Publicação: O MST e as mulheres tecendo as resistências: a luta antirracista e o romper das cercas
Carregando...
Data
2024-09-30
Autores
Orientador
Souza, José Gilberto de 

Coorientador
Traspadini, Roberta Sperandio
Pós-graduação
Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe - IPPRI
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Dissertação de mestrado
Direito de acesso
Acesso aberto

Resumo
Resumo (português)
Este é um estudo sobre a práxis emancipatória na construção da reforma agrária popular e tem como fio condutor a questão étnico-racial enquanto um elemento fundamental nesta práxis. Focamos nas experiências de lutas e resistências a partir da práxis da ocupação do MST no Vale do Jequitinhonha e Mucuri, estado de Minas Gerais, estabelecendo um diálogo com a luta antirracista, anticolonialista, antipatriarcal sem as quais não se constrói uma luta anticapitalista. Articulamos uma reflexão sobre a importância do feminismo popular e camponês, ressaltando a importância das mulheres negras, e o necessário diálogo com o feminismo negro. Refletimos sobre as experiências de aquilombamentos em assentamentos rurais analisando a sua dinâmica produtiva como formas de resistência da produção e reprodução social, analisando como estas existências se contrapõem a partir da forma de reprodução material desses sujeitos à lógica eurocêntrica, colonizadora, do patriarcado, do racismo estrutural e do capitalismo dependente. Ao longo do percurso deste estudo estabelecemos uma vinculação entre a luta pela terra e a luta antirracista e refletimos como estas duas dimensões caminharam dialogicamente juntas, ou não, na história do Brasil. Contudo, apontamos elementos da luta antirracista presentes na construção da Reforma Agrária Popular demarcando uma relação dialógica entre a práxis da ocupação do MST e a práxis histórica da luta negra, indígena e popular. Intencionamos destacar a importância da construção permanente do caráter emancipatório do MST levando em consideração seus objetivos de lutar pela terra, por reforma agrária popular e pela transformação social. Apontamos experiências grávidas de futuro, germes de um amanhã sem racismo e sem formas de dominação, para então, refletirmos sobre qual deve ser a compreensão dialética da luta antirracista na construção da reforma agrária popular. A compreensão possível até aqui, é muito óbvia, se trata da necessidade de reafirmar a luta antirracista, assim como todas as demais lutas, pois, o enfrentamento ao racismo estrutural em suas raízes profundas deve intencionar de forma constante, dentro de uma práxis emancipatória, a luta pela terra e território com as questões de gênero, raça e classe.
Resumo (inglês)
This study explores emancipatory praxis in the construction of popular agrarian reform, with the ethnic-racial issue as a fundamental element of this praxis. We focus on the experiences of struggle and resistance through the MST's occupation praxis in the Vale do Jequitinhonha e Mucuri, in the state of Minas Gerais, establishing a dialogue with anti-racist, anti-colonial, and anti-patriarchal struggles — without which an anti-capitalist struggle cannot be built. We articulate a reflection on the significance of popular and peasant feminism, emphasizing the role of Black women and the necessary dialogue with Black feminism. Additionally, we analyze quilombamento experiences in rural settlements, examining their productive dynamics as forms of resistance in both production and social reproduction. We assess how these existences, through their modes of material reproduction, counteract the Eurocentric, colonial, patriarchal, structurally racist, and dependent capitalist logic. Throughout this study, we establish a link between the struggle for land and the anti-racist struggle, reflecting on how these two dimensions have historically walked together—or not—in Brazil. Nevertheless, we highlight elements of the anti-racist struggle present in the construction of Popular Agrarian Reform, marking a dialogical relationship between the MST's occupation praxis and the historical praxis of Black, Indigenous, and popular struggles. Our aim is to emphasize the ongoing construction of the emancipatory character of the MST, considering its objectives of fighting for land, for popular agrarian reform, and for social transformation. We point to experiences pregnant with the future — seeds of a tomorrow without racism and domination — so that we may then reflect on the necessary dialectical understanding of the anti-racist struggle in the construction of popular agrarian reform. The understanding reached thus far is evident: it is essential to reaffirm the anti-racist struggle, alongside all other struggles. Confronting structural racism at its deep roots must continuously integrate, within an emancipatory praxis, the struggle for land and territory with the issues of gender, race, and class.
Resumo (espanhol)
Este estudio analiza la praxis emancipadora en la construcción de la reforma agraria popular, considerando la cuestión étnico-racial como un elemento fundamental en esta praxis. Nos centramos en las experiencias de lucha y resistencia a partir de la praxis de ocupación del MST en los Vale de Jequitinhonha y Mucuri, en el estado de Minas Gerais, estableciendo un diálogo con las luchas antirracista, anticolonial y antipatriarcal, sin las cuales no es posible construir una lucha anticapitalista. Articulamos una reflexión sobre la importancia del feminismo popular y campesino, destacando el papel fundamental de las mujeres negras y el necesario diálogo con el feminismo negro. Asimismo, analizamos experiencias de aquilombamiento en asentamientos rurales, examinando su dinámica productiva como formas de resistencia en la producción y reproducción social. Observamos cómo estas formas de existencia, a través de sus modos de reproducción material, se oponen a la lógica eurocéntrica, colonial, patriarcal, del racismo estructural y del capitalismo dependiente. A lo largo de este estudio, establecemos una relación entre la lucha por la tierra y la lucha antirracista, reflexionando sobre cómo estas dos dimensiones han caminado juntas — o no — a lo largo de la historia de Brasil. Sin embargo, señalamos elementos de la lucha antirracista presentes en la construcción de la Reforma Agraria Popular, marcando una relación dialógica entre la praxis de ocupación del MST y la praxis histórica de las luchas negras, indígenas y populares. Nuestro objetivo es destacar la construcción permanente del carácter emancipador del MST, considerando sus objetivos de luchar por la tierra, por la reforma agraria popular y por la transformación social. Apuntamos a experiencias cargadas de futuro, semillas de un mañana sin racismo y sin formas de dominación, para luego reflexionar sobre la comprensión dialéctica necesaria de la lucha antirracista en la construcción de la reforma agraria popular. La comprensión alcanzada hasta ahora es clara: es fundamental reafirmar la lucha antirracista, al igual que todas las demás luchas. El enfrentamiento al racismo estructural en sus raíces profundas debe integrar de manera constante, dentro de una praxis emancipadora, la lucha por la tierra y el territorio con las cuestiones de género, raza y clase.
Descrição
Idioma
Português
Como citar
SANTOS, Maria José. O MST e as mulheres tecendo as resistências: a luta antirracista e o romper das cercas. Orientador: José Gilberto de Souza. Coorientadora: Roberta Sperandio Traspadini. 2024. 136 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais, Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe, São Paulo, 2024.