Do olhar que nos resta: a concepção de sintoma na reflexão estética de Didi Huberman

Abstract

Esta dissertação visa a compreender, de maneira teórica, o conceito de sintoma freudiano na sua ressignificação por Georges Didi-Huberman no que concerne à Estética Contemporânea. O diálogo com a Psicanálise não só norteia parte considerável da Estética de Didi-Huberman, como abre, por sua vez, uma possibilidade de releitura do próprio conceito de sintoma, naquilo que o filósofo francês propõe como uma "estética dos sintomas". Através desse deslocamento do conceito de sintoma freudiano, do seu uso clínico para a superfície das obras de arte como produção de pensamento afetivo, Didi-Huberman procura instaurar uma aproximação da Estética e da História da Arte com as obras, em si, numa nuance que permita o não encerramento das interpretações do pensamento conceitual com as obras em simples enunciados de significação discursiva. Pensar uma "sintomatologia" imanente ao fazer artístico, é indicar que há na poièsis e pela poièsis das obras de arte, uma força disruptiva que só pode ser compreendida no devir da arte mesma. A pesquisa se circunscreve, portanto, na interpretação da variação semântica do conceito de sintoma como significante privilegiado na elaboração de uma Estética afinada com a Psicanálise em Didi-Huberman.

This dissertation aims to understand, in a theoretical way, the concept of Freudian symptom in its re-signification by Georges Didi-Huberman regarding Contemporary Aesthetics. The dialogue with Psychoanalysis not only guides a considerable part of Didi-Huberman's Aesthetics, but also opens, on its part, a possibility of re-reading the very concept of the symptom, in what the French philosopher proposes as an "symptoms aesthetic". Through this displacement of the Freudian concept of symptom, from its clinical use to the surface of the works of art as a production of affective thought, Didi-Huberman seeks to establish an approximation of Aesthetics and Art History with the works themselves, in a nuance that allows the non-closure of interpretations of conceptual thought with the works of art in simple statements of discursive signification. To think of an immanent "symptomatology" in art making is to indicate that there is, in the poièsis and through the poièsis of the works of art, a disruptive force that can only be understood in the becoming of art itself. The research is circumscribed, therefore, to the interpretation of the semantic variation of the concept of symptom as a privileged signifier in the elaboration of an Aesthetics in tune with Psychoanalysis in Didi-Huberman.