using a Markov approach. Results: There were no statistically significant differences between the TARE and sorafenib groups regarding sex, age, cirrhosis severity, tumor size, or BCLC staging. Overall survival was 11.3 months for TARE and 10.4 months for sorafenib. The average treatment cost per patient was R$ 10,444.43 for TARE and R$ 90,225.17 for sorafenib. The cost-effectiveness ratio was R$ 924.29 per life-month for TARE and R$ 8,675.50 for sorafenib. The Markov model analysis showed that the total accumulated cost per patient with ¹³¹I-lipiodol TARE was R$ 27,095.19, even when assuming two TARE procedures followed by complementary use of sorafenib. In comparison, the cost of sorafenib alone reached R$ 164,502.32 — approximately six times higher. Conclusions: TARE with ¹³¹I-lipiodol proved to be a cost-effective alternative to sorafenib for patients with HCC in BCLC stages B and C, even when associated with subsequent sorafenib use. In addition to significantly reducing cumulative costs for the SUS, TARE expands therapeutic options and represents a promising strategy to optimize cancer care for a substantial portion of the HCC population in Brazil.
Descrição
Palavras-chave
Carcinoma hepatocelular, Radioembolização, Quimioembolização, Cirrose hepática, Trombose de veia porta
Idioma
Português
Citação
SANTOS, Priscila Portugal dos. Proposta de inclusão de nova tecnologia ao Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para tratamento do carcinoma hepatocelular no Brasil. 2025. Relatório (Pós-Doutorado) - Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu, 2025.

