O violonismo e a canção de câmara brasileira

Abstract

Neste trabalho buscamos compreender a relação que o violão estabelece com a voz e o texto na canção de câmara brasileira do século XX, e a maneira como essa relação constrói uma unidade discursiva indivisível. A forma como o violão atua nesta tridimensionalidade traz consigo um lastro histórico-sócio-cultural, e transcende o idiomático do violão. Essa categoria de atuação, a qual chamamos de violonismo, passa por processos de simbolização e representação, e permite certas atribuições de sentido. Para amparar esta discussão buscamos, no primeiro capítulo, traçar um percurso histórico dos instrumentos de cordas dedilhadas com ênfase na sua relação com a voz. Veremos no segundo capítulo que tal percurso levou o violão a um posicionamento, no qual seu repertório escrito para voz e violão, evidencia um uso específico e exclusivo do instrumento. As implicações deste uso são discutidas no terceiro e último capítulo, no qual, sem buscar respostas definitivas, descortina questionamentos fundamentais acerca das possibilidades do violonismo.

In this work, we seek to understand the relationship that the guitar establishes with the voice and text of Brazilian chamber song of the 20th century and the way in which this relationship builds an indivisible discursive unit. The way in which the guitar acts in this three-dimensionality brings with it historical and sociocultural weight and transcends the idiomatic characteristic of the guitar. This type of action which we call guitarism, goes through processes of symbolization and representation, and allows certain sense assignments. To support this discussion we seek, in the first chapter, to trace a historical trajectory of plucked string instruments, emphasising in their relationship with the voice. In the second chapter we will observe that this trajectory has taken the guitar to a position in which its repertoire written for voice and guitar, demonstrates a specific and exclusive usage of the instrument. The implications of this usage are discussed in the third and last chapter, which without seeking definitive answers, unveils fundamental questions about the possibilities of guitarism.