Publicação: Da histeria no Rio de Janeiro oitocentista: medicina, feminilidade e nevrose nas teses médicas cariocas (1837 – 1890)
Carregando...
Data
Orientador
Cardoso Júnior, Hélio Rebello 

Coorientador
Pós-graduação
História - FCHS 33004072013P0
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Tese de doutorado
Direito de acesso
Acesso aberto

Resumo
Resumo (português)
O desembarque da corte portuguesa no Rio de Janeiro, em 1808, deu início a um intenso
processo de transformações na cidade. Como nova sede da monarquia lusitana, a urbe recebeu
uma série de investimentos visando à modernização de seu espaço urbano e à europeização dos
costumes de seus habitantes. Esse processo de adequação de uma sociedade de hábitos coloniais
à nova realidade urbana e civilizada da cidade, desenvolvido ao longo de todo o século XIX,
contou com os esforços de diversos agentes, entre eles os médicos. Assim sendo, a medicina
social – ramo da ciência médica que reflete e atua sobre a cidade e sua população – passa a
esquadrinhar o espaço urbano do Rio de Janeiro e os fluminenses com a intenção de instituir
padrões civilizados sobre a urbe e sua gente. E, nesse processo de atuação da medicina no seio
da sociedade carioca, os doutores privilegiaram a mulher entre seus objetos de intervenção.
Graças aos importantes papéis de mãe e de esposa que desenvolviam no interior do novo
modelo familiar posto em jogo a partir de então – a família higiênica –, as mulheres foram
minuciosamente esquadrinhadas pelos médicos fluminenses. Dessa forma, o presente estudo
objetiva compreender a maneira como a instituição médica construiu um dos maiores temores
médicos do período: a mulher histérica. Para tanto, utilizar-se-á da análise das teses produzidas
pelos formandos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro entre 1837, ano da publicação de
Considerações gerais sobre a alienação mental, de Antonio Luiz da Silva Peixoto, primeiro
escrito da instituição a mencionar a enfermidade, e 1890, quando é defendido o estudo Da
histeria no homem, de Maurillo Tito Nabuco de Abreu, momento em que se nota a inflexão no
conteúdo das teses. Objetiva-se, portanto, mapear o que escreveram os médicos fluminenses a
respeito da histeria com o intuito de explicitar os sintomas, as causas e os tratamentos indicados
para o histerismo. Ademais, evidenciando a construção da histeria pelo pensamento médico,
procura-se revelar parte das estratégias desenvolvidas pela medicina para atuar sobre a
população brasileira.
Resumo (inglês)
The arrival of the Portuguese court in Rio de Janeiro, in 1808, gave way to an intense process
of transformation in the city. As the new headquarters of the Portuguese monarchy, the city
received a series of investments aimed at modernizing its urban space and the Europeanization
of the customs of its inhabitants. This process of adapting a society with colonial habits to the
new urban and civilized reality of the city, developed throughout the 19th century, included the
efforts of several agents, including medical doctors. Therefore, social medicine – a branch of
medical science that reflects and acts on the city and its population – begins to examine the
urban space of Rio de Janeiro and its people with the intention of establishing civilized
standards for the city and its inhabitants. And, while acting within the heart of the society from
Rio de Janeiro, medical doctors privileged women among their objects of intervention. Due to
their important roles as mothers and wives developed within the new family model put into
play from then on – called the ‘hygienic family’ –, women were meticulously depicted by
physicians in Rio de Janeiro. Thus, the present study aims to understand the way in which the
medical institution constructed one of the greatest medical fears of the period: the hysterical
woman. To this end, the analyses of theses will be made, considering those produced by
graduates from Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro between 1837 – the year when
Considerações gerais sobre a alienação mental, by Antonio Luiz da Silva Peixoto was
published, the first writing from the institution to mention the disease –, and 1890 – when the
study Da histeria no homem, by Maurillo Tito Nabuco de Abreu, was defended, a moment in
which the inflection in the content of theses can be noted. The objective, therefore, is to map
what medical doctors from Rio de Janeiro wrote about hysteria with the aim of explaining the
symptoms, causes and treatments recommended for hysterism. Furthermore, by highlighting
the construction of hysteria through medical thought, the unveiling of part of the strategies
developed by medicine in order to act upon the Brazilian population is sought
Resumo (espanhol)
La llegada de la Corte Portuguesa a Rio de Janeiro en 1808 desencadenó un intenso proceso de
transformaciones de esa ciudad. Al convertirse en la nueva sede de la monarquía lusitana, a la
urbe le hicieron grandes inversiones con miras a modernizarla y europeizar las costumbres
locales. Ese proceso de adaptación de una sociedad con hábitos coloniales a una nueva realidad
urbana y civilizatoria se desarrolló a lo largo del siglo XIX, involucrando el esfuerzo de
distintos actores, entre los cuales se destacaron a los médicos. De esa manera, la medicina social
– una rama de la ciencia médica que refleja y actúa sobre la ciudad y su población – comenzó
a analizar minuciosamente el entorno urbano de Rio de Janeiro y a los fluminenses con la
intención de establecer patrones civilizadores sobre la ciudad y su población. De ahí que, ese
proceso de desarrollo de la medicina dentro de la sociedad carioca, los médicos dirigieron su
atención hacia las mujeres como uno de sus objetos de intervención. Esto se debió a los
importantes roles de madre y esposa que desarrollaban en el centro del nuevo modelo familiar
que estaba en riesgo en ese momento – la familia higiénica. Las mujeres fueron atentamente
escudriñadas por los médicos fluminenses. Por lo tanto, esta investigación tiene como objetivo
comprender el modo que la institución médica construyó uno de los miedos más grandes de la
época: la histeria femenina. Para ello, se examinarán las tesis producidas por los graduandos de
la Facultad de Medicina de Rio de Janeiro desde 1837, año de la publicación de Considerações
gerais sobre a alienação mental, de Antonio Luiz da Silva Peixoto, el primer escrito de la
institución en mencionar esta enfermedad, hasta 1890, cuando se defiende la tesis Da histeria
no homem, de Maurillo Tito Nabuco de Abreu, momento en que se percibe la inflexión en el
contenido de las tesis. De esta manera, se busca investigar lo que los médicos fluminenses han
escrito acerca de la histeria con el propósito de explicar los síntomas, las causas y los
tratamientos indicados a esa afección. Además, busca dejar patente la construcción de la histeria
por el pensamiento médico, se pretende desvelar parte de las estrategias desarrolladas por la
medicina para influir sobre la población brasileña
Descrição
Palavras-chave
Brasil - História - 1808-, Histeria, Medicina, History of Brazil, Medicine, Hygiene, Hysteria, Historia de Brasil, Medicina, Higiene, Histeria
Idioma
Português