Logotipo do repositório
 

Publicação:
Memória histórica e anexação da Crimeia: o papel das percepções do passado para o processo de legitimação da política externa russa (1999-2014)

Carregando...
Imagem de Miniatura

Orientador

Soares, Samuel Alves

Coorientador

Succi Junior, David Paulo

Pós-graduação

Relações Internacionais - IPPRI

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Dissertação de mestrado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Resumo (português)

Nesta dissertação, investigamos a relação entre a memória histórica e o processo de legitimação da anexação da Crimeia em 2014, articulando os estudos sobre memória, legitimação e segurança ontológica. Destacamos como o governo russo acionou a memória histórica para justificar a decisão de anexação em um discurso de legitimação. A abordagem teórica trata a memória histórica como um processo dinâmico, com a nação e os marcos históricos nacionais como principais referências, articulado pelas interações sociais e estruturas de poder. Nosso argumento central é que a memória histórica, inserida no contexto da segurança ontológica, desempenhou um papel relevante na estruturação da identidade nacional russa e na formulação de sua política externa pós-soviética. Assim, neste estudo abordamos a trajetória pós-soviética da Rússia, marcada por tentativas iniciais de integração com o Ocidente, seguidas pela adoção de uma postura pragmática e assertiva. Realizamos uma análise empírica dos discursos oficiais disponíveis no site do Kremlin, em inglês e russo, de 1999 até 18 de março de 2014, data do discurso de anexação da Crimeia. Para a análise dos discursos, empregamos a análise configuracional da ação social, que busca identificar os recursos culturais disponíveis e como estes foram acionados no processo de legitimação de uma decisão política. Identificamos que determinados elementos ideacionais da memória histórica pós-soviética foram acionados para reforçar a identidade nacional em estruturação desde o colapso da União Soviética e legitimar a decisão de anexação, diante das ameaças percebidas pela alteração da orientação política da Ucrânia em direção ao Ocidente e, em particular, as possíveis implicações de uma maior aproximação com a OTAN. Como principal contribuição, a análise revelou que a memória histórica presente no processo de legitimação da anexação da Crimeia foi tanto estratégica, pela relevância geopolítica da península, quanto identitária, envolvendo narrativas nacionais que conectam determinados marcos históricos. Essa articulação estratégica-identitária reflete uma associação dialética entre a memória histórica e as dinâmicas internacionais do pós-Guerra Fria.

Resumo (inglês)

In this dissertation, we investigate the relationship between historical memory and the process of legitimising the annexation of Crimea in 2014, linking studies on memory, legitimacy, and ontological security. We highlight how the Russian government drew upon historical memory to justify the decision to annex Crimea in a legitimising discourse. The theoretical approach treats historical memory as a dynamic process, with the nation and national historical landmarks as key references, articulated through social interactions and power structures. Our central argument is that historical memory, embedded in the context of ontological security, played an important role in structuring Russia’s national identity and formulating its post-Soviet foreign policy. Thus, in this study, we address Russia’s post-Soviet trajectory, marked by initial attempts at integration with the West, followed by the adoption of a pragmatic and assertive stance. We conduct an empirical analysis of the official speeches available on the Kremlin’s website, in both English and Russian, from 1999 until 18 March 2014, the date of the Crimea annexation speech. For the analysis of the speeches, we employed the configurational analysis of social action, which aims to identify the cultural resources available and how they were activated in the process of legitimising a political decision. We identified that certain ideational elements of post-Soviet historical memory were invoked to reinforce the national identity that had been developing since the collapse of the Soviet Union and to legitimise the decision to annex Crimea, in light of the perceived threats from Ukraine’s shift towards the West, particularly the potential implications of closer ties with NATO. As a major contribution, the analysis revealed that the historical memory in the process of legitimising the annexation of Crimea was both strategic, due to the geopolitical significance of the peninsula, and identity-based, involving national narratives connecting specific historical landmarks. This strategic-identity articulation reflects a dialectical association between historical memory and post-Cold War international dynamics.

Resumo (espanhol)

En esta disertación, investigamos la relación entre la memoria histórica y el proceso de legitimación de la anexión de Crimea en 2014, articulando los estudios sobre memoria, legitimación y seguridad ontológica. Destacamos cómo el gobierno ruso utilizó la memoria histórica para justificar la decisión de anexión en un discurso de legitimación. El enfoque teórico trata la memoria histórica como un proceso dinámico, con la nación y los hitos históricos nacionales como principales referencias, articulados por las interacciones sociales y las estructuras de poder. Nuestro argumento central es que la memoria histórica, en el contexto de la seguridad ontológica, desempeñó un papel relevante en la estructuración de la identidad nacional rusa y en la formulación de su política exterior postsoviética. Así, en este estudio abordamos la trayectoria postsoviética de Rusia, marcada por intentos iniciales de integración con Occidente, seguidos por la adopción de una postura pragmática y asertiva. Realizamos un análisis empírico de los discursos oficiales disponibles en el sitio web del Kremlin, en inglés y ruso, desde 1999 hasta el 18 de marzo de 2014, fecha del discurso de anexión de Crimea. Para el análisis de los discursos, empleamos el análisis configuracional de la acción social, que busca identificar los recursos culturales disponibles y cómo estos fueron utilizados en el proceso de legitimación de una decisión política. Identificamos que ciertos elementos ideacionales de la memoria histórica postsoviética fueron utilizados para reforzar la identidad nacional en estructuración desde el colapso de la Unión Soviética y legitimar la decisión de anexión, ante las amenazas percibidas por la alteración de la orientación política de Ucrania hacia Occidente y, en particular, las posibles implicaciones de un mayor acercamiento con la OTAN. Como principal contribución, el análisis reveló que la memoria histórica presente en el proceso de legitimación de la anexión de Crimea fue tanto estratégica, por la relevancia geopolítica de la península, como identitaria, involucrando narrativas nacionales que conectan ciertos hitos históricos. Esta articulación estratégica-identitaria refleja una asociación dialéctica entre la memoria histórica y las dinámicas internacionales de la posguerra fría.

Descrição

Palavras-chave

Memória histórica, Crimeia, Política externa russa, Historical memory, Crimea, Russian foreign policy, Memoria histórica, Crimea, Política exterior rusa

Idioma

Português

Como citar

ARAUJO, Maria Eduarda Carvalho de. Memória histórica e anexação da Crimeia: o papel das percepções do passado para o processo de legitimação da política externa russa (1999-2014). Orientador: Samuel Alves Soares. Coorientador: David Paulo Succi Junior. 2025. 164 f. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) – UNESP/UNICAMP/PUC-SP, Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas, São Paulo, 2025.

Itens relacionados

Unidades

Departamentos

Cursos de graduação

Programas de pós-graduação