Como espécies invasoras afetam a diversidade taxonômica e funcional de mamíferos na Mata Atlântica?

Abstract

Animais invasores são uma das maiores ameaças à biodiversidade atualmente. Os mamíferos invasores, especificamente, são responsáveis por metade das extinções atuais de aves, répteis, e outros mamíferos. A interação nativo-invasor acontece de diferentes formas, podendo ser direta, como através da predação, competição e hibridização, ou indireta, quando os invasores interferem na relação da biota nativa com o ecossistema local. Ambas as interações resultam na modificação tanto da composição taxonômica como a de atributos das comunidades locais, sendo estas agravadas por distúrbios como desmatamento, incêndios e a pastagem de herbívoros que intensificam de forma sinérgica ou aditiva os efeitos das espécies invasoras. Com isso, pode-se argumentar que a Mata Atlântica é um dos biomas brasileiros potencialmente mais vulneráveis aos efeitos de mamíferos invasores pois, além de conter apenas 26% da sua mata original, é o território nacional que apresenta a maior população humana e sofre de problemas como caça e fragmentação. Mesmo que a presença dos animais invasores traga tantas consequências prejudiciais, essas ainda não são totalmente compreendidas. Assim, o presente estudo se propõe a analisar os efeitos de mamíferos invasores sobre comunidades de mamíferos nativos da Mata Atlântica. Mais especificamente testamos como a invasão afeta a riqueza de espécies e diversidade funcional de nativos. Esperávamos que a presença de invasores teria um efeito negativo na diversidade taxonômica e funcional de mamíferos da Mata Atlântica. Contrário à nossa previsão, encontramos uma relação positiva entre a riqueza de invasores e nativos. Isto é, locais com mais mamíferos invasores tendem a ter mais mamíferos nativos. Porém, confirmando nossa expectativa, encontramos uma relação negativa entre diversidade funcional de nativos e invasores, indicando que comunidades que tem mamíferos invasores mais funcionalmente diferentes tendem a ter mamíferos nativo mais funcionalmente parecidos.

Invasive animals are currently one of the greatest threats to biodiversity. Specifically invasive mammals are responsible for half of the current extinctions of birds, reptiles and other mammals. This native-invasive interaction happens in different ways: directly, as through predation, competition and hybridization, or indirectly, when invasive species interfere in the native biotic relationship with the local ecosystem. Both interactions results in taxonomic and attribute modifications of communities. These being aggravated by disturbances such as deforestation, fires and large herbivore grazing, that synergistically or additively intensifies the effects of invasive species. Therefore, one could argue, that the Atlantic Forest is one of the most vulnerable Brazilian biomes the invasive mammals can affect, because, in addition to having only 26% of its original vegetation, it is the national territory with the biggest human population, and suffer from problems such as hunting and fragmentation. Even though the presence of invasive animals brings so many harmful consequences, these are not fully understood. Thus, this study aims to analyze the effects of invasive mammals on the community of Atlantic forest’s native mammals. More precisely, we tested how the invasion affects native species’ richness and functional diversity. We expected that the presence of invasive mammals would have a negative effect on the native taxonomic and functional diversity. Contrary to our predictions, we found a positive link between invasive and native richness. i.e. locations where there are more invasive mammals tend to have more native mammals. We also found a negative link, confirming our expectations, between invasive and native functional diversity, indicating that communities that have more functionally dissimilar invasive mammals, tend to have more functionally similar native mammals