Do Galenismo e da Ayurveda: formação e registro de práticas médico-farmacêuticas em Goa (século XVIII).
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Data
Autores
Orientador
Viotti, Ana Carolina de Carvalho 

Coorientador
Pós-graduação
História - FCHS
Curso de graduação
Título da Revista
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Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Dissertação de mestrado
Direito de acesso
Acesso restrito
Resumo
Resumo (português)
Quais práticas e conhecimentos foram manejados e (des)escritos nos espaços de trato dos corpos na Goa setecentista? É essa a interrogação que norteia este estudo, que se vale, para respondê-la, de quatro receituários médico-farmacêuticos produzidos no contexto da Goa de fins do século XVII e do século XVIII: o Caderno de Várias Receitas Orientais (1696), de autoria de João dos Reis; o receituário médico-farmacêutico Árvore da Vida […] (c. 1720), escrito pelo jesuíta Affonso da Costa e, finalmente, os dois tomos da obra Medicina Oriental (c. 1735-1786), cuja produção é creditada ao goês Luís Caetano de Meneses. A pesquisa considera o enfraquecimento político do Estado da Índia e a escassez de médicos europeus em Goa, o que abriu espaço para a atuação de curadores locais e missionários, especialmente os oriundos da Companhia de Jesus. Diante da alta incidência de doenças tropicais entre os europeus e da ineficácia de parte dos saberes médicos ocidentais, os conhecimentos nativos tornaram-se essenciais. Os vaidyas, médicos indianos praticantes da ayurveda, mesmo sob suspeita das autoridades portuguesas, exerceram papel central no cuidado à saúde, muitas vezes em interação com os religiosos católicos. Os jesuítas, formados nos moldes europeus e conhecedores da medicina hipocrático-galênica, atuaram tanto no atendimento direto quanto na administração hospitalar, conciliando práticas de cura com a evangelização. A convivência entre diferentes tradições nos espaços de cura, como hospitais e boticas, gerou trocas e adaptações: europeus incorporaram saberes locais no tratamento das enfermidades, enquanto curadores indianos assimilaram preceitos ocidentais para legitimar sua prática diante da administração colonial. A partir desta aproximação entre distintos conhecimentos, ingredientes e tradições operados dentro dos hospitais e boticas portugueses instalados em Goa, o estudo mapeia elementos que dão indícios da assimilação de distintos saberes médico-farmacêuticos nesses locais. Para tanto, empreendeu-se uma análise do corpus documental, bem como de obras bibliográficas de apoio, reunindo informações sobre os saberes e tradições que teriam se difundido entre os curadores europeus – médicos ou jesuítas – e vaidyas atuando nesses espaços ao longo do século XVIII, momento em que se testemunha a intensificação da presença dos religiosos e panditos nos espaços de trato dos corpos da capital do Estado da Índia.
Resumo (inglês)
Which practices and knowledges were handled and written in the spaces of health care in the Eighteenth-century Goa? This question guides this study, which uses four medical and pharmaceutical books written in Goa, during the end of the Seventeenth and along the Eighteenth Centuries. These books are Caderno de Várias Receitas Orientais (1696), written by João dos Reis; Árvore da Vida […] (c. 1720), by Affonso da Costa and, finally, both volumes of Medicina Oriental (c. 1735-1786), whose production is credited to the goan Luís Caetano de Meneses. The research considers the Estado da Índia’s weakened political scene and the consequent diminishment on the number of doctors considered appropriate to work on the healing of the bodies, leading to the increase of local healers and missionaries, especially Jesuits, working on the medical scene. The high rates of tropical diseases among the Europeans and the inefficiency of their medical knowledge raised the demand for the native healing arts. The vaidyas, native doctors who used the ayurveda, even though they became targets of suspicion for the Portuguese authorities, became essential in the health care scenario, where they were often interacting with the catholic missionaries. The Jesuits, on their turn, educated according to the European standards and the Hippocratic-Galenic theories, worked directly in the health care and gained significance in the administration of the hospitals in Goa, task they conciliated to the propagation of the Cristian faith. The coexistence between different traditions in the health care spaces such as hospitals and pharmacies led to exchanges and adaptations: Europeans incorporated local knowledge in the treatment of the diseases, meanwhile Indian healers assimilated western precepts to legitimate their practices towards the colonial administration. From this approach among different knowledges, ingredients and traditions operated inside the Portuguese hospitals and apothecary’s shops established in Goa, our study maps elements that indicate the assimilation of distinct medical and pharmaceutical knowledges in these places. To do so, we will analyze the documents mentioned above, as well as supporting bibliographical works on the theme, gathering information about the knowledge and traditions that would have been spread among the European healers – doctors or Jesuits – and the vaidyas working in these spaces during the Eighteenth century, moment in which we note the raise of the missionaries and the pandits in the healing spaces of the capital of Estado da Índia.
Descrição
Palavras-chave
Índia portuguesa, Medicina, Farmácia, Século XVIII
Idioma
Português
Citação
MARCHETTO, Vitória. Do Galenismo e da Ayurveda: formação e registro de práticas médico-farmacêuticas em Goa (século XVIII). Orientadora: Ana Carolina de Carvalho Viotti. 2025. 176 f. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista, Franca, 2025.