Análise do conhecimento do anestesiologista brasileiro sobre assistência à saúde baseada em valor: estudo transversal baseado em um questionário eletrônico nacional
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Data
Autores
Orientador
Lima, Lais Helena Navarro e 

Coorientador
Pós-graduação
Anestesiologia - FMB
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Tese de doutorado
Direito de acesso
Acesso restrito
Resumo
Resumo (português)
Introdução e Objetivos: O aumento dos custos, ineficiências operacionais e modelos de remuneração baseados em volume ameaçam a sustentabilidade dos sistemas de saúde. A Assistência à Saúde Baseada em Valor (Value-Based Health Care – VBHC) busca melhorar os desfechos clínicos em relação aos custos, promovendo eficiência e transparência. No entanto, sua adoção ainda é limitada, especialmente entre anestesiologistas, profissionais essenciais no manejo perioperatório. Este estudo investiga a confiança dos anestesiologistas brasileiros na VBHC, sua preparação e percepções sobre modelos de pagamento, analisando fatores como autopercepção do conhecimento, satisfação com a remuneração atual e abertura para modelos alternativos em diferentes grupos sociodemográficos.
Métodos: Estudo transversal baseado em um questionário eletrônico distribuído entre 1º de outubro e 28 de novembro de 2023. A amostra incluiu anestesiologistas de diferentes regiões do Brasil, recrutados por meio de redes sociais, e-mails e WhatsApp®. Foram excluídas respostas incompletas ou duplicadas. O questionário abordou características profissionais e sociodemográficas, conhecimento sobre VBHC, percepção sobre o atual modelo de remuneração e interesse em modelos alternativos. A análise estatística incluiu testes de normalidade (Shapiro-Wilk), comparações de proporções (Qui-quadrado), testes não paramétricos (Mann-Whitney) e regressão logística para identificar fatores associados ao conhecimento sobre VBHC.
Resultados: Foram coletadas 435 respostas, com 269 incluídas na análise final, resultando em uma taxa de conclusão de 66,6%. A maioria dos participantes tinha entre 35 e 49 anos (54,4%) e mais de 10 anos de experiência profissional (61%). Quanto ao conhecimento sobre VBHC, 62,7% relataram baixa familiaridade, e 83% desconheciam a equação de valor de Porter e Teisberg. O estudo revelou uma notável superconfiança entre os anestesiologistas, com uma taxa geral de 38%. Maior familiaridade com VBHC esteve associada a mais experiência, possuir MBA e atuar no setor privado (p < 0,05). Em relação aos modelos de remuneração, 66,2% dos anestesiologistas eram pagos por Fee-for-Service, enquanto apenas 6% participavam de contratos Fee-for-Value. No entanto, 47,6% demonstraram interesse em
aprender mais sobre pagamentos baseados em valor, e 38,1% estavam abertos à adoção desse modelo.
Conclusão: Este estudo identificou lacunas significativas no entendimento dos anestesiologistas brasileiros sobre VBHC. Embora 89,7% reconhecessem o conceito, apenas 37,3% tinham alta familiaridade, e 83% desconheciam a equação de valor. A taxa de superconfiança de 38% sugere um desalinhamento entre conhecimento percebido e real, dificultando a implementação. Apesar do reconhecimento da necessidade de medir desfechos e reduzir a variabilidade clínica, a adoção da VBHC ainda é limitada. A insatisfação com o modelo Fee-for-Service foi evidente, com maior interesse em estruturas de pagamento alternativas entre anestesiologistas experientes, com MBA e atuantes no setor privado. Os achados destacam a necessidade urgente de capacitação direcionada para reduzir a lacuna entre conhecimento e confiança, facilitando a transição para a VBHC.
Resumo (inglês)
Introduction and Objectives: Rising healthcare costs and operational inefficiencies threaten health system sustainability. Value-Based Health Care (VBHC) seeks to improve clinical outcomes relative to costs, promoting efficiency and transparency. Uptake remains limited, particularly among anesthesiologists, crucial for perioperative management. This study investigates Brazilian anesthesiologists' confidence in VBHC, their preparedness, and views on payment structures, examining factors such as self-perceived knowledge, satisfaction with current compensation, and openness to alternative models across various sociodemographic groups.
Methods: This cross-sectional study utilized a survey distributed from October 1 to November 28, 2023. The participants included anesthesiologists from various regions of Brazil, who were recruited through social media, email, and WhatsApp®. Responses that were incomplete or duplicated were removed. The questionnaire assessed professional and sociodemographic traits, knowledge regarding VBHC, views on the current compensation system, and interest in alternative payment methods. Statistical analysis involved normality tests (Shapiro-Wilk), comparisons of proportions (Chi-square), non-parametric methods
(Mann-Whitney), and logistic regression to uncover factors linked to VBHC knowledge.
Results: We collected a total of 435 responses, with 269 included in the final analysis, yielding a completion rate of 66.6%. Most participants were between the ages of 35 and 49 (54.4%) and had more than 10 years of professional experience (61%). Regarding knowledge about VBHC, 62.7% reported low familiarity, and 83% were unaware of Porter and Teisberg’s value equation. The study revealed a notable overconfidence among anesthesiologists, with an overall rate of 38%. Higher familiarity with VBHC was linked to more experience, an MBA, and employment in the private sector (p < 0.05). Concerning reimbursement models, 66.2% of anesthesiologists were compensated through Fee-for-Service, whereas only 6% were involved in Fee-for-Value contracts. Nonetheless, 47.6% expressed interest in learning more about value-based payments, and 38.1% were open to adopting this model.
Conclusion: This study found significant gaps in Brazilian anesthesiologists' understanding of VBHC. Although 89.7% recognized the concept, just 37.3% were highly familiar, and 83% lacked knowledge of the value equation. A 38% overconfidence rate suggests a disconnect between perceived and actual knowledge, hindering implementation. While participants saw the need for outcome measurement and reducing clinical variability, VBHC adoption remains limited. Dissatisfaction with the Fee-for-Service model was evident, with greater interest in alternative payment structures among experienced anesthesiologists, MBAs, and private sector professionals. The findings underscore the urgent need for targeted training to bridge the knowledge-confidence gap and facilitate the shift to VBHC.
Descrição
Palavras-chave
Assistência à saúde baseada em valor, Anestesiologia, Modelos de remuneração, Calibração, Questionário, Fee-for-service, Value based healthcare
Idioma
Português
Citação
CHIBANA, Aline Yuri. Análise do conhecimento do anestesiologista brasileiro sobre assistência à saúde baseada em valor: estudo transversal baseado em um questionário eletrônico nacional. Orientadora: Lais Helena Navarro e Lima. 2025. Tese (Doutorado em Anestesiologia) - Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu. 2025.