Alterações clínicas e morfológicas da parvovirose canina relacionadas ao tipo viral na região do centro oeste paulista

Abstract

O objetivo deste estudo foi investigar a influência dos tipos de parvovírus caninos, na gravidade do quadro clínico, letalidade, alterações cardíacas e hematológicas em vinte e o oito cães na região do centro oeste paulista. O parvovírus canino (CPV) é um patógeno importante na clínica de cães domésticos, sendo responsável por quadros severos de gastroenterite hemorrágica e miocardite, com alta mortalidade em cães jovens. Os tipos antigênicos e suas principais variantes CPV-2a, CPV-2b e CPV-2c estão prevalentes em todo o mundo. O vírus possui três proteínas estruturais (VP1, VP2 e VP3) e duas não estruturais (NS1 e NS2), sendo VP2altamente imunogênico. Os cães do estudo, foram pacientes do serviço de Moléstias Infecciosas do Hospital Veterinário da Unesp, que apresentaram sintomatologia e histórico clínico compatíveis com a parvovirose canina, somado ao exame positivo de PCR para o CPV-2. A partir do resultado molecular positivo, as amostras fecais reagentes, foram submetidas ao sequenciamento gênico para identificação do tipo viral, diferenciando em CPV-2a, 2b e 2c. Os pacientes positivos para o CPV-2 foram acompanhados clinicamente e as alterações hematológicas, bioquímicas, cardiológicas, histopatológicas e macroscópicas (em caso de óbito devido a um mal prognóstico), foram analisadas em relação ao tipo viral, detectando-se o subtipo CPV-2a em 21,42%, o biotipo CPV-2 b em 78,57% e a variante CPV-2 c em 3,57%. Após análise dos dados, notou-se que a cepa CPV-2a infecta principalmente filhotes de até 3 meses de vida e o quadro clínico apresenta maior gravidade. A cepa CPV-2b é mais abrangente na região centro-oeste paulista, podendo causar a parvovirose em cães jovens e adultos. Dos 28 cães do estudo, 40,74% exibiram alterações no ecocardiograma, em 29,62% dos pacientes, identificou-se alterações no ECG. Sendo que as todas as alterações em exames cardíacos foram relacionadas somente em uma parte de cães do grupo infectado pela CPV-2b. Porém o número amostral foi baixo e possivelmente interferiu na avaliação dos dados. O monitoramento contínuo das variantes do CPV-2 é fundamental para um maior conhecimento acerca da evolução do vírus, dinâmica e propagação da doença. A identificação de variantes do CPV em diversos países é importante para avaliar a gravidade do quadro clínico, em relação ao subtipo em cães infectados, contribuindo para a melhoria na investigação epidemiológica da parvovirose

The aim of this study was to investigate the influence of canine parvovirus types on the severity of clinical symptoms, lethality, cardiac and hematologic alterations in twenty-eight dogs in the central-western region of São Paulo. Canine parvovirus (CPV) is an important pathogen in domestic dog clinics, responsible for severe cases of hemorrhagic gastroenteritis and myocarditis, with high mortality in young dogs. The antigenic types and their main variants CPV-2a, CPV-2b and CPV-2c are prevalent worldwide. The virus has three structural proteins (VP1, VP2 and VP3) and two non-structural proteins (NS1 and NS2), with VP2 being highly immunogenic. The dogs in the study were patients of the Infectious Diseases Service of the Veterinary Hospital of Unesp, which presented symptoms and clinical history compatible with canine parvovirus, in addition to a positive PCR test for CPV-2. Based on the positive molecular result, the reactive fecal samples were subjected to gene sequencing to identify the viral type, differentiating them into CPV-2a, 2b and 2c. Patients positive for CPV-2 were clinically monitored and the hematological, biochemical, cardiological, histopathological and macroscopic alterations (in case of death due to a poor prognosis) were analyzed in relation to the viral type, detecting the CPV-2a subtype in 21.42%, the CPV-2 b biotype in 78.57% and the CPV-2 c variant in 3.57%. After analyzing the data, it was noted that the CPV-2a strain mainly infects puppies up to 3 months of age and the clinical picture is more severe. The CPV-2b strain is more widespread in the central-west region of São Paulo and can cause parvovirus in young and adult dogs. Of the 28 dogs in the study, 40.74% exhibited alterations in the echocardiogram, and in 29.62% of the patients, alterations in the ECG were identified. All alterations in cardiac exams were related to only a portion of dogs in the group infected with CPV-2b. However, the sample size was low and possibly interfered with the evaluation of the data. Continuous monitoring of CPV-2 variants is essential for greater knowledge about the evolution of the virus, dynamics and spread of the disease. The identification of CPV variants in different countries is important to assess the severity of the clinical picture, in relation to the subtype in infected dogs, contributing to the improvement of the epidemiological investigation of parvovirus.