Lesões esplênicas neoplasicas e não neoplasicas em cães: um estudo retrospectivo

Abstract

O baço é um órgão complexo com diferentes funções no organismo, também po-dendo ser alvo de diversas desordens, associadas a doenças inflamatórias, hiper-plásicas, processos neoplasicas benignos, malignos e metastáticos. Comumente, cães idosos acometidos por lesões esplênicas são submetidos a esplenectomias terapêuticas. No entanto, devido ao importante papel do órgão na imunidade e he-matopoiese tais sistemas são prejudicados nestes pacientes. O presente trabalho visou determinar a frequência das lesões em baços de cães esplenectomizados. Foram avaliados 228 cães submetidos à esplenectomia entre os anos de 2008 e 2024. No total, foram identificadas 293 lesões, classificadas em cinco categorias: circulatórias, infecciosas/inflamatórias, metastáticas, neoplásicas e proliferativas. Informações como idade, sexo, porte, raça e presença de líquido livre abdominal foram coletadas a partir dos registros clínicos. Os resultados demonstraram que a média de idade dos animais foi de 10,14 anos, havendo predomínio de fêmeas (57,9%) e de cães sem raça definida (50,4%), seguidos por Pit Bull e Rottweiler, com destaque para a maior frequência de cães de porte grande a gigante (54,1%). Entre as categorias de lesões, as neoplásicas foram as mais prevalentes (45,1%), sendo o hemangiossarcoma o tumor mais frequentemente diagnosticado (54,5% dos casos neoplásicos), seguido por linfoma e hemangioma. Dentre as lesões não neoplási-cas, destacaram-se os hematomas esplênicos e a hiperplasia nodular. A análise estatística revelou associação significativa entre a ocorrência de hemoperitônio e a presença de lesões neoplásicas, especialmente o hemangiossarcoma. Por outro lado, não foram encontradas diferenças estatisticamente relevantes entre categorias de lesões e variáveis como sexo ou porte dos animais. Conclui-se que as neoplasi-as esplênicas, especialmente o hemangiossarcoma, representam a principal catego-ria de alterações em cães submetidos à esplenectomia. A associação significativa entre hemoperitônio e esse tumor reforça sua relevância clínica. O exame histopato-lógico permanece essencial para o diagnóstico definitivo e para orientar condutas terapêuticas adequadas.

The spleen is a complex organ with multiple physiological functions and may also be affected by a variety of disorders, including inflammatory, hyperplastic, benign, malignant, and metastatic neoplastic processes. Elderly dogs with splenic lesions are commonly submitted to therapeutic splenectomy; however, due to the crucial role of this organ in immunity and hematopoiesis, these systems may be compromised following its removal. The present study aimed to determine the frequency of splenic lesions in dogs undergoing splenectomy. A total of 228 dogs submitted to splenectomy between 2008 and 2024 were evaluated, yielding 293 lesions classified into five categories: circulatory, infectious/inflammatory, metastatic, neoplastic, and proliferative. Clinical records were reviewed to collect information regarding age, sex, body size, breed, and the presence of free abdominal fluid. The results showed a mean age of 10.14 years, with a predominance of females (57.9%) and mixed-breed dogs (50.4%), followed by Pit Bulls and Rottweilers, with large and giant breeds being the most frequently affected (54.1%). Neoplastic lesions were the most prevalent category (45.1%), with hemangiosarcoma being the most frequently diagnosed tumor (54.5% of neoplastic cases), followed by lymphoma and hemangioma. Among non-neoplastic lesions, splenic hematomas and nodular hyperplasia were the most common findings. Statistical analysis revealed a significant association between the occurrence of hemoperitoneum and the presence of neoplastic lesions, particularly hemangiosarcoma. Conversely, no statistically significant associations were observed between lesion categories and variables such as sex or body size. In conclusion, splenic neoplasms (especially hemangiosarcoma) represent the most frequent alterations in dogs submitted to splenectomy. The significant association with hemoperitoneum underscores its clinical relevance, and histopathological evaluation remains essential for definitive diagnosis and for guiding appropriate therapeutic decisions.