Vitamina D e a sobrevida de mulheres na pós-menopausa tratadas de câncer de mama

Abstract

Objetivo: Investigar a associação entre os valores séricos de vitamina D (VD) no momento do diagnóstico do câncer de mama e a sobrevida em mulheres na pós-menopausa. Métodos: Trata-se de coorte prospectiva de centro único. Foram incluídas pacientes recém-diagnosticadas com câncer de mama invasivo entre 2014 a 2016, com idade ≥ 45 anos e amenorreia ≥ 12 meses, e dosagem de VD no momento do diagnóstico, antes de qualquer tratamento do câncer. As pacientes foram classificadas de acordo com valores séricos de 25-hidroxivitamina-D [25(OH)D] em três grupos: suficiente (≥ 3 ng/mL), insuficiência (entre 20-29 ng/mL) e deficiência (< 20 ng/mL). Foram coletados dados clínicos e anatomopatológicos. Curva de Kaplan-Meier e modelo de regressão de Cox foram empregados para avaliar a associação entre valores de 25(OH)D e a sobrevida global, sobrevida específica do câncer e sobrevida livre de doença. Resultados: Foram incluídas 192 mulheres com média de idade no diagnóstico de 61,3 ± 9,6 anos, valor médio de 25(OH)D de 25,8 ng/mL (variando de 12,0-59,2 ng/mL) e seguimento entre 54 – 78 meses. Valores suficientes de VD foram detectados em 65 pacientes (33,9%), insuficientes em 92 (47,9%) e deficientes em 35 (18,2%). Pacientes com insuficiência e deficiência de 25(OH)D apresentaram maior proporção de tumores de alto grau, localmente avançado e com metástase à distância, linfonodos axilares positivos, receptores de estrogênio (RE) e de progesterona (RP) negativos e índices altos de Ki67 (p<0.05). O tempo médio de sobrevida global foi de 54,4 ± 20,2 meses (variação de 9-78 meses) e 51 pacientes (26,6%) foram a óbito. Pacientes com deficiência e insuficiência de VD apresentaram pior sobrevida global em comparação às pacientes com valores suficientes (p<.0001 e p=0.004, respectivamente). Fatores que influenciaram significantemente a sobrevida foram: idade, estágio e tamanho do tumor, status linfonodal, RE e RP e valores de VD. Após ajustes para essas variáveis, pacientes com valores de 25(OH)D deficientes ou insuficientes no momento do diagnóstico apresentaram risco significativamente maior de mortalidade global (HR 4,65, IC 95% 1,65-13,12), maior risco de recorrência da doença (HR 6,87, IC 95% 2,35-21,18) e maior risco de morte pela doença (HR 5,91, IC 95% 1,98 -17,60) que aquelas com valores suficientes. Conclusão: Em mulheres na pós-menopausa tratadas de câncer de mama, a deficiência de vitamina D no momento do diagnóstico associou-se independentemente a menor sobrevida global, sobrevida livre de doença e sobrevida específica pelo câncer em comparação às pacientes com valores suficientes de vitamina D.

Objective: To investigate the association between serum vitamin D (VD) levels at the time of breast cancer diagnosis and survival in postmenopausal women. Methods: This is a single-center prospective cohort. The study included patients newly diagnosed with invasive breast cancer between 2014 and 2016, aged ≥ 45 years and in amenorrhea for ≥ 12 months, and VD assessment at the time of diagnosis, before any cancer treatment. Patients were classified into three groups according to serum levels of 25-hydroxyvitamin-D [25(OH)D]: sufficient (≥ 3 ng/mL), insufficient (between 20-29 ng/mL) and deficient (< 20 ng/mL). Clinical and anatomopathological data were collected. Kaplan-Meier curve and Cox regression model were used to assess the association between 25 (OH) D levels and overall survival, cancer-specific survival and disease-free survival. Results: The study included 192 women with a mean age of 61.3 ± 9.6 years at diagnosis, mean 25(OH)D levels of 25.8 ng/mL (ranging from 12.0 to 59.2 ng/mL) and follow-up period between 54-78 months. Sufficient VD levels were detected in 65 patients (33.9%), insufficient in 92 (47.9%) and deficient in 35 (18.2%). Patients with 25(OH)D insufficiency and deficiency had a larger proportion of high grade tumors, locally advanced and with distant metastasis, positive axillary lymph nodes, negative estrogen receptors (ER) and progesterone receptors (PR) and higher Ki67 index. (p < 0.05). The mean overall survival time was 54.4 ± 20.2 months (range, 9-78 months) and 51 patients (26.6%) died during the study period. Patients with VD deficiency and insufficiency had worse overall survival compared to patients with sufficient levels (p < 0.0001 and p = 0.004, respectively). Factors that significantly influenced survival were: age, tumor size, disease stage, lymph node status, ER, PR and VD serum levels. After adjusting for these variables, patients with deficient or insufficient 25(OH)D levels at the time of diagnosis had a significantly higher risk of overall mortality (HR 4.65, 95% CI 1.65-13.12), higher risk of disease recurrence (HR 6.87, 95% CI 2.35-21.18) and death from the disease (HR 5.91, 95% CI 1.98 -17.60) than those with sufficient levels. Conclusion: In postmenopausal women treated for breast cancer, vitamin D deficiency at the time of diagnosis was independently associated with lower overall survival, disease-free survival and cancer-specific survival compared to patients with sufficient serum levels of vitamin D.